Cultura

Doces e licores roraimenses ganham o mundo

Produtos artesanais receberam selo de autenticidade do Governo do Estado e agora aquecem o setor turístico

A produção de doces e licores do lavrado roraimense, fruto de pesquisa da professora da UFRR (Universidade Federal de Roraima), Isabel Leão, vai ganhar novos rumos. Com a criação de três polos de desenvolvimento regional do artesanato, esses produtos receberam um Selo de Autenticidade do Governo do Estado e agora estão organizados em kits, destinados à comercialização no setor turístico.

“Do mix de cheiros e sabores desse bioma, quis desfrutar da diversidade dos frutos do lavrado. Daí a ideia de transformar os frutos em licores e rapadurinhas para que chegassem ao paladar dos roraimenses e não roraimenses. Foi um jeito que busquei de valorizar o sabor regional e levá-lo para além das nossas fronteiras, na forma de souvenir”, detalhou Isabel. “Com o Selo de Autenticidade, os meus produtos ganharam credibilidade, legitimidade e ainda atestou a qualidade”.

Esses kits são vendidos ao preço de R$ 27, e vêm em uma embalagem de papel reciclado, com o mapa de Roraima vazado, levando a identidade do Estado para o mundo, por meio de turistas. 

O kit de doces do lavrado é composto por quatro barras de doce artesanal de frutas como açaí, buriti, cupuaçu, murici. E o de licores vem em três sabores, e tem até de pimenta. Já foram vendidos cerca de 238 kits de licores e 89 de doces.

O PROCESSO – Pesquisadora, a professora Isabel iniciou estudando o açaí, buriti, caju, cupuaçu, graviola, jaca, jambo, jenipapo, murici, pimenta, taperebá e tamarindo. Ainda pretende incluir ingá, azeitona (conhecida como jamelão, no Sudeste), araçá, goiaba, dão, jatobá e pitomba, que fazem parte da pesquisa realizada recentemente.

“Roraima precisava ter um produto que valorizasse essa riqueza da terra e que fosse para além das nossas fronteiras. Senti-me orgulhosa quando lembrei que poderia fazer a embalagem com o recorte da caixinha no formato do mapa do nosso Estado. As primeiras caixinhas foram recortadas à mão”, lembrou.

Otimista, Isabel acredita que a iniciativa contribuirá com o desenvolvimento do Estado, se focada na visão moderna de turismo por meio de um planejamento integrado e sustentável. 

O SELO – Como estratégia para difundir a comercialização dos produtos artesanais, o Governo do Estado, por meio do Detur (Departamento de Turismo), lançou o selo de autenticidade para produtos artesanais. 

“Precisávamos de algo que nos desse referência, que fosse a nossa cara para que as pessoas levem daqui produtos genuinamente roraimenses. Com o selo, temos um produto de lembrança do Estado que é autêntico”, ressaltou Ricardo Peixoto, diretor do Detur.

Os kits são comercializados a domicílio, no complexo de artesanato da Praça Velia Coutinho, em feiras, lojas de conveniências, lojas de artesanatos, floriculturas, hotéis, salões de beleza, instituições, praças e empresas. Encomendas podem ser feitas pelo telefone (95) 98111-4212.

Entenda os Polos 

O Governo de Roraima criou três polos de desenvolvimento para fomentar e orientar o setor de artesanato no Estado, denominados: Águas e Florestas da Linha do Equador; Extremo Norte e Savanas. A seleção assegura o aporte de recursos para o desenvolvimento de projetos. 

No caso de Roraima, o valor do convênio foi na ordem de R$ 200 mil, destinado para o custeio dos gastos com logística das capacitações, que tiveram início em outubro do ano passado.

Segundo Peixoto, esse é o reconhecimento do trabalho que vem sendo desenvolvido no Estado. “Concentramos nossas ações nessas três regiões turísticas. Fomos reconhecidos com esse projeto, como um dos que mais correspondem à realidade brasileira, ou seja, vamos onde o turismo está acontecendo. Isso mostra que estamos no caminho certo”, explicou.

OS MUNICÍPIOS – O polo Águas e Florestas da Linha do Equador abrange a região sul, por meio dos municípios de Caracaraí, Caroebe, São João da Baliza e Rorainópolis. O nome escolhido é alusivo às matas e rios que embelezam as cidades da região.

O polo Savanas Amazônicas, contempla os municípios de Iracema, Mucajaí, Boa Vista, Bonfim e Alto Alegre. O polo Extremo Norte, cobre os municípios de Amajari, Pacaraima, Normandia e Uiramutã. Para cada polo entra o município de acordo com suas afinidades culturais e regionais.

“Dessa forma fazemos com que os municípios se agreguem e trabalhem em conjunto, foi um jeito que encontramos para melhor trabalhar a parte regional”, explicitou Peixoto.

INSTÂNCIAS DE GOVERNANÇA – Dentro dos polos foram criadas instâncias de governança que vão gerenciar todos os municípios. Essas instâncias têm CNPJ, e vão gerir a região, auxiliando os artesãos a explorar o que cada uma tem de melhor.

Peixoto destacou que um dos objetivos do Turismo em Roraima é a geração de emprego e renda. “Estamos trabalhando há dois anos nesse projeto, discutindo com os municípios e parceiros. Estamos fazendo nosso papel, dando orientação técnica e institucional para o setor, para que essas pessoas consigam gerar emprego e renda”, argumentou.

Turismo roraimense apresenta crescimento 

No ano passado, Roraima aumentou sua presença no Mapa Nacional do Ministério do Turismo. O crescimento elevou de cinco para 12 o número de municípios roraimenses com potencial turístico. Além disso, o Governo de Roraima investiu em ações e políticas públicas que direcionaram a rota do turismo no Estado, proporcionando o desenvolvimento de vários segmentos.

Houve aumento de 38% no turismo internacional, 92% em ocupação aérea. No turismo interno, ocorreu um aumento de 18,6%, no segundo bimestre, com acúmulo de 50%, e 80% na ocupação hoteleira. Houve investimentos também na capacitação técnica e profissional, com duas mil novas vagas no Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) para o setor.

“Tivemos um aumento significativo. Apenas um terço dos municípios do Estado estava inserido no Mapa. Hoje, 12 dos 15 municípios foram acrescentados no Mapa do Ministério do Turismo”, explicou Ricardo Peixoto. “Em três anos, tivemos um avanço significativo. O turismo é uma prioridade do Governo. Nossa gestão foi a única que deu prioridade ao setor, com geração de emprego e renda num curto espaço de tempo”, ressaltou.

Por Rosi Martins