Cotidiano

Docentes da UFRR paralisam atividades para protestar contra a PEC 241

A manifestação em Roraima, e em todo país, coincide com o segundo turno da votação, na Câmara Federal, da PEC.

Impedir a retirada de direitos e preservar a capacidade do serviço público de garantir o mínimo de atendimento à população mais vulnerada. Essas são algumas bandeiras com as quais servidores públicos municipais, estaduais e federais, também movimentos estudantis, e sociedade civil organizada do Estado de Roraima – juntamente com os demais estados do país – saem às ruas para protestar contra a PEC 241/16.

Em Roraima, o protesto está marcado para segunda-feira, dia 24, com panfletagem às 7h, nas duas entradas de acesso à Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Às 9h, concentração no parlatório da UFRR para sair em carreata até a Praça do Centro Cívico, onde haverá uma estrutura montada para passar o dia inteiro em frente à Assembleia Legislativa.

Várias atividades vão ocorrer para chamar a atenção das pessoas. A programação seguirá até às 21h, com aulas públicas sobre o pacote de medidas que retira direitos, rodadas de conversas, apresentações de músicas, poesia e teatro.

Durante a programação do Dia Nacional de Luta, os manifestantes irão distribuir panfletos que explicam os impactos da PEC 241 na vida dos trabalhadores e da sociedade em geral. 

De acordo com os organizadores, a paralisação dessa segunda é mais uma atividade que pretende fortalecer nacionalmente às greves gerais em novembro.

“Todos são convidados a participar da carreata e da extensa programação do dia. A unidade entre todas as categorias de trabalhadores e comunidade em geral neste momento é muito importante. Não podemos permitir e, muito menos, ficar calados com a possibilidade de retirar mais ainda recursos da saúde, educação, que são necessidades básicas da população”, comentou a professora da UFRR, Vânia Lezan.

 A manifestação em Roraima, e em todo país, coincide com o segundo turno da votação, na Câmara Federal, da PEC.

Segundo o presidente do Sinter (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima), Ornildo Souza, o ataque ao povo brasileiro tende a rápida deterioração das garantias fundamentais do cidadão contidas nas reformas propostas pelo governo.

  “Se for aprovada essa PEC, os direitos gratuitos conquistados ao longo dos anos serão privatizados, ou seja, o Sistema Único de Saúde e Universidades gratuitas acabarão, ou seja, vamos pagar por serviços que hoje são gratuitos”, exemplificou.

A presidente da Sesduf-RR (Seção Sindical dos Docentes da UFRR), professora Sandra Buenafuente, faz um apelo a todos os cidadãos e cidadãs “essa votação é o começo da retirada dos nossos direitos, é a hora do povo ir às ruas e dizer que não está satisfeita e que não quer ser os primeiros a sofrer  com cortes de orçamento. Que é hora de dizer para os políticos que nós queremos que primeiro retirem as vantagens do mais poderosos e mais ricos, antes de fazer à população definhar sem recursos públicos, sem emprego, pois a falta de investimento terá consequência grandiosa. Menor dinheiro circulando, mais desempregos ocorrendo”, pontuou. 

Segundo ela, a PEC representa a reforma no ensino médio e a Lei da Mordaça nas escolas. O professor e o aluno não terá a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento.

“Será uma verdadeira mordaça para o livre pensamento”, completou Sandra.

O presidente da CUT-RR (Central Única dos Trabalhadores), Gilberto Rosas, corrobora sobre a importância da união de todos os roraimenses.

“É necessário toda a sociedade juntar-se para dizer que é preciso sim debater e construir propostas de governo para trabalhar o orçamento, os gastos públicos e os recursos do governo, porém é necessário que essa discussão seja de forma responsável, ampla e, sobretudo, dialogar e ouvir verdadeiramente os diversos setores, categorias e segmentos da sociedade”, enfatizou. 

Para o presidente da Assoer (Associação dos Estudantes de Roraima), Arlisson Nascimento, que está mobilizando centenas de estudantes para o ato público, ressaltou que a PEC afeta principalmente a população de baixa renda que não tem acesso ao ensino privado.

“Mas não deveria ter porque a educação não deve ser comercializada. Nós achamos que os investimentos devem ser cada vez maiores, a fim de atender de fato as pessoas de baixa renda, a classe trabalhadora e os estudantes na qual estamos inclusos”, avaliou.

Nascimento mencionou que a lei pretende tirar aproximadamente R$ 345 bilhões do orçamento público nesses 20 anos, o que significa redução de muitos gastos da educação e saúde.

“A melhoria no país só é feita por meio da educação. Para formar pessoas pensantes e traçar novos rumos na sociedade para que seja mais justa também só é possível pela educação”, frisou.

Ele lembrou que os investimentos para a UFRR terá cortes em 45% do orçamento, e com a aprovação da PEC 241 haverá mais cortes nas verbas para as universidades federais.

Outro fator preocupante é a redução na oferta de cursos superiores, construção de escolas e institutos federais.

“Com tanto impostos que o nosso povo paga, o nosso povo não pode ficar a mercê da sorte, limitando gastos com o setor público e investindo cada vez mais ao capital privado”, argumentou o presidente da Assoer.

Entidades Organizadoras

CSP Conlutas, CUT-Roraima, Andes, Sinasefe, Seduf-RR, UJC, STIURR, TST, Sinduerr, Sinter Roraima, Sintracomo, Sindsep-RR, Anel, Assoer, Unidade Classista. Aberto a participação de mais público.