Polícia

Detentos tentam fazer agente refém e deixam clima tenso na Penitenciária

Tentativa de puxar um agente penitenciário para fazê-lo refém foi contida, mas familiares de presos se recusaram a sair do presídio

O clima foi de muita tensão na tarde deste domingo, 04, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na zona rural de Boa Vista. Por volta das 15h30, durante a visita de familiares que acontecia desde as 8h, alguns detentos forjaram um plano para tentar fazer um agente penitenciário de refém, no entanto, houve reação rápida por parte dos policiais militares que fazem a guarda da unidade prisional e de outros agentes.

A Folha entrou em contato com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de Roraima (Sindape), Lindomar Sobrinho, que confirmou as informações de que detentos tentaram iniciar uma rebelião puxando o agente penitenciário na tentativa de fazê-lo refém. Para chamar a atenção do agente, os presos começaram a gritar, pedindo que abrisse o portão para que algumas crianças e mães saíssem, uma vez que o dia de visita era destinado aos filhos dos presidiários.

Quando o agente aproximou-se e abriu o portão, ele foi puxado por alguns presidiários, mas conseguiu escapar mediante a reação de outros agentes penitenciários e da Polícia Militar. Havia a informação de que o agente teria sido mantido refém pelos presos, o que foi descartada pelo presidente do Sindape. “Os presos agarraram o chefe de plantão, tentaram puxá-lo para dentro do cadeião, porém o outro agente de forma efetiva e eficiente agiu salvando a vida do servidor, mas ele não foi feito refém como divulgaram”, explicou.

Viaturas da Força Nacional de Segurança (FNS), do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Grupo de Intervenção Tática (Git) entraram na unidade prisional a fim de evitar qualquer rebelião dos presos e garantir a segurança de todos os que estavam nas dependências, inclusive das crianças e mulheres que ainda permaneciam na área interna do presídio, as quais negaram o pedido para que saíssem. “Os familiares recusaram-se a sair, alegando que os detentos estão sob pressão, no entanto, nosso papel é tirar os familiares e estabelecer a ordem. As famílias tumultuam o nosso serviço, muitos deles estão instigando essa situação. Por causa disso, alguns foram encaminhados à delegacia e outros ainda serão conduzidos por desobediência e desacato”, disse Sobrinho.

Para evitar aglomerações de curiosos e familiares, a PM montou uma barreira logo nos primeiros metros da estrada que dá acesso à Pamc, de modo que não houvesse um número excessivo de pessoas em frente ao portão da penitenciária. Mesmo assim, era possível avistar um grande número de visitantes deixando o presídio, mas que preferiram permanecer do lado de fora e aguardar informações acerca da operação que a polícia iria realizar.

“Os presos deveriam voltar para a cela e as famílias irem embora, porque o horário de visita já estava encerrado. Mas muitos ficaram no cadeião, rebelados. Queremos deixar claro que os familiares não sofreram qualquer pressão, nem deixamos ninguém preso. Eles é que se recusaram a sair. Não podemos usar de força porque tem crianças e recém-nascidos. Nesses casos, temos que esperar sair, eles não podem ficar. Os que resistiram foram levados para a delegacia”, destacou o presidente do Sindape.

Somente no começo da noite de ontem, depois de muitos pedidos dos policiais, os últimos familiares saíram de dentro da Pamc para que a ordem fosse reestabelecida no local. Os detentos foram trancados nas celas novamente. Ninguém ficou ferido.

SEJUC – A Folha entrou em contato com o Governo de Roraima para saber que medidas a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) iria adotar sobre a ocorrência e sobre os detentos que atacaram o agente. Por meio de nota, informou que o Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe) nega que houve rebelião, assim como também nenhum agente penitenciário foi feito refém por detentos. (J.B)