Polícia

Cúpula de segurança do Estado aponta causas de fuga em massa

Gestores estaduais atribuíram fuga a falta de fiscalização na fronteira e omissão da Força Nacional

Em coletiva de imprensa, realizada na tarde de ontem, dia 19, no prédio da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), representantes da Polícia Militar, Polícia Civil, Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e da Sejuc tentaram esclarecer as causas da fuga, além de definir as estratégias de captura dos foragidos e apontar que o fato tem relação direta com o crime organizado. 

Na ocasião, foi discutido o papel do Governo Federal no que se refere ao endurecimento das fiscalizações de fronteira, uma vez que armas e criminosos venezuelanos estão entrando no Brasil.

Outra proposta da Sejuc, anunciada anteriormente, é que agentes da Força Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) substituam a Força Nacional de Segurança (FNS), para aumentar a vigilância interna das unidades prisionais. “A Força Nacional vem para Roraima com suas funções predeterminadas, não pode adentrar em presídio durante rebelião, não pode subir em guarita porque não tem ordem para tal, não faz radiopratrulhamento na cidade. A ordem é apenas fazer o patrulhamento no entorno do prédio da penitenciária”, revelou o comandante da Polícia Militar, coronel Edison Prola.

O secretário Ronan Marinho comentou que da saída do túnel para onde a viatura da Força Nacional deveria estar são menos de 50 metros. “Não quero desmerecer a instituição e nem demonstrar ingratidão, mas com essas restrições na atuação, não serve. Por isso estamos pedindo a substituição”, complementou.

Conforme a secretária de Segurança Pública, delegada Giuliana Castro, as polícias fazem o enfrentamento de forma eficaz ao crime organizado, considerando que Roraima que é um Estado estratégico por conta de suas fronteiras. “Hoje em dia, vemos a facilidade com que a população da Venezuela tem acesso a armas, por isso temos que intensificar o controle da fronteira, mas essa é uma responsabilidade do Governo Federal. Nós, do Governo do Estado, temos assumido essa responsabilidade de uma maneira bastante eficaz, mas esse não é o nosso papel. Precisamos desse apoio para fazer frente ao aumento da criminalidade”, observou.

Conforme a delegada-geral de Polícia Civil, Edinéia Chagas, a fuga é peculiar tanto pela quantidade quanto por seu objetivo. “Infelizmente a organização criminosa no Estado de Roraima é uma realidade, mas vem sendo nutrida ao longo de quase oito anos e infelizmente não foi feito nada lá atrás. É por isso que nós estamos colhendo péssimos frutos agora”, enfatizou.

A delegada ainda ressaltou que, sabia que a fuga aconteceria nessa mesma proporção, por causa das reiteradas tentativas e seus orquestramentos, tendo em vista que há uma logística que trabalha dentro da unidade prisional e outra que atua fora do presídio. “Esse tipo de logística pressupõe investimento não somente do Governo do Estado, mas também do Governo Federal. Os relatórios que se tornam inquéritos provam que existe a penetração de arma vinda da Venezuela e que há venezuelanos no crime organizado”, finalizou Chagas. (J.B)

Comandante da Polícia Militar declara guerra ao crime organizado

O comandante da Polícia Militar, coronel Edison Prola, declarou guerra às facções criminosas de Roraima durante a coletiva de imprensa realizada na sede da Sejuc (Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania), na tarde de ontem, dia 19. A ordem é repelir as ações dos criminosos e, em caso de ataques, os militares devem revidar sem medo.

“Quero conclamar a população que nos ajude na captura desses bandidos. Que eles voltem para trás das grades, que é o lugar deles. Digo aqui e repito mais uma vez: marginal que trocar tiro com a PM vai tomar tiro. Se vai ser baleado, se vai para o hospital ou cemitério, eu não sei, mas vai ter resposta à altura. Quero tranquilizar a população, dizer que a Polícia Militar está na rua e vamos, em pouco espaço de tempo, colocar esses presos atrás das grades”, garantiu o comandante.

Em relação à fuga, o coronel contou que o trabalho da Polícia Militar é mapear os locais onde os presos estão escondidos. Equipes fazem buscas pela região de lavrado, cercando o Rio Cauamé. “Já temos a experiência dos locais por onde eles passam. Fizemos convocação dos nossos policiais que estavam na folga para aumentar o número de policiais nas ruas, reforçando as viaturas para darmos uma pronta resposta no que se refere a recaptura desses marginais”, destacou. (J.B)

Polícia Civil vai investigar omissão da Força Nacional durante fuga

A Polícia Civil vai instaurar procedimento para apurar a responsabilidade de todos os envolvidos na fuga de detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, incluindo a Força Nacional de Segurança, que está em Roraima há um ano com a atribuição de realizar o patrulhamento externo do presídio.

De acordo com a delegada-geral, Ednéia Chagas, o procedimento vai apurar a responsabilização dos agentes da Força Nacional, dos criminosos que se evadiram, das pessoas que agiram fora do presídio para garantir a fuga e dar esconderijo aos foragidos. “Vamos apurar a responsabilidade de todos os envolvidos nessa fuga, seja por ação ou omissão e encaminhar para a Justiça”, informou.

Ao ser questionada se havia ou não agentes da Força Nacional no perímetro externo do presídio no momento da fuga, a delegada-geral explicou que essa é justamente uma das questões que o inquérito vai apurar.