Cotidiano

Crise faz venda e aluguel despencarem

Houve redução de 25% na venda de imóveis e 30% no aluguel de casas e apartamentos

A crise na economia influencia não apenas a queda no consumo das famílias e o aumento no preço de alimentos e serviços. As transações imobiliárias em Roraima também se deparam com os efeitos negativos da estagnação econômica. De acordo com dados do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Roraima (Creci), no primeiro semestre deste ano houve redução de 30% nas negociações para locação e 25% para vendas de imóveis em comparação ao mesmo período de 2015.

A diminuição do poder aquisitivo diante das perdas inflacionárias é um dos motivos apontados pela delegada do Creci, Rosmery Malinowski, para o agravo da crise no setor. Segundo ela, são inúmeras as consequências negativas decorrentes do quadro de recessão. A instabilidade e o alto índice de juros para financiamentos de casas e apartamentos novos e usados também fizeram com que a procura despencasse.

Para Rosmery, as pessoas estão esperando superar o momento de turbulência econômica para voltarem a investir no mercado imobiliário. “Quem pensava em morar sozinho, agora prefere continuar com os pais ou dividir aluguel até que a economia volte a apresentar sinais de melhorias”, disse ao comentar que o mesmo ocorre com quem desejava adquirir imóveis. “As pessoas estão mais precavidas, principalmente no que diz respeito aos altos juros”.

Ela disse que os dois primeiros meses do ano representam o período com maior procura por imóveis, tanto para locação quanto para aquisição, devido ao aumento no número de pessoas que chegam transferidas de outros estados do Brasil. Mesmo assim, Rosmery considera que este ano não aconteceu o aquecimento esperado para o setor imobiliário.

“As vendas de imóveis caíram. Além disso, hoje em dia é possível uma unidade demorar até três meses para ser alugada, enquanto que no passado a demora era de aproximadamente 30 dias”, frisou ao lembrar que este não é apenas um problema de Roraima.

Disse que nas regiões mais populosas do País, alguns proprietários de apartamentos adquiridos ainda na planta de projetos de grandes construtoras estão devolvendo unidades por não terem condições de arcar com as prestações. “É um problema nacional por perda do emprego ou por qualquer outro motivo”.

Para driblar os efeitos negativos da crise, ela disse que os proprietários de imóveis e as imobiliárias estão preferindo não reajustar o valor do aluguel anualmente, com base no Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM), conforme prevê os contratos de locação. Citou como exemplo uma casa no Paraviana, zona Leste, que foi desocupada e antes estava alugada por R$ 1.350,00. Com o reajuste, o valor mensal ficaria em torno de R$ 1.500,00, para a residência que possui dois quartos, sendo uma suíte, banheiro social, sala, cozinha, área de serviço e garagem.

“Para facilitar as negociações e a casa não ficar fechada, o valor do aluguel permanecerá o mesmo”, frisou. Essa é uma estratégia não apenas para que a casa ou apartamento fique sem inquilinos. A ideia, segundo ela, é evitar a depredação natural do imóvel desocupado e ônus que são gerados ao proprietário, como as despesas de água e energia.(A.D)