Cotidiano

Cresce número de casos de malária em Roraima

As mudanças nas gestões municipais teriam gerado também a troca dos agentes de saúde, o que acabou afetando os serviços nas cidades

As eleições municipais de 2016 afetaram os índices de malária em Roraima: pode ser a primeira vez em dois anos que o número de casos tem aumento. Por causa da mudança da gestão das secretarias e consequentemente, dos agentes de Epidemiologia e Entomologia, o combate aos mosquitos ficou comprometido entre os meses de setembro de 2016 e janeiro deste ano. Essa é avaliação do Departamento de Vigilância Epidêmica da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde).

Conforme dados do setor, em 2015, haviam sido notificados 5.966 casos de malária em Roraima, e 5.597 em 2016. Mas, somente neste primeiro trimestre de 2017, já foram confirmados 3.483 casos da doença.

A diretora do Departamento, Luciana Grisoto, explicou que como os novos profissionais precisaram se adequar ao trabalho, Roraima ficou mais suscetível à circulação do mosquito Anopheles, transmissor da doença.

“A gente tem ainda um grande problema, que também ocorre em outros estados, que são os casos importados. No nosso caso, recebemos imigrantes de outros estados brasileiros e também de outros países [Guiana e Venezuela], sendo a Guiana de onde vem a maioria dos casos de malária em Roraima. Mas, a grande entrada de venezuelanos pelo município de Pacaraima, norte do Estado, também aumentou o número de casos da doença por aqui, pois ficamos com falta de medicamentos naquele município”, comentou.

Para recuperar o tempo perdido, uma das atitudes da Sesau foi reforçar a parceria com a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena de Roraima), para que haja constantemente a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da malária junto às populações indígenas. “Também estamos preparando um relatório para pedir um excedente de remédios para o Ministério da Saúde, que costuma enviar uma quantidade certa para cada estado, conforme a incidência da doença entre os habitantes”, explicou.

CAMPANHA – O Ministério da Saúde havia anunciado no último dia 25 de abril, Dia Mundial da Malária, que faria uma campanha publicitária incentivando o combate à epidemia, para ser veiculada no país inteiro. Luciana Grisoto comentou que como Roraima já faz parte da região endêmica (99% dos casos de malária são notificados dentro da Amazônia, que engloba todo o Norte do Brasil), não há ações promocionais programadas para o Estado.

“Nós já fazemos ações rotineiramente. Além disso, temos uma meta de reduzir totalmente os casos de malária no estado, que vamos recuperar agora que as gestões já estão consolidadas”, justificou.

DOENÇA – Existem três tipos de malária, pois são três espécies diferentes do parasita do gênero Plasmodium que podem causar a doença quando a pessoa é picada pelo mosquito Anopheles.  Os sintomas podem incluir calafrios, febre alta (de três em três dias ou dois em dois dias), dores de cabeça, suor excessivo, alucinações sensoriais e de desorientação. Existe ainda a malária cerebral, que começa com os sintomas anteriores, acrescidos de sono excessivo ou excitação, convulsões e vômitos, resultando até mesmo em coma.

Não existe vacina. A prevenção é através de repelentes contra o mosquito, uso de mosquiteiro e eliminação dos criadouros. Na primeira suspeita, os postos de saúde devem ser procurados para que sejam feitos exames parasitológicos, ou testes rápidos. Luciana Grisoto explicou que Como Roraima fica na região endêmica, a chance de encontrar agentes familiarizados com a doença e obter tratamento eficiente é maior, que em estados onde a malária é incomum. (NW)