Cotidiano

Comerciantes reclamam de ocupação desordenada ao lado da rodoviária

Venezuelanos aproveitam lanchonetes fechadas durante o dia para montar barracas e fazem suas necessidades ao ar livre

Comerciantes da área de alimentação instalados ao lado da Rodoviária Internacional de Boa Vista José Amador de Oliveira, localizada no bairro 13 de Setembro, zona sul, reclamaram do acampamento montado por venezuelanos ao lado dos restaurantes. Segundo eles, os estrangeiros montaram barracas, um varal de roupas e fazem a higiene pessoal ali próximo, afastando os clientes e afetando o faturamento dos empresários.

Conforme a comerciante Alessandra Chagas, proprietária de um restaurante no local há quase dois anos, a situação iniciou há cerca de cinco meses e se agrava a cada dia. O número de imigrantes no local aumenta desordenadamente. Eles se abrigam no lugar, mas não se preocupam com o ambiente, sujam tudo, usam o único banheiro que tem para os clientes praticamente 24 horas. Pontos comerciais que só funcionam à noite, como lanchonetes, durante o dia servem para secar roupas e até para fazer necessidades fisiológicas.

“Tenho restaurante aqui e estou insatisfeita com a situação. Os venezuelanos estão tomando de conta da área ao lado e até dos estabelecimentos que só abrem à noite. Com isso, só estamos perdendo clientes”, comentou, ao frisar que as pessoas que comercializam comidas no local já tentaram resolver o problema.

A Polícia Militar e Federal foi acionada por várias, mas os policiais militares informaram que não podem fazer nada por não ser competência deles. Já os policiais federais orientaram os comerciantes a fotografarem o dia a dia dos venezuelanos e encaminharem fotos à Superintendência da Polícia Federal em Roraima, procedimento realizado pelos comerciantes, mas até o momento nada foi resolvido.

Segundo Ritiane Texeira, também comerciante, o rendimento do empreendimento dela caiu cerca de 30% diariamente por conta da presença e atitudes dos venezuelanos no lugar. “A situação é preocupante. O movimento tem caído muito e já não sabemos o que fazer”, salientou.

PREFEITURA – A Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) informou, por meio de nota, que a equipe da fiscalização notificou o proprietário da estrutura metálica abandonada próxima à rodoviária, que está servindo como moradia dos venezuelanos, para que ele ocupe o espaço ou retire a estrutura.  Ficou acordado que ele irá ocupar o espaço.

Na área social, a Prefeitura frisou que tem promovido abordagens sociais de rua a fim de fazer a orientação e encaminhamentos necessários, porém, a inclusão em programas e projetos sociais requer a regularização.

GOVERNO – A Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado esclareceu, por meio de nota, que o Centro de Referência ao Imigrante (CRI) foi criado justamente com a intenção de oferecer espaço seguro e de passagem para os venezuelanos que estão em processo imigratório. “Entretanto, deve-se levar em consideração que eles não são obrigados a frequentarem o local e o acesso e permanência deve ser de forma espontânea”, frisou.

O CRI, que está funcionando no Ginásio Poliesportivo do Pintolândia, na zona oeste, abriga 243 imigrantes, dos quais 38 são não índios, mas este número não é fixo, variando conforme a saída e chegada de novas pessoas.

A Defesa Civil informou que as pessoas que chegam ao Estado em situação de vulnerabilidade são acolhidas, mas elas têm um período de um mês para permanecer no abrigo. Há situações em que esse tempo é estendido. Porém, após os 30 dias, a maioria consegue algum emprego e se retira do Centro.

A Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) informou que realiza a matrícula de alunos venezuelanos, mesmo sem a documentação completa. É dado um prazo de 60 dias para que a situação seja regularizada, mas enquanto isso, o estudante já assiste às aulas.

POLÍCIA FEDERAL – A Folha tentou por diversas vezes contato com a assessoria de comunicação da Superintendência da Polícia Federal em Roraima, mas até o final desta matéria não obtivemos retorno.