Cotidiano

Comerciantes reclamam de goteiras e de ambulantes venezuelanos

EMHUR diz que fiscalização atua de forma igualitária, independente da nacionalidade do autuado ou da natureza do produto

Goteiras e vendedores ambulantes que estariam persuadindo clientes a evitar realizar compras em comércios fixos. Essas são as duas principais reclamações vindas de comerciantes que estão instalados no Terminal de Ônibus Urbano José Campanha Wanderley, situado na Rua Barreto Leite, no Centro.

A equipe de reportagem da Folha esteve no local, e conversou com alguns dos feirantes sobre como eles convivem com os problemas que, para eles, já parecem naturais do ambiente. Alguns optaram por não se identificar, por medo de sofrer possíveis represálias.

Uma dessas comerciantes relatou que, quando começa a chover, sai correndo com a mercadoria. “Tem dia que a água chega a escorrer pela rampa até aqui. Saímos correndo quando isso acontece e levamos nossa mercadoria. O pior é que já fizeram uma reforma aqui recentemente, mas depois dela parece que apareceu mais goteiras!”, relatou.

Outro comerciante, que optou por ser identificado apenas como Rodrigo, explicou que o período de inverno dificulta as vendas com o recorrente problema dos buracos no teto do terminal. “Não quero recriminar ninguém, mas vejo que ninguém está ligando para nada aqui. O problema das goteiras não é recente, mas parece que tem mais hoje em dia. Na semana passada, quando choveu bem forte, não tivemos condições de continuar aqui, pois ficou tudo alagado”, afirmou.

José Aguiar, que também é comerciante, explicou que já virou hábito usar um plástico na hora da chuva para proteger as balas e doces que vende. “Essa goteira começou esse ano mesmo. Já sei exatamente onde cai, então não deixo bombons nesse espaço. Mesmo assim, sempre é bom prevenir. Então eu saco aqui o plástico e já fico esperto para não correr risco de perder minha mercadoria”, alegou.

Sobre a vinda de ambulantes venezuelanos, a comerciante Cléia dos Santos relatou que é comum os ver transitando pelos comércios, sempre com o propósito de atrair clientes desses locais. “Eu mesmo não faço nada contra os venezuelanos, pois tenho outro emprego. Então aqui não é meu único sustento. Mas eu vejo o desespero e a indignação de quem depende do lucro daqui”, explicou.

Outra vendedora, que também optou por não ser identificada, comentou que costuma observar os ambulantes venezuelanos que praticam esse tipo de atividade, e conta que fica atenta para, caso um deles esteja muito atento aos clientes em proximidades, mandar ele sair correndo. “Eu pago para ter esse comércio aqui. E me vejo concorrendo contra pessoas que não fazem isso. Por isso, toda vez que um desses aparece aqui, eu espanto na hora. Geralmente eles ficam olhando clientes que parecem estar observando certos produtos dos comércios e já correm até eles oferecendo aquele tipo de produto. Isso ocorre não apenas aqui na parte de baixo, mas em todo o Terminal”, frisou.

OUTRO LADO – A Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente informou, por meio de nota, que enviará um engenheiro até o local hoje, 20, para avaliar a situação do espaço, para que então possa ser planejada uma manutenção.

A Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (EMHUR) reforçou que tem um trabalho permanente para coibir o comércio irregular em Boa Vista. A fiscalização atua de forma igualitária, independente da nacionalidade do autuado ou da natureza do produto.

“Em razão da grave crise que o país vive, a EMHUR entende que muitas pessoas buscam na informalidade um meio de sobrevivência, porém, não tem medido esforços para fiscalizar e disciplinar os espaços públicos de modo a promover a melhoria da qualidade de vida de todos e promover o desenvolvimento econômico da cidade”, concluiu a nota. (P.B)