Cotidiano

Com receio de ameaças de morte, agentes paralisam serviços na Cadeia Feminina

Sindicato dos Agentes Penitenciários recebeu informação de que um extermínio estaria sendo planejado

Os agentes penitenciários que atuam na Cadeia Pública Feminina de Boa Vista decidiram paralisar totalmente as atividades na unidade prisional. A medida foi tomada por conta da denúncia de uma possível ação de extermínio de servidores e de detentas na unidade, em razão de um conflito entre facções criminosas inimigas.

A categoria também suspendeu as suas tarefas por conta do descontentamento com as condições de trabalho e em protesto pela morte do servidor Alvino Mesquita, na noite de quinta-feira, 20, durante o aniversário da filha de seis anos, no bairro Senador Hélio Campos.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de Roraima, Lindomar Sobrinho, a categoria se sente abandonada pelo Governo do Estado. “Há mais de três anos, nós estamos cobrando segurança externa da unidade prisional, melhoria na estrutura, aquisição de armamento, equipamentos, viaturas, pedimos também aumento do efetivo com um concurso para a categoria. Estamos em uma situação de total esquecimento. O estopim foi a morte do nosso companheiro, mas já tínhamos muitas medidas acumuladas. Nós estamos padecendo. A ausência de ajuda deixa as nossas vidas em uma vulnerabilidade muito maior”, avaliou o presidente.

Sobrinho lembrou que os agentes penitenciários que atuam em outras unidades prisionais, como a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), Cadeia Pública de Boa Vista e a Cadeia de São Luiz, paralisaram as atividades desde a sexta-feira passada, 21.

Ele citou ainda que recebeu informações de que um extermínio estava sendo planejado contra agentes e detentas da Cadeia Feminina. “Está havendo ameaças de tomar os agentes de refém, de tomada da carceragem, de executar o plantão e executar algumas presas lá. Isso aí é planejamento de facção. Como o Estado não está fazendo a segurança externa, nós estamos fazendo. Porém, não vamos realizar nenhuma atividade lá dentro. Nós estamos restringindo o acesso do público externo à unidade prisional para cuidar da nossa seguridade. Nós estamos cobrando a construção da muralha e do retorno imediato da segurança externa, que é executada pela Polícia Militar”, informou Sobrinho.

O presidente destacou que, com o retorno da segurança externa, as atividades já poderão ser retomadas na Cadeia Feminina. “Esse é o primeiro passo. Em seguida, uma resposta sobre as demais atividades”, reforçou.

“Os cidadãos de bem são maioria em Roraima. A população não pode ser vencida por menos de um décimo da população que se enveredou pelo mundo do crime. A sociedade de Roraima é maior que isso. Precisamos reagir. O Governo do Estado, a bancada federal e a sociedade precisam reagir a isso nos ajudando a cobrar. Nós somos maiores do que o crime”, finalizou Lindomar Sobrinho.

GOVERNO DO ESTADO – Em nota, a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que a foi notificada na manhã de terça-feira, 25, sobre a paralisação e, até o fim da tarde de ontem, não havia concluído a leitura do documento encaminhado pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários.

Além disso, a Sejuc também informou que o Governo do Estado tem mantido o diálogo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários para garantir as condições de segurança necessárias para o funcionamento da unidade e já está tomando todas as medidas para findar, o quanto antes, a paralisação.

Quanto aos armamentos, a Sejuc afirmou que, em janeiro deste ano, foi protocolado pedido de aquisição de armamento junto ao Departamento de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro e que até o momento aguarda resposta.

“Em relação à guarda externa da Cadeia Feminina, a governadora Suely Campos já determinou a alocação da guarda por parte da Polícia Militar do estado. Agora o Comando Geral da Polícia Militar está estudando a melhor maneira de remanejar policiais para atender à solicitação”, finalizou a nota. (P.C)