Cotidiano

Com ambulâncias quebradas, remoção de pacientes é feita em veículo irregular

Por conta da falta de ambulâncias, a remoção de pacientes que residem no município de São João da Baliza, localizado na região sul, estaria sendo feita em veículos irregulares. A denúncia foi feita pelo presidente do Sindicato dos Motoristas Condutores de Ambulâncias do Estado de Roraima (Sindmcaerr), Robson Avelino.

À Folha, o sindicalista contou que os veículos encontram-se parados sem manutenção há cerca de dois anos. Para não deixar a população desassistida, os trabalhos realizados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) daquele município estariam sendo realizados por veículos irregulares, o que aumenta ainda mais o risco à saúde dos pacientes.

“Na sexta-feira, 23, por volta das 20 horas, os condutores de ambulâncias de lá foram chamados para fazer a remoção de uma gestante, que precisava ser transferida de Baliza para Boa Vista. Aconteceu que, durante o trajeto, houve o capotamento da caminhonete que foi utilizada para essa ação. Além de ser um veículo que não está adaptado para a realização desse tipo de serviço, os pneus dessa picape estavam carecas, o que contribuiu para o acidente que, por sorte, causou apenas ferimentos leves nos ocupantes”, disse.

Dados do próprio sindicato afirmam que, somente no ano passado, o Samu de Baliza recebeu do Governo Federal uma verba de R$ 187.687,50, o que corresponde a aproximadamente R$ 17 mil por mês. Esse valor, segundo Avelino, é destinado única e exclusivamente para a realização de manutenção das duas ambulâncias que atendem a população daquela localidade.

“O programa Samu é tripartite, ou seja, há contrapartidas também do Estado e do Município. Pelas regras, as verbas em percentuais ficam divididas em 50% para o Governo Federal, 25% para o Governo do Estado e 25% para a Prefeitura. O Governo Estadual repassou R$ 46.921,87ao Samu no ano passado, enquanto que o Município, na maioria das situações, fica encarregado apenas da mão de obra do serviço. Então, com todo esse valor, a gente não entende o porquê de essas duas únicas ambulâncias que atendem Baliza ainda estarem paradas”, questionou.

Ainda segundo Avelino, o Governo Federal repassou verbas que já somam R$ 68.250,00 neste ano. Para ele, a má gerência dos recursos seria a única explicação para situação continuar na mesma. “Fizemos uma verificação e ficou constatado que o Governo Federal continua a realizar o repasse dessas verbas, algo em torno de pouco mais de R$ 17 mil para cada mês, fora as verbas do Governo do Estado. Então não há uma explicação para essas ambulâncias estarem paradas, porque dinheiro tem”, completou.

SUCATEADAS – Robson Avelino citou que o problema não se restringe ao município de Baliza. “O sindicato já vem há tempos alertando sobre essa situação. Hoje, 60% de todas as ambulâncias do Samu no estado de Roraima estão quebradas por falta de manutenção. São viaturas sucateadas, com pneus carecas, sem condicionador de ar funcionando, pára-brisas trincados, entre, outros problemas. Se elas tivessem manutenção preventiva, como manda a lei, dificilmente quebrariam”, salientou.

SESAU – Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu que todos os municípios do Estado possuem ambulâncias do Samu, responsáveis pelas remoções de pacientes para a capital em casos de urgência e emergência, e que a manutenção destes é de responsabilidade das gestões municipais.

A Sesau destacou ainda que para complementar os serviços que são desenvolvidos pelo Samu, o Governo do Estado vai disponibilizar uma ambulância nova em cada município para ficar à disposição das unidades de saúde. “O processo de licitação está em andamento e a Sesau está empenhada para concluir os trâmites burocráticos com agilidade para que estes veículos sejam disponibilizados o quanto antes para a população”, informou.

PREFEITURA – A Folha também tentou contato com a Prefeitura de São João da Baliza, mas até o fechamento desta matéria, às 15 horas de ontem, 25, não obteve resposta (M.L)