Política

Cientista político diz que mudanças só podem ocorrer por vontade da população

Com o início das movimentações e especulações de quem poderá se candidatar nas eleições do próximo ano, o cientista político e professor da UFRR (Universidade Federal de Roraima), Roberto Ramos, fez uma análise do cenário político atual, durante o programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020, neste domingo, dia 8.

Para o cientista, as mudanças tão clamadas pela população, devem ser originadas do próprio povo, assim que entenderem a importância da escolha de representantes e em quem devem depositar a confiança e o voto.

“O eleitor tem uma responsabilidade no sentido de poder se colocar abertamente na observação dos fatos e fazer a escolha política. Um eleitor que escolhe um político mesmo sabendo que ele é desonesto, não pode criticar.

Uma coisa é votar sem saber, mas votando repetidamente, mesmo sabendo dos fatos, mostra que aceita a conduta do político. Quando há essa situação, meio de uma parceria não explícita, gera o fortalecimento daquilo que a gente está combatendo que é a corrupção”, analisou.

Outro ponto levantado pelo cientista é a escolha do político pelo lado emocional, pela pessoa em si, e não conforme as atitudes no cenário, sem a população se preocupar o suficiente para pesquisar as propostas do então candidato ou experiência de trabalho.

“Tem uma série de pessoas que se deixam levar pelos discursos antes de perceber a realidade e quando percebem a realidade, não aceitam mudar porque é mais confortável ficar no discurso. Isso é muito negativo para o ato político. A gente pode ter um caráter emocional, mas a política é racional. Eu reforço a ideia de que há uma conivência entre o eleitor, que sabe que o outro ou a outra tem as demonstrações corruptas e escolhe não entender a importância desse ato, e sim, o gosto pessoal”, declarou.

Apesar do cenário negativo, o cientista afirmou que ainda é possível ter esperança e reforçou que a corrupção não é algo enraizado somente no país, como muitos acreditam. “A corrupção da forma generalizada não é algo típico dos países em desenvolvimento ou do Brasil. É do mundo inteiro. A diferença fica no combate, o processo de punição para quem faz”, frisou.

PRÓXIMAS ELEIÇÕES – Candidato a prefeito de Boa Vista nas últimas eleições pelo PT (Partido dos Trabalhadores), o professor Roberto Ramos se desfiliou da sigla recentemente, segundo ele, por não concordar com algumas atitudes da sigla e atualmente se encontra sem filiação partidária.

“Eu acompanhei de perto a política de educação do Partido dos Trabalhadores e não se pode negar que foi uma ação séria de investimento na população, de acesso à educação, ampliação das universidades, dos centros de pesquisa, institutos federais. Isso foi um fator importante para a escolha na época da candidatura. Mas tem essa questão de como o partido conduziu suas políticas. Algumas delas eu não concordo e tem também outras questões, de grupos internos. Eu achei que o espaço que poderia ser dado de mudança não foi adequado, então, melhor seguir por outro caminho”, explicou.

Sobre a possibilidade de concorrer a algum cargo político nas próximas eleições, o professor informou que, no momento, a ideia não está entre os seus planos, porém, não descarta a possibilidade. “É preciso ainda avaliar que tipo de contribuição se pode dar”. (P.C.)