Cotidiano

Chuva forte provoca alagamentos e bolsões d’água em Boa Vista

Vias tradicionais como Brigadeiro Eduardo Gomes, Ville Roy, Benjamin Constant e Santos Dumont ficaram cobertas de água

Com a intensificação do período chuvoso, uma série de problemas acontece em Boa Vista. Os mais comuns são ruas esburacadas e o acúmulo de água nas vias, dificultando a locomoção, o trânsito e gerando prejuízos para donos de veículos e empresários. Na madrugada de ontem, 19, a chuva não deu trégua e continuou pelo resto do dia.

No início da tarde de ontem, a chuva ficou mais forte e deixou diversas ruas e avenidas alagadas. Vias tradicionais como Brigadeiro Eduardo Gomes, Ville Roy, Benjamin Constant e Santos Dumont ficaram cobertas de água, dificultando o tráfego de carros, motos e pedestres.

Para o taxista Adalberto Macedo, os lugares mais prejudicados nessa estação estão na periferia, que na maioria das vezes não possuem uma infraestrutura adequada. “A situação é crítica, um dos prejuízos que nós taxistas geralmente temos durante o inverno é o desgaste da suspensão do veículo, isso vale para todos que possuem carro. Eu prefiro deixar para trocar somente quando acaba o inverno, caso contrário teríamos que efetuar a troca duas vezes ou mais”, disse.

De acordo com Adalberto, o movimento de pessoas indo às ruas diminui com a chegada das chuvas. “As pessoas deixam de sair para fazer compras nessa época do ano, o que gera certo dano financeiro para motoristas que trabalham com locomoção como eu. Acabamos perdendo clientes, fica mais difícil para lucrar e ainda temos os prejuízos com os carros que ficam danificados por causa das ruas de nossa cidade”, comentou.

A empresária Raquel Souza reclamou da poça d’água que se forma em frente a sua lanchonete, na avenida Santos Dumont, e permanece mesmo após a chuva. “Os clientes querem estacionar, porém não tem como, acabam tendo que deixar o carro na frente da loja ao lado. E ainda têm os carros que passam em alta velocidade e acabam jogando a água para dentro do meu estabelecimento”, relatou.

A empresária afirma que se sente prejudicada durante as chuvas. “Além das pessoas deixarem de parar na minha lanchonete, essa água parada acaba proliferando mosquitos. Com o inverno, há uma grande quantidade de moscas e isso tudo contribui para a reprodução delas. As pessoas que vêm lanchar deixam de sentar na parte da frente, pois sentem medo de serem molhadas”, informou Raquel.

Na rua Adolfo Brasil, no bairro São Francisco, há uma clínica de saúde que passa pela mesma situação. De acordo com os funcionários da clínica, a frente da empresa fica alagada todo inverno. Nessa área há um lago formado pela água da chuva, prejudicando pedestres e motociclistas que passam pela via. 

“Todo inverno fica dessa forma, inclusive havia um buraco no meio dessa água há duas semanas e, como a água o tampava, estava perigoso, podia causar algum acidente, porém a prefeitura o tampou na terça-feira, mas nada foi feito com relação à água parada. O maior prejuízo para a nossa clínica é a falta de bem-estar dos pacientes que chegam e muitas vezes têm receio de serem enlameados pelos carros que passam”, disse a técnica de enfermagem, Jhenne Lucena.

OUTRO LADO – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que as equipes da Patrulha da Chuva estão atentas a qualquer ocorrência que venha a ter na cidade no período de chuvas. Informou ainda que ontem, 20, choveu cerca de 40mm em apenas uma hora, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). É quase o esperado para quatro dias, considerando que historicamente no mês de junho é para chover aproximadamente 320mm no mês todo.

“Em alguns pontos, devido a esse grande volume de chuva, aconteceram acúmulos de água, mas muitos locais tiveram um rápido escoamento da água devido ao trabalho constante de limpeza feito na cidade. Porém, é importante reforçar que a população precisa colaborar com os trabalhos da Patrulha da Chuva, evitando jogar lixos e entulhos nas ruas, bueiros, valas e igarapés, uma vez que isso causa grandes transtornos. Com a chuva, ocorre o entupimento dos bueiros, contribuindo com o processo de alagamento”, disse.

Acumulado de chuvas ainda está abaixo do registrado em 2017

Segundo dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), a precipitação observada nos últimos dias na extensão do Estado de Roraima mostra que o acumulado de precipitação no norte do Estado foi próximo de 100mm. 

O prognóstico das tendências climáticas para o trimestre de junho, julho e agosto mostra que 67% dos modelos climáticos indicam condições de neutralidade, 26% indicam El Niño e 7% indicam La Niña. E a previsão para o próximo trimestre é de chuvas ligeiramente abaixo da normal climatológica em Roraima. A média histórica durante o período chuvoso que vai de abril a setembro em Boa Vista é de 1408,2mm. Até o momento, em 2018, o acumulado de precipitação desse período é de 721,3mm. Em 2017, choveu 1.277,9mm no período chuvoso.

Conforme o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), a previsão de precipitação para os próximos dias em Boa Vista é de tempo parcialmente nublado com possibilidade de chuva em áreas isoladas; com temperaturas estáveis variando entre 24°C e 31°C, umidade entre 60% e 90% e ventos de direção NE-E (intensidade fraca/moderada) com possíveis rajadas isoladas. O leste do Estado será atingido com chuvas próximo de 50mm.

Nível do Rio Branco é de 5,7m em Boa Vista

Segundo dados obtidos da Rede Hidrometeorológica Nacional (RNH), ontem, 20, o nível do Rio Branco em Boa Vista se encontrava em 5,7m e em Caracaraí 6,88m. Comparando com o ano passado, os níveis foram, respectivamente, 4,75m e 5,69m. Até o momento, o mês de junho registrou três focos de queimada.

No mesmo período de 2017, foram dois focos registrados. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a previsão do risco de fogo para os próximos três dias é de médio a alto no nordeste de Roraima. (K.M)