Cotidiano

Centro de acolhimento ao imigrante será inaugurado no Hélio Campos

Durante o sábado, 100 famílias venezuelanas serão acolhidas para receber alimentação e estrutura de dormitórios familiares, refeitório e banheiros coletivos

Será inaugurado hoje, 9, às 10h, o Centro de Acolhimento da Fraternidade sem Fronteiras em Boa Vista, localizado na Rua HC 4, número 1633, bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste da Capital. Neste primeiro momento, 100 famílias venezuelanas serão acolhidas para receber alimentação e estrutura de dormitórios familiares, refeitório e banheiros coletivos. Durante as próximas semanas, outras 200 devem ser instaladas.

O fundador e presidente da Fraternidade sem Fronteiras, Wagner Moura, explicou que as famílias que estarão no Centro foram cadastradas pela coordenadora geral do projeto, a venezuelana Alba Marina. Segundo Moura, o diferencial do projeto é que toda a gestão do abrigo será feita pelos próprios imigrantes. Para tanto, a coordenadora está identificando os líderes do grupo, a fim de que seja montado um comitê de interação junto à comunidade.

Pela experiência de trabalho com comunidades na África, Moura frisou que a presença de um líder tende a ajudar, tendo em vista o maior conhecimento de língua, cultura e costumes. Serão priorizadas as famílias com crianças, idosos e pessoas mais vulneráveis. “A Fraternidade entra com apoio técnico para que tudo aconteça. Vamos recepcionar as famílias e conversar, uma a uma e em grupo, sobre a importância do abrigo e do cuidado”, disse.

Um dos pontos a ser discutido é o cigarro. No local, não será permitido fumar na frente de crianças ou em ambiente de refeitório, apenas no fumódromo. Haverá ainda lixo reciclável e orgânico para que, posteriormente, sejam feitas hortas utilizando compostagem com resto de resíduos. Além disso, cada família vai receber as três refeições diárias, um kit de material básico de higiene e uma barraca família de tamanho 3×3.

Para a inauguração, cerca de 25 barracas foram montadas de forma organizada em espécie de ruas improvisadas. De acordo com Moura, as ruas e o próprio Centro serão nomeados pelos próprios venezuelanos, a fim de que eles possam se sentir mais responsáveis pelo local e acolhidos. O fundador ressaltou que a metodologia faz parte do trabalho de autoestima, empatia e respeito da organização.

No centro, além do refeitório e da área de moradia, foi construída uma área de lavanderia coletiva e banheiros. O fundador ressaltou que um dos problemas diagnosticados nas ruas era o fato de os imigrantes tomarem banho “de qualquer jeito”.

OFICINAS – A fim de que os imigrantes não fiquem ociosos no Centro, Moura frisou que oficinas de marcenaria e costura, estão sendo organizadas. A organização também está pesquisando, junto aos imigrantes, outros tipos de oficinas que os atraiam. “Vamos aproveitar o que eles têm de bom, porque são muitos profissionais. Com a oficina, eles fabricam e ensinam os outros do seu país, a fim de que se formem uma comunidade produtiva”, finalizou. (A.G.G)

Centro de Acolhimento precisa de padrinhos

O fundador e presidente da Fraternidade sem Fronteiras, Wagner Moura, destacou que o Centro de Acolhimento será mantido pelo sistema de apadrinhamento social. Qualquer pessoa pode ser padrinho, contribuindo com R$ 50,00 por mês.

No site da Fraternidade sem Fronteiras (www.fraternidadesemfronteiras.org.br), os interessados clicam no campo ‘Apadrinhe um projeto do seu coração’ e em seguida no projeto ‘Brasil Um Coração que Acolhe’, referente ao Centro de Acolhimento.

Até o momento, o projeto já conta com 100 padrinhos. No entanto, a organização precisa de mais de 500, tendo em vista o custo de R$30 mil do projeto. “O coração do projeto é isso. Não queremos deixar eles sem comida um dia. Com o apadrinhamento, a gente sana tudo isso, por não depender de terceiros. É uma contribuição singela, é aquela pizza que você come”, disse. (A.G.G)

Refugiados recebem orientações sobre direitos trabalhistas

A Procuradoria do Trabalho de Boa Vista (MPT/PTM) e a Organização Internacional do Trabalho no Brasil (OIT) promoveram ontem, 8, uma ação cívico social com o tema “Roraimenses e Novos Roraimados: celebrando os direitos e deveres trabalhistas” para a população brasileira, migrante e refugiada que reside em Boa Vista.

Além de promover informações sobre direitos e deveres trabalhistas e jurídicos com palestras sobre o tema, a ação também realizou atendimento médico, odontológico, exames laboratoriais, vacinação e serviços de enfermagem, recreação infantil e atividades culturais, no refeitório, salas de aula e auditório do novo prédio de Medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

O atendimento social contemplou cerca de 150 pessoas beneficiárias de projetos sócio-culturais e assistenciais oferecidos pela UFRR e contou com a parceria, além do MPT e da OIT, da UFRR e do Esquadrão de Saúde da Base Aérea, Grupo Amigos do Sorriso e voluntários brasileiros e venezuelanos.

Segundo a procuradora do Trabalho, Safira Nila de Araújo Campos Rodrigues, a ação tem como principal objetivo ampliar e informar o conhecimento das pessoas sobre os direitos e deveres trabalhistas no Brasil. “Para que elas possam ter ciência e conhecimento dos canais de denúncia para quando tiverem diante de uma irregularidade trabalhista, qualquer violação trabalhista, poderão denunciar”, disse.

AÇÃO – Na quinta-feira, 7, a Procuradoria do Trabalho de Boa Vista (MPT/PTM) também realizou a audiência pública com o tema “A centralidade do Trabalho e Emprego na migração venezuelana em Roraima”.

A audiência teve como objetivo promover diálogo entre atores chaves e população migrante e brasileira sobre a temática com vista a identificar oportunidades, desafios e recomendações de intervenções imediatas e futuras.

Também foi feita a apresentação do relatório da visita técnica MPT/OIT ocorrida em setembro deste ano.

Conforme a coordenadora nacional do Projeto de Migração do escritório da OIT no Brasil, Cyntia Sampaio, a visita técnica realizada pelos órgãos de controle foi uma forma de compreender a situação em que os migrantes vivem em Roraima.

“Estão sendo relatadas muitas ações de violações dos direitos trabalhistas. Então foi necessário, nesse primeiro momento, fazer esse levantamento em campo, junto com os migrantes e refugiados e entender o processo, o que está acontecendo e depois socializar esses resultados junto com os agentes que trabalham na questão em Roraima”, disse Cyntia. “No segundo momento, nós vamos debater sobre essas ações e procurar por soluções, junto com os órgãos de controle, sobre o que pode ser feito para combater esse tipo de prática”, completou. (P.C)