Cotidiano

Casos suspeitos de Pólio na Venezuela foram descartados

A notícia de que o país vizinho enfrentava surto da doença tinha colocado as autoridades da área de vigilância epidemiológica do Brasil, especialmente em Roraima, em alerta

Em comunicado oficial na última sexta-feira, 15, a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que exames laboratoriais descartaram a as suspeitas de casos de Poliomielite em crianças da etnia Warao que moram no estado de Delta Amacuro, região Nordeste da Venezuela. O último caso da doença nas Américas foi no Peru, em 1991.

De acordo com o boletim de atualização divulgado pela OMS, um poliovírus Sabin tipo 3 foi isolado das amostras de fezes da criança. “O isolamento do poliovírus Sabin tipo 3 pode ser esperado em crianças e comunidades imunizadas com vacina oral bivalente contra a poliomielite, que contém cepas de Sabin tipo 1 e tipo 3 atenuadas (enfraquecidas)”, ressaltou o informe.

A notícia de que a Venezuela enfrentava um surto da doença tinha colocado as autoridades da área de vigilância epidemiológica do Brasil, especialmente em Roraima, em alerta, devido a alta migração de venezuelanos para o Estado. No entanto, a análise laboratorial final confirmou que os sintomas da PFA (Paralisia Flácida Aguda) não estão associados ao poliovírus selvagem ou derivado da vacina.

INVESTIGAÇÃO – Com o surgimento dos casos suspeitos, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) iniciou os procedimentos de análises laboratoriais, especialmente em Delta Amacuro, onde duas crianças indígenas haviam apresentados sintomas parecidos com as da pólio.

Segundo nota emitida pela Opas, no dia 7 de junho, o Ponto de Contato Regional da OMS para o Regulamento Sanitário Internacional, recebeu um relatório não oficial sobre a detecção da suspeita de um caso de poliomielite numa criança de 2 anos e 10 meses de idade, sem histórico de vacinação.

A investigação de campo em curso identificou uma menina de 8 anos de idade, que já tomou pelo menos uma dose da vacina trivalente oral, residente na mesma comunidade, apresentando flacidez num membro inferior.

BRASIL EM ALERTA – O temor da reintrodução da doença no Brasil colocou todas as autoridades sanitárias em alerta, especialmente Roraima, que é rota para os venezuelanos que estão fugindo da crise econômica daquele país.

Pela lei, a atribuição do controle vacinal na fronteira é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), enquanto a Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), é responsável pelas ações de imunização no âmbito estadual. A pasta enviou um comunicado aos municípios para intensificar as ações de vigilância epidemiológica.

Segundo a Sesau, de 2003 a 2017, 89,6% da população em Roraima foi vacinada contra a doença. A cobertura vacinal contra pólio recomendada pela Opas para os Estados membros é de mais de 95% em cada distrito ou município.

SOBRE A PÓLIO – A poliomielite é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. A infecção se dá, principalmente, pela via fecal-oral (mais frequente) por objetos, alimentos e água contaminados ou por via oro-oral, quando a transmissão é feita pelo contato com a saliva, ao falar, tossir ou espirrar.

É considerado suspeito todo caso de deficiência motora flácida, de início súbito, em indivíduos com menos de 15 anos de idade, independente da hipótese diagnóstica de poliomielite. Assim também como casos de deficiência motora flácida, de início súbito, em indivíduo de qualquer idade, com histórico de viagem a países com circulação de poliovírus nos últimos 30 dias, ou contato no mesmo período com pessoas que viajaram para países com circulação de poliovírus selvagem e apresentaram suspeita de diagnóstico de poliomielite.

*INFORMAÇÕES: Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).