Cotidiano

Caso de raiva provoca corrida a vacinação de cachorros e gatos

Depois do caso de raiva humana provocada por mordida de gato, população está correndo em busca de vacinação antirrábica

Após a confirmação do primeiro caso de raiva humana registrado em Roraima, a procura pela vacinação de cães e gatos foi intensificada na Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses, localizada no bairro Centenário, zona Oeste da Capital. Até as 10h de ontem, cerca de 40 animais haviam sido vacinados, enquanto a média na unidade é de apenas cinco atendimentos diários.

A médica veterinária da unidade, Cira Barreto, disse que a vacinação é oferecida diariamente no local, durante todo o ano. “Mas, para isso, precisamos de adesão da população e que ela reconheça a necessidade de vacinar. A essa altura, tem gente que chega aqui e fala que o cachorro é bravo e não tem como se deslocar, mas há de se convir que não temos como nos deslocar para as casas e vacinar”, disse.

Ela explicou como funciona o atendimento ao chegar à unidade. “A vacina é de graça. A pessoa chega, traz o animal, nós fazemos uma ficha com a idade do animal e damos a vacina. Nessa situação, vamos vacinar todo e qualquer animal. A vacina tem pré-requisitos, mas se o animal tiver mais de três meses e mais de seis meses que ele tenha tomado a última vacina, vamos vacinar”, destacou.

Conforme a médica, os profissionais têm feito campanhas intensas para tentar mobilizar a população a vacinar os animais. “Infelizmente, as pessoas esperam muito para acontecer esse tipo de coisa. Faz tempo que tentamos sensibilizar, fazemos palestras em escolas, participamos de feiras, de eventos, colocamos na mídia a necessidade de trazer o animal para vacinar, mas não temos a adesão da população”, lamentou.

Ela informou que as ações de vacinação deverão ser intensificadas, a partir de amanhã. “Vamos fazer mais campanhas no fim de semana. Na sexta-feira e sábado, teremos ações intensificadas. No sábado será mais para aquelas pessoas que não têm tempo durante a semana e estaremos aqui para vacinar. O importante é que as pessoas venham e vacinem os animais”, frisou.

O militar reformado do Exército, Nelson Rodrigues, levou os dois cachorros para tomar a vacina antirrábica na Unidade de Zoonoses. “Eu trouxe para vacinar depois que teve a questão da raiva, mas todo ano eles tomam a vacina. É que eu sou de Manaus e lá eles avisam de porta em porta e vacinam, enquanto aqui temos que trazer até a unidade, e eu não sabia. É importante que todos se conscientizem. O meu toma todas as vacinas certinho”, afirmou.

Animais soltos nas ruas da cidade representam riscos à população

A grande quantidade de animais – principalmente cães – soltos pelas ruas de Boa Vista representa um problema antigo, que provoca consequências ruins, tanto para eles como para os pedestres, que convivem com esta situação. Estes animais, nas ruas da cidade, significam grandes riscos às pessoas, uma vez que, sem os devidos cuidados do dono, a maioria não está vacinada e pode ser agressiva.

Além de representarem um risco físico, os cães também podem ser um poderoso vetor de zoonoses, doenças transmitidas de animais para o homem. Entre as mais temidas está a raiva, também conhecida como hidrofobia. Para o homem, a principal forma de transmissão da doença se dá pela mordedura de um animal, que foi infectado geralmente por morcego, cão e gato.

Trabalho voluntário de ONGs ajuda a amenizar problemas

Para tentar amenizar a proliferação de animais vadios nas ruas de Boa Vista, Organizações Não Governamentais (ONGs) que existentes, em Boa Vista, fazem o trabalho de recolhimento desses animais para posterior adoção.

Membro da Associação Yawara, uma associação de proteção de animais, Débora Almeida comentou que os animais resgatados só entram no abrigo após serem vacinados. “Eles passam por uma quarentena para saber se não estão doentes. O principal foco é cuidar da saúde do animal para poder arrumar um lar para eles”, destacou.

Além de acolher os animais, a ONG realiza um trabalho informativo e orientativo sobre os riscos de doenças que podem ser contraídas pelos bichos. “Sempre publicamos informações e orientações. A questão da raiva pegou todo mundo de surpresa. Vimos apenas o alerta sobre o caso, é uma situação grave e a gente orienta as pessoas a vacinar. Divulgamos os locais de vacinação, porque é importante que as pessoas façam, tendo em vista que são poucos seres humanos que sobrevivem”, alertou.

O diretor da Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses, Rogério Gomes, ressaltou a importância das entidades no trabalho de suporte aos animais. “Sobre a questão dos animais de ruas, estamos contatando algumas ONGs para dar suporte na contenção desses animais, visto que, dependendo do raio que se vá definir, com relação ao bloqueio, é uma quantidade expressiva e não temos como conter todos os animais. Temos que saber a variante para poder definir as ações de controle e o que será feito”, afirmou.

Caso a pessoa seja mordida por um animal de rua ou que não tenha sido vacinado contra a raiva, é importante lavar o ferimento com água e sabão e usar um desinfetante. Além disso, deve procurar um médico ou um hospital e localizar o proprietário do animal. (L.G.C)