Política

Cascavel quer fazer em quatro anos o que não foi feito em 25

Folha dá continuidade às entrevistas com pré-candidatos que já divulgaram seu interesse em disputar o Governo de Roraima

O empresário rural e do ramo de franquias Airton Antônio Soligo, conhecido como Airton Cascavel (PPS), é o quarto a participar da rodada de entrevistas com pré-candidatos ao Governo de Roraima. Cascavel foi deputado estadual Constituinte, presidiu a Assembleia Legislativa e foi deputado federal. Ele respondeu a perguntas sobre o cenário eleitoral, programa de governo e avaliou a atuação política roraimense. Confira:

Folha: O senhor acredita que sua boa aceitação no setor empresarial lhe possibilita concorrer ao cargo de governador?

Airton Cascavel: Quem se propõe a fazer uma mudança estrutural, com uma gestão moderna e de resultados, de forma transparente, não pode ser governador de um único segmento, tem que ter a capacidade de aglutinar em torno deste projeto todos os setores da sociedade, pois Roraima não pode ter mais dono e nem repetir as práticas do passado.

Folha: Ser governador é um sonho seu então? Ou apenas o momento político oportuno?

Airton Cascavel: Vejo como uma missão a que sou chamado, para fazer uma revolução na forma de gestão em que o Estado vise o coletivo, cuide das pessoas, administre com transparência e honestidade e encaminhe Roraima para o desenvolvimento. Se isso é um sonho, então eu o tenho.

Folha: Cite nomes que poderiam compor sua chapa ou alianças? Seriam ligados todos a que setor especificamente?

Airton Cascavel: Ao meu lado estarão pessoas de ficha limpa, com propósitos públicos, com passado decente, que não aceitem o que aí está. A primeira mudança se faz com a escolha dos aliados. Diga com quem tu andas que direi quem tu és. O momento é de descrédito e para construir algo, vou ter que inspirar as pessoas.

Folha: Quais suas propostas para melhorar o Estado? Quais seriam as prioridades de um governo comandado pelo senhor?

Airton Cascavel: Governar com planejamento e criatividade, com uma equipe eficiente de gestores e servidores, principalmente na crise financeira e moral em que vivemos. Não acredito em salvador da pátria. Para isso, estamos ouvindo as pessoas para construir essa gestão moderna e eficiente que o Estado precisa.

A primeira meta é acabar com a propriedade do Estado. Quando alguém ganha aqui, vira dono do Estado. Acabar com a corrupção e este conceito de distribuir benesses para parentes e apadrinhados políticos, como se não fosse um bem público. A meta número 2 é fazer uma educação com excelência, reestruturar o sistema pedagógico e administrativo com uma gestão moderna, envolvendo servidores, aplicação de recursos juntamente com pais e alunos. A merenda escolar será um instrumento de desenvolvimento e será comprada em cada município, direto dos produtores, direto do comércio local, com transparência e isso vai fomentar a economia. A Universidade de nosso Estado vai, de forma permanente, reciclar professores em todos os níveis para ascender profissionalmente e ter melhor qualidade. Em quatro anos vamos zerar o analfabetismo e Roraima será um modelo para os estados brasileiros.

Vamos contratar eletricistas, pedreiros, carpinteiros para fazer a manutenção de todas as escolas, o que vai gerar empregos para pessoas nas comunidades e uma economia substancial para o Estado. Vamos levar uma saúde de excelência para todos. Na saúde não pode ter inferência política, é preciso ter profissionais da área que estejam motivados e sentindo que é um novo momento e que vamos fazer uma revolução, mas sempre olhando que na ponta, quem deve existir é o cidadão que deve ser tratado de forma humanizada. Tem dinheiro de sobra para isso, mas precisa ser bem aplicado.

O quarto ponto é a segurança pública. Temos profissionais qualificados, maior número per capita de policiais e delegados do País. O que falta é plano integrado para levar de forma inteligente esta segurança, além de armamentos e estrutura. Vamos monitorar todos os bandidos deste estado. Antes de irmos às ruas, iremos atrás deles e vamos fazer a população se sentir segura. Isso é prioridade. Nós temos uma das melhores, senão a melhor Polícia Militar do País. Basta apenas a segurança ser tratada como prioridade. O grande segredo será a motivação dos servidores, que são o grande patrimônio do Estado. Quando cada um sentir, que está fazendo parte de uma mudança, de um novo momento, haverá um envolvimento maior e é isso que acredito que será o mote da transformação.

Roraima tem muitos empreendedores em todas as áreas e tem potencial extraordinário para o agronegócio, turismo, economia. Vamos aumentar a participação desses empreendedores. Duplicar o PIB do Estado. Vamos fazer em quatro anos o que não foi feito em 25. Cada município será um polo de acordo com sua vocação. As micro e pequenas empresas e o setor produtivo do Estado em todas as áreas terão um plano estratégico e todos vão participar. Quero pensar num futuro e fazer a revolução que Roraima precisa, é isso que acredito e que vamos fazer

Folha: Qual a avaliação que o senhor faz do atual Governo e dos anteriores?

Airton Cascavel: Até hoje Roraima não encaminhou à sua identidade econômica, que é o agronegócio organizado de forma continuada. Para se ter uma ideia deste descaso não temos até hoje o Zoneamento do Estado. Temos um potencial extraordinário para o agronegócio e é essa a minha prioridade. Até hoje só tivemos engenheiros que só pensam em obras. Não quero perder tempo fazendo julgamentos de antecessores e sim olhar para frente para uma nova maneira de gestão e colocar Roraima de vez no caminho do desenvolvimento.

Folha: Seu secretariado teria perfil técnico ou político?

Airton Cascavel: O perfil não será apenas de secretários, mas de toda a administração. Será o perfil da gestão eficiente, de metas claras e de resultados efetivos e da meritocracia. Em cada área terá um especialista. É o nosso plano.

Folha: O senhor tem receio de concorrer com algum candidato? Tem alguém que lhe assuste enquanto político?

Airton Cascavel: Quem disse que um filho de migrante, negro, pudesse governar os EUA? Os meus adversários são a ineficiência do Estado, a falta de um projeto de desenvolvimento, e eu quero olhar para o futuro e apresentar alternativa para o Estado e que os outros façam o mesmo. Eu tenho medo sim, todo corrupto me assusta e deles quero distância.

Folha: Acha que tem chances de vencer o pleito concorrendo contra a máquina governamental?

Airton Cascavel: Juntos nós podemos. O uso do Estado como cabresto, é coisa do passado e essa eleição será um divisor de águas. A corrupção tem que ser banida e a hora é agora. Temos que instaurar novas práticas na política, que avaliar um governo pelo bom serviço que presta a sua população.

Folha: Como seria a atuação da bancada Federal em seu governo?

Airton Cascavel: Pelo que me consta o único senador que tem mais quatro anos de mandato é o senador Telmário Mota. Os demais parlamentares federais serão avaliados e julgados por suas ações pela população. Com eles após eleitos, o Estado e o governador precisa manter relação institucional com todos para buscar em Brasília recursos federais

Folha: O que o eleitor pode esperar do senhor em caso de possível candidatura e eleição?

Airton Cascavel: A população vai ter de mim, de forma humilde, mas determinada a discussão de um projeto de Estado, de propostas claras que possam levar ao desenvolvimento de um novo momento da política, sem corrupção, e sem apadrinhamento. Isso será objetivo principal de nossas propostas. Quero aproveitar a experiência pública e privada para ouvir todos os segmentos. Não sou o dono da verdade e não sei tudo. Essa mudança e essa proposta não são tarefa de um homem só, mas de toda a sociedade. Roraima tem um orçamento de quase R$ 4 bilhões ao ano, um dinheiro que se bem aplicado, sem corrupção, com uma gestão de resultados, pode fazer um Estado com padrão norueguês em todas as áreas e criar oportunidades de emprego para os milhares de estudantes que se formam a cada ano e não tem nenhuma perspectiva.

Haverá Roraima antes e depois do que faremos se for essa a vontade de Deus e do povo de Roraima.