Cotidiano

Cai produção da indústria de Roraima

Dados da Fier também apontam redução no número de empregos, com 42,9 pontos em maio/18

Uma recente pesquisa apontou que a indústria brasileira avançou 0,8% no mês de abril, em comparação a março, retomando a trajetória de recuperação após longo período. Mas, a situação das indústrias em Roraima é diferente do quadro nacional.

Segundo a Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER), o setor está em queda conforme detectado na Pesquisa de Sondagem Industrial, coordenada pela Confederação Nacional da Indústria, realizada mensalmente pela unidade.

A informação é que o volume de produção no mês de maio registrou 33,9 pontos, sofrendo uma queda pelo segundo mês consecutivo. A redução chegou a 12 pontos se comparada ao mês de abril deste ano.

O saldo negativo aparece novamente quando se avalia os dados do ano passado. “Quando comparado ao mês de maio de 2017 nota-se uma variação negativa de 11,6 pontos. Em comparação ao índice estadual, observa-se que o volume de produção da indústria local está abaixo da indústria nacional, em 41,6 pontos”, revela a Fier. 

EMPREGOS – Quanto aos empregos gerados na indústria estadual, o índice registrado em maio/2018 foi de 42,9 pontos. O percentual também representa uma queda, de 7,1 pontos, comparado ao mês anterior.

Por sua vez, o indicador nacional registrou 48,3 pontos em maio, um índice superior ao registrado no estado. Os números mostram que a geração de empregos em escala nacional e local está abaixo do ideal de acordo com a metodologia da pesquisa, considerando que o ideal é acima de 50 pontos.

PRODUTIVIDADE – Outro índice que se mostrou em queda é relacionado ao que é produzido pelas empresas, diante do que poderia ser concretizado, caso a companhia tivesse trabalhando em plena capacidade. 

A análise, chamada de nível da Utilização da Capacidade Instalada, sofreu variação negativa de 10 pontos percentuais em maio/2018, registrando 58%. Se comparado a maio de 2017, a queda é de oito pontos percentuais, já que o percentual naquela época foi de 66%. 

Alimentação é o segmento que mais cresceu no setor

Com relação ao segmento com mais investimento, os números mostram um crescimento acentuado em diversos processos produtivos da indústria de alimentos, principalmente na fabricação de massas, congelados, farinhas, sorvetes, laticínios e grãos, mais comum o arroz.

A Fier ressalta que, em relação aos percentuais de crescimento, ainda não tem os dados referentes a este ano, pois depende de informações de órgãos oficiais. Entretanto, obteve a análise pelo acompanhamento junto ao setor industrial e o acesso a relatórios de instituições financeiras.

CONTRIBUIÇÃO – Já o setor que mais contribui para a composição do PIB Estadual foi a construção civil, com os percentuais variando entre 10% e 12%. Mas, em maio deste ano, a Utilização da Capacidade Instalada das empresas deste setor sofreu uma variação negativa de 10 pontos percentuais, registrando 58% contra os 48% em abril.

“Se comparado a maio de 2017, a queda é de 8 pontos percentuais, o que nos leva a concluir que este setor também vem sendo impactado pela crise”, revela a Fier.

Para a Federação, essa amostragem se constitui em importante alerta a respeito das necessidades no setor industrial. “É preciso investimento em infraestrutura, redução de tributos, concessão de benefícios para a aquisição de insumos e políticas que facilitem o acesso ao crédito, visando impulsionar as diferentes atividades industriais, abertura de novos mercados e menos burocracia”, ponderou. (P.C.)

 EM 2016 

Comércio cresceu apesar da crise 

Apesar de o país enfrentar turbulências na economia, nos últimos anos foi crescente o número de empresas em Roraima. Conforme dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE), as atividades mais expressivas são o comércio e a reparação de veículos. 

A informação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que em 2016 existiam 5.896 empresas e outras organizações sediadas em Roraima. Considerando o registro do ano anterior (2015), que contabilizava a existência de 5.870, houve, portanto, aumento de 26 novas empresas no Estado.

Em relação às atividades mais comuns, o comércio e a reparação de veículos automotores e motocicletas foi o que mais se destacou, com 3.012 empresas. O número representa 51% do total dos negócios em Roraima.

Em segundo lugar, ficaram as atividades de alojamento e alimentação (473) e em terceiro, outras atividades de serviços com 338 empresas. O setor da construção civil aparece em quarto (312), seguido das atividades administrativas e serviços complementares (298).

A indústria de informação surge em seguida com 295; empresas e atividades profissionais, científicas e técnicas com 253 e educação com 219. As demais atividades incluem os setores de higiene e beleza somaram 696.

Curioso é que, embora esteja em primeiro lugar, o setor de comércio e reparação de veículos é o que teve mais baixas, 46, de 2015 para 2016. Ao mesmo tempo, o segmento que reúne as organizações com atividades diversas subiu 40.

SALÁRIOS – Apesar do aumento no número de empresas, o total de pessoas assalariadas caiu 1,7%, indica a pesquisa. As atividades que mais perderam postos de trabalho em 2016 foram na área da administração pública, defesa e seguridade social com -1.738 vagas; comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas com -928 vagas e o setor de construção com -297 vagas de emprego.

O salário médio mensal também apresentou uma leve queda saindo de 3,1 salários mínimos em 2015 para 3,0 salários mínimos em 2016. Os trabalhadores empregados na atividade de água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação eram os que recebiam os maiores salários em Roraima, com média de 4,5 salários mínimos. Em seguida, aparecem os profissionais da educação com 4,3 salários mínimos e da administração pública, defesa e seguridade social com 3,8 salários mínimos. (P.C) 

Melhora prevista nos próximos anos

O economista Fábio Martinez, da Coordenadoria Geral de Estudos Econômicos e Sociais (CGEES) da Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento (Seplan) observa que embora tenha ocorrido leve crescimento no número de empresas, o ano de 2016 foi avaliado como ‘economicamente ruim’.

Martinez elaborou a pesquisa e diz que essa situação ocorreu em todo o Brasil. “O segmento do comércio, que, dentro do setor privado é a principal função econômica do Estado, também demitiu mais gente. Houve uma abertura maior de empresas, mas aquelas que já existiam reduziram o número de funcionários”.

Para o especialista, as demissões em massa podem ter influenciado no maior número de empresas criadas no comércio. “Pessoas que perderam o emprego ou visualizaram possibilidade de demissão, criaram alternativa de renda abrindo novos negócios. Isso acabou sendo positivo”, destacou.

PREVISÃO – A expectativa é que nas pesquisas dos anos de 2017 e 2018 seja registrado um crescimento maior, considerando que a economia esteve mais estabilizada. A previsão é que a mudança ocorra no número de empregos.

“Existe perspectiva de crescimento e com certeza será maior que em 2016, que foi um ano de crise. As pessoas buscaram uma alternativa de renda com pequenos negócios e serviços”, completou. (P.C.)