Cotidiano

CRM e Sociedade de Pediatria reivindicam barreira sanitária

Preocupação é com surto de doenças até então erradicadas no Brasil, como é o caso do sarampo

A fragilidade na saúde estadual foi tema de uma reunião promovida pelo Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) e a Sociedade Roraimense de Pediatria na manhã de ontem, 9. O objetivo era buscar soluções junto aos parlamentares federais.

Na reunião, que contou com a presença da diretoria do CRM e dos deputados federais Hiran Gonçalves (PP), Remídio Monai (PR) e Abel Galinha (DEM), foi apresentado e lido um documento elaborado pelo Conselho em parceria com a Sociedade de Pediatria. O relatório será entregue para as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, Ministério da Saúde (MS) e demais órgãos relacionados.

Ao fim do evento, foi definida ainda a realização de uma reunião em Brasília prevista para acontecer no fim deste mês, que contará com a presença de profissionais de saúde do Estado, o comitê do Ministério da Saúde que está tratando da questão no Governo Federal e parlamentares do Estado. O objetivo é trazer informações dos médicos que atuam diretamente com o atendimento da população roraimense e migrante venezuelana.

A presidente do CRM-RR, Brenda Avelino, afirmou que a instituição sempre esteve atenta à questão dos problemas de saúde decorrentes da migração venezuelana, mas que era hora do Conselho sensibilizar e cobrar as ações que possam ser tomadas para que o surto de doenças até então erradicado no Brasil aconteça. “Nós tínhamos o selo de dez anos com essas doenças, como sarampo e difteria, erradicadas. Nós precisamos de medidas imediatas para conter o avanço. Medidas na fronteira, uma barreira sanitária precisa ser feita concretamente”, informou.

Velma Figueiredo, presidente da Sociedade Roraimense de Pediatria, defende que as medidas de vacinação sejam concentradas em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela e que sejam critérios para que o migrante consiga acesso ao serviço social promovido no território nacional.

“No nosso Brasil, a constituição não permite que a vacinação seja compulsória, mas poderia ser avaliado para que eles tenham acesso aos programas de seguridade social com a vacinação sendo uma das condicionais, assim como é feito no Bolsa Família. Para que tenham acesso aos abrigos, as bolsas”, afirmou.

Tanto a presidente do CRM-RR quanto da Sociedade Roraimense de Pediatria ressaltaram que as alternativas apresentadas não se tratam de medidas xenofóbicas. “É uma medida de proteção aos venezuelanos. A ideia é que o não vacinado fique na fronteira e o que chegar doente também fique na fronteira até que receba o tratamento adequado”, disse Velma. “Nós estamos preocupados com a saúde dos roraimenses e dos venezuelanos, para que eles não adoeçam e ocorra um aumento no número de óbitos”, completou Brenda.

BANCADA – O deputado federal Hiran Gonçalves (PP) declarou que a bancada se coloca à disposição do Conselho Regional de Medicina e de toda a sua diretoria para apresentar sugestões, avaliar o que está sendo feito, definir as dificuldades e tentar aperfeiçoar o que já está sendo feito para preservar a saúde dos imigrantes e dos nacionais.

Sobre a reunião em Brasília, o parlamentar informou que o encontro deverá acontecer no fim de março, possivelmente, na terça-feira, 27 ou na quarta-feira, 28. “As terças e quartas são dias de maior atividade política. No final da semana, nas quintas e sextas, os parlamentares e os ministros já estão saindo e retornando para seus estados ou focando em agendas fora de Brasília. Assim, nós teríamos uma dificuldade de montar uma agenda participativa”, explicou.

“Fomos informados também que na próxima semana vai ocorrer o Encontro Nacional de Conselhos Médicos no Amazonas, então, também estamos levando em consideração a agenda dos envolvidos. Pode ser que seja daqui duas semanas, para que a gente tenha tempo de organizar. O importante é que, cada vez mais, entidades estão se preocupando com a situação que estamos passando em Roraima”, pontuou Hiran. (P.C)