Cotidiano

Bonfim ultrapassa Boa Vista e registra o maior PIB per capita de Roraima

Crescimento agropecuário é o principal fator que contribuiu para o crescimento econômico do município

Bonfim obteve o maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Roraima segundo dados econômicos do Estado em 2015, com o setor agropecuário sendo o principal influenciador para o desenvolvimento da região. 

O município apresentou PIB per capita de R$28.548,82, Boa Vista o segundo maior, com R$ 23.570,22 e Uiramutã em último lugar, com R$10.256,93, segundo os dados repassados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatístico (IBGE) e pela Coordenadoria Geral de Estudos Econômicos (CGEES) da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan).

O Município de Bonfim também saiu da 5ª para a 3ª colocação na lista de maiores economias, com 3,2%, ultrapassando Mucajaí, agora na 5ª colocação com 2,4% e Caracaraí na 4ª colocação, com 2,9%. A Capital permanece em primeiro lugar, com 73,0%, seguida de Rorainópolis com 4,6%.

Para o chefe da Divisão de Estudos e Pesquisas da Seplan, Fábio Martinez, o crescimento de Bonfim é um reflexo do investimento no setor agropecuário, fator que também foi registrado no PIB de Roraima, que obteve o maior crescimento na produção agrícola do Brasil. “Claro que a parte agrícola também cresceu em outros municípios, mas o nosso maior produtor é Bonfim e onde mais se sentiu esse crescimento”, pontuou. “Esse momento também se dá por conta da demarcação da Raposa Serra do Sol, quando muitos produtores migraram de Normandia para Bonfim e agora começam a obter resultados das suas produções”, acrescentou.

Segundo o levantamento da Seplan, a participação nos setores e no PIB de Roraima para a agropecuária em Bonfim foi de 28,6%; bem maior do que os setores da indústria, com 1,8% e serviços com 1,7%. “Por conta desse crescimento acentuado da agropecuária, o PIB per capita, ou seja, o que foi produzido pelo município e dividido entre os dados totais da população aumentou, ultrapassando até o de Boa Vista, que sempre teve o maior de todos os municípios de Roraima”, frisou.

A previsão ainda é que o crescimento seja observado nos próximos anos, em razão da evolução na produção e venda da soja em Roraima. “A gente prevê um crescimento no Alto Alegre e em Bonfim novamente, que é um dos produtores de soja, apesar de não ser o principal. Provavelmente nos dados de 2016, a economia toda sinta uma queda e tenha uma retração em municípios grandes, mas com relação à agropecuária, deve ter uma certa estabilidade”, avaliou Martínez.

CAPITAL – Na média nacional, a participação percentual do PIB de Boa Vista em relação ao PIB do Brasil continuou a ser 0,1%, mesma participação percentual desde 2010. A Capital também ocupou a penúltima posição em termos de contribuição ao PIB entre as capitais do país, sendo precedida por Rio Branco (AC) e seguida por Palmas (TO). Em comparação ao PIB per capita, o Município de Boa Visto ficou na 19ª posição.

Sobre Boa Vista, a explicação é que a queda na participação tenha ocorrido em função da crise econômica e falta de investimentos no setor privado, principalmente, na área da construção civil que se concentra na Capital. Por exemplo, em 2015, Boa Vista concentrou apenas 8,9% da agropecuária, setor que cresceu nos últimos anos.

Principal atividade continua sendo a administração pública em Roraima

A principal atividade econômica do Estado continua sendo a administração pública, popularmente conhecida como a “economia do contracheque”, em que a maioria da população empregada depende de cargos da gestão pública estadual e municipal. Dos 15 municípios, em 13 deles, a administração pública representa mais de 50% da economia. Em Uiramutã, o índice chega a 82% e é o mais alto do país.

Apesar da administração pública ainda ser predominante, o setor agrícola também influenciou na economia do Estado, o que contribuiu para uma redução da “economia do contracheque”. Em Roraima, a média passou de 49,5% em 2011 para 47,8% em 2015. Em Uiramutã, a administração pública representava 91,6% em 2011, o que representa uma queda de mais de 10%.

Os dois únicos municípios que ficam de fora do índice de 50% são Boa Vista e Bonfim. A Capital ficou de fora do quadro por concentrar as atividades de comércio e construção civil, mas o percentual relativo à administração pública continua alto, com 43%. No município que faz fronteira com a Guiana, 31,9% da população trabalha na administração pública. (P.C.)