Cotidiano

Boa-vistenses caem em golpe e têm prejuízo de R$ 15 mil

Empresa local utilizou imagens de uma companhia estabelecida em São Paulo para praticar o crime

Ao menos três famílias tiveram um prejuízo de cerca de R$ 15 mil por conta do golpe da venda de passagens aéreas falsas aplicado em Boa Vista, desta vez de uma agência de viagens que se fazia passar por outra para cometer a fraude.

Uma família, que preferiu não ser identificada, disse que comprou passagens para viajar à Paraíba em dezembro deste ano. O acordo foi negociado em maio, com os bilhetes emitidos e entregues na sede da empresa, localizada na Avenida Ataíde Teive. O valor, cerca de R$ 4 mil, foi repassado para uma conta bancária.

Porém, ao ser alertada da prática de golpes desse tipo, a mãe resolveu pesquisar para ter certeza da emissão das passagens. Ao entrar em contato com a Gol Linhas Áreas, foi informada que as passagens foram reservadas, mas canceladas devido a falta de pagamento. “Entramos em contato com os vendedores, que disseram que devia ter acontecido algum erro e pediram que esperássemos mais 24 horas. Ingênuos que somos, por não saber como lidar, fomos sendo enganados até chegar a um limite”, explicou.

A cliente disse que a proprietária da empresa chegou a dizer que devolveria o dinheiro, mas simplesmente não apareceu no horário nem no local marcado. “Ficamos esperando na frente da empresa e lá encontrei mais duas pessoas que também passaram pelo mesmo problema, ambas com prejuízo de cerca de R$ 5 mil cada”, explicou. “Uma delas só descobriu que não tinha as passagens na hora de embarcar”, relatou.

O grupo de clientes tem agora se reunido e levantado informações acerca da companhia e dos envolvidos, e já entrou com medida judicial contra a empresa. O objetivo, segundo eles, não é somente reaver o valor investido, mas impedir que outras pessoas passem pela mesma situação. “O problema é que eles usam muito a falta de conhecimento das pessoas”, avaliou.

Empresa usava nome de companhia de viagens de SP indevidamente

A empresa “Viagens e Companhia” foi criada em São José do Rio Preto (SP) há nove anos e não tem filial em Roraima. De São Paulo, a proprietária da empresa original, Cida Lacerda, explicou à Folha que ficou sabendo do uso indevido da imagem em fevereiro.

A empresária diz que foi realizar uma postagem na rede social da agência e, ao tentar marcar o perfil da sua empresa, encontrou outra companhia com o mesmo nome. “Eu entrei no perfil e me deparei com uma página ‘fake’, de outra empresa, mas usando as minhas imagens. Minha logo de 2013, que eu paguei para fazer”, comentou.

Em seguida, Cida disse que divulgou na página da empresa o uso indevido da imagem da companhia, porém, até então não tinha conhecimento de que o estabelecimento também estaria comercializando passagens sob o nome falso. 

Há cerca de duas semanas, o primeiro cliente entrou em contato com a agência para tirar dúvidas. “Mas a pessoa já tinha entrado na nossa página e visto o nosso comunicado, que estavam utilizando a nossa imagem indevidamente”, relatou. “Nessa conversa, me falaram que estavam vendendo as passagens e que muita gente está sendo enganada em Roraima”, completou.

Por conta do problema, a companhia já registrou boletim de ocorrência em São Paulo e está tomando as medidas judiciais cabíveis, para que o problema não volte a se repetir. “Não temos nada a ver com isso e estamos nos sentindo lesados. A cada dia aparece alguém nos questionando sobre o assunto. A gente não quer que aconteça com mais gente”, relatou.

Consumidor deve pesquisar empresa para impedir fraude, aconselha OAB

O presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Roraima (OAB-RR), Ronnie Brito, explicou que os clientes podem se precaver com algumas medidas básicas na hora da compra de passagens aéreas.

No caso da compra através de agências virtuais, é importante que o consumidor faça uma busca na própria internet sobre a reputação da empresa e se a companhia teve muitas reclamações nos últimos meses. “Um bom site para fazer essa averiguação é o www.reclameaqui.com.br, onde são listadas as principais reclamações relacionadas às empresas”, indicou.

Já se a companhia for local, é importante averiguar se ela já está consolidada no mercado da região, pedir informações de parentes ou amigos que já tenham adquirido o serviço, bem como solicitar os dados como CNPJ, para que o consumidor tenha certeza que se trata de uma empresa de verdade.

O advogado explicou que, ao consultar o CNPJ junto à Receita Federal, o consumidor será informado do nome da empresa, local de funcionamento, o ramo que atua e a data de abertura e então poderá ter certeza de que não se trata de uma empresa fantasma.

“Essas informações são importantes, pois as empresas de turismo podem emitir uma passagem por milhas, mas, se não realizarem o pagamento ao real proprietário das milhas, ela pode acabar sendo cancelada posteriormente. E então o consumidor pode ficar sem conseguir embarcar”, afirmou Ronnie. (P.C.)

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