Polícia

Bandidos invadem HGR para matar integrante de facção rival

No começo da madrugada de ontem, dia 15, o foragido da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), Wax Nunes Lima, vulgo “Seninha”, de 28 anos, morreu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Ele foi internado no Grande Trauma do Hospital Geral de Roraima (HGR) na madrugada da quarta-feira, dia 14, depois de sofrer um grave acidente de trânsito durante fuga da Polícia Militar na BR-174, município de Rorainópolis, região sul do Estado.

Wax estava inconsciente desde que sofreu o acidente, por conta dos ferimentos na cabeça, ocasião em que seu parceiro Arley Mangabeira, vulgo “Mano B” ou “Bandinha” morreu na hora. “Seninha” foi o único sobrevivente do capotamento da caminhonete em que a dupla estava, mas ficou entubado e morreu menos de 24 horas após o acidente.

O corpo do foragido foi levado do Hospital para o Instituto de Medicina Legal (IML) ainda na madrugada de ontem, dia 15, onde foi submetido à necropsia. Mas antes disso, um fato inusitado aconteceu no estabelecimento de saúde, considerando que dois indivíduos chegaram em um veículo Focus, cor vermelha, um deles desceu do carro, sacou uma arma, rendeu o porteiro e obrigou o funcionário a levá-lo ao leito onde Wax estava.

O responsável pela portaria disse que o foragido já estava morto, no entanto, informação que não convenceu o bandido que forçou o funcionário a levá-lo até o leito aonde estaria “Seninha”, que estava vazio. Ainda desconfiado, o bandido pediu que fosse levado ao necrotério do HGR e só ficou conformado depois que viu o corpo de Wax. Um policial civil, que investiga o caso, explicou que o indivíduo foi ao Hospital com a intenção de executar o foragido.

Na manhã de ontem, enquanto aguardavam a liberação do corpo, familiares e agentes funerários voltaram a ver os suspeitos, com as mesmas características e com o mesmo veículo, dando voltas ao redor do IML e sentiram-se amedrontados, inclusive teriam pedido acompanhamento policial na hora de levar o corpo do IML ao local do velório. Um dos representantes da funerária conversou com a reportagem da Folha e disse ter orientado a família a não realizar funeral, mas sair do Instituto com escolta policial diretamente para o cemitério. Os familiares não quiseram gravar entrevista. “Nosso medo é que os elementos tentem invadir o velório, queimar o corpo, matar alguém que esteja velando o corpo. Não queremos problemas e por isso estamos pedindo para a família enterrar logo”, disse o agente funerário.

Questionada sobre a informação, a Polícia Civil de Roraima informou, por meio de nota, que não recebeu nenhuma solicitação para garantir a realização de enterro. Ressaltou ainda que seu papel é investigar as circunstâncias, ocorrências e fatos de um crime, não fazendo parte da missão da instituição fazer a prestação de serviços de segurança, como no caso em questão.

FICHA CRIMINAL – Na ficha criminal do foragido consta que ele cumpria pena na Pamc pelos crimes de tráfico de drogas, organização criminosa, receptação e latrocínio (roubo seguido de morte), era considerado de alta periculosidade. Ele estava foragido da Pamc desde o dia 19 de janeiro, quando houve fuga em massa por um túnel. (J.B)

Direção do HGR pede reforço policial

Depois que o Hospital Geral de Roraima (HGR) foi invadido por criminosos, com o objetivo de executar o foragido Wax Nunes Lima, vulgo “Seninha”, de 28 anos, que estava internado no trauma, a direção da unidade de saúde pediu reforço na segurança para evitar que novas ocorrências dessa natureza aconteçam.

A Folha entrou em contato com o gerente coordenador do trauma do HGR, Patrick Araújo, que ressaltou a importância de maior efetivo policial. “Precisamos reforçar o policiamento. Não sabemos estipular um quantitativo, mas precisamos de mais segurança na unidade, principalmente por conta do forte fluxo de entrada”, disse.

Araújo reforçou ainda que o estabelecimento de saúde não estava desguarnecido, pois no local estavam um policial, um porteiro, além dos funcionários que atuam na recepção. “Quem regula a entrada e saída é o porteiro e do lado do hospital nós temos a guarita da PM, mas ele [o bandido] estava armado e não tivemos como impedir que entrasse na unidade”, justificou.

O gerente explicou que inicialmente o criminoso se apresentou como familiar, mas teve o pedido de entrada negado, foi quando ele sacou a arma, afirmou que era de outra facção e tinha chegado de Manaus somente para matar Wax. “O porteiro liberou a entrada, é claro, mas o paciente já tinha falecido. No entanto, ele só foi embora quando o levaram até o necrotério para confirmar o óbito”, contou Araújo.

A Polícia Militar só foi informada sobre o caso depois que o elemento foi embora. Quanto à atuação do policial que estava de plantão, o coronel Lindolfo Bessa destacou que o policial militar não foi acionado e não sabia das ameaças que os funcionários sofreram. Ele disse que não há câmeras de vigilância na guarita. Bessa esclareceu que o policiamento na guarita funciona 24h. “O policial só foi comunicado pelos funcionários, do ocorrido, após a fuga do bandido porque eles estavam sob ameaça do homem armado. Mas logo em seguida o PM nos acionou e as investigações estão em andamento”, relatou o coronel.

Em relação às câmeras de vigilância, Lindolfo afirmou que, anteriormente, foi sugerido que colocassem os equipamentos para melhorar a segurança, mas até o momento eles não foram instalados. O bandido que entrou armado no Hospital ainda não tinha sido localizado e preso até o começo da noite de ontem. (J.B)