Política

Bancada roraimense discute crise migratória com presidente Temer

Deputados apresentaram documento com propostas para solução do fluxo de venezuelanos no Estado, entre elas, controle maior nas fronteiras

Parte da bancada roraimense se reuniu na tarde de ontem, 30, com o presidente Michel Temer (PMDB) para tratar da questão migratória no Estado. O encontro serviu para apresentar um documento com sugestões para solucionar o problema que causa transtornos tanto para brasileiros, quanto aos estrangeiros.

A audiência contou com a presença do deputado Remídio Monai (PR), autor da iniciativa, da deputada Shéridan Oliveira (PSDB) e dos deputados Carlos Andrade (PHS) e Hiran Gonçalves (PP) e ministros, além do presidente Michel Temer. Monai informou que os demais deputados também foram convidados, mas em razão da reunião ter sido definida na segunda-feira, 29, contou apenas com a presença daqueles que já estavam em Brasília ou que não tinham outros compromissos agendados.

À Folha, Remídio informou que foi pedido, entre outras coisas, o repasse de recursos para saúde e alimentação para os refugiados desabrigados, um programa de atendimento e assistência social para a regularização de documentos e triagem de necessidades básicas e o controle maior nas fronteiras. Até a suspensão provisória da entrada de novos estrangeiros foi solicitada, o que não foi acatado pelo Governo Federal. “O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) disse que as leis internacionais não permitem fechar as fronteiras em um caso humanitário desses, mas o ministro [da Casa Civil] Eliseu Padilha concordou comigo e pediu que fosse encontrada uma solução”, disse o deputado.

Comitiva de ministros deve visitar Pacaraima na próxima semana

Após a audiência, foi definida a visita de uma comitiva formada pelos deputados e com a presença dos Ministérios da Justiça, das Relações Exteriores, de Segurança Institucional e do Desenvolvimento Social e Agrário a ser feita in loco na fronteira de Pacaraima na próxima semana, dia 8.

Também foi definida a realização de um censo no Estado para mensurar a quantidade de estrangeiros e o perfil dos venezuelanos refugiados e firmado o compromisso de um aumento no controle da fronteira, para fazer uma triagem das pessoas que pretendem ingressar no país e coibir o tráfico de pessoas, crianças, drogas e armas.

O Governo Federal também confirmou o estudo da hipótese de criação de um campo de refugiados com hospital de campanha na fronteira para que os imigrantes não ingressem na cidade de Boa Vista e a possibilidade de fazer uma interiorização, ou seja, o recebimento dos refugiados pelos demais estados, com a oferta de abrigo e empregos.

Deputados avaliam positivamente resultado da reunião

Além de servir para delimitar ações concretas relacionadas à crise migratória em Roraima, o encontro também serviu para que os deputados relatassem a situação ao presidente e ministros. Para Remídio, por exemplo, o Governo Federal não tinha real conhecimento da extensão do problema e do impacto nos atendimentos de saúde, nas praças públicas e de pessoas dormindo nas ruas.

“Eles disseram que o número de imigrantes era muito pouco, que a Colômbia já recebeu 500 mil, que o Chile e Peru também foram afetados, e que o número de estrangeiros era insignificante para o Brasil. Realmente, para o país que tem 200 milhões, pode ser insignificante. Mas para Boa Vista, que tem cerca de 300 mil habitantes, é insuportável, tanto para os roraimenses e para os estrangeiros que chegam”, criticou Monai.

Apesar desta situação, os deputados avaliaram a reunião como positiva. “Nós estamos vivendo um verdadeiro colapso social. Os serviços públicos estão sobrecarregados em decorrência do número de venezuelanos que tem chegado a nosso Estado. É muito importante que o Governo Federal assuma seu papel nessa crise humanitária e o presidente se comprometeu em dar o suporte que o Estado precisa”, afirmou Shéridan.

Em suas redes sociais, o deputado Hiran Gonçalves informou que “o Estado não tem mais condição e estrutura para receber tantos imigrantes venezuelanos” e que é preciso a adoção de “medidas emergenciais para diminuir o sofrimento dos roraimenses e destas pessoas que são vítimas deste governo tirano da Venezuela e que tem causado tanto sofrimento aos seus nacionais”.

Por sua vez, o deputado Carlos Andrade afirmou que os parlamentares não podem ficar alheios a esta grave situação e, por isso, “a bancada de Roraima cobra providências emergenciais para esta dramática crise humanitária”. (P.C)