Cotidiano

BR-432 ainda é pouco utilizada

Caminhoneiros alegam que rodovia exige mais habilidade na direção; DNIT diz que, apesar de não concluída, BR é trafegável

A BR-432, projeto cujas obras foram iniciadas nos primeiros meses de 2016 e ainda não estão concluídas, é uma alternativa à BR-174, a partir do Km 500, na região Sul do Estado, e possui 60 quilômetros a menos em seu trajeto até Boa Vista. A rodovia começa no município do Cantá, em um entroncamento da BR-401, na rotatória de um posto de gasolina depois do loteamento Santa Cecília, e termina no quilômetro 500 da BR-174, localizado na vila Novo Paraíso, em Caracaraí.

Estima-se o gasto de R$ 80 milhões para a construção da BR-432, que deve ser concluída em janeiro do próximo ano. Para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a rodovia já está trafegável.

Apesar da possibilidade de um trajeto menor e, em tese, em um período mais curto, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Roraima, Valcir Peccini, afirmou que a rodovia ainda é tida como uma opção obscura devido a alguns problemas que ela ainda possui.

“Por enquanto, a BR-432 é tratada como uma segunda opção por diversos motivos. Primeiro por não ser tão reta quanto a 174, o que acaba exigindo mais habilidades de direção para um caminhão de carga muito pesada. Ela passa por mais vilas, o que interfere na velocidade da viagem, possui pontes que ainda não estão bem estruturadas e ser mais estreita. Mas ela é trafegável, mesmo não estando pronta. Vários caminhões chegaram a utilizar ela durante a interdição da BR-174 pelos caminhoneiros”, relatou.

Mesmo com as desvantagens, Valcir destacou que Roraima precisa da nova rodovia, uma vez que ajuda o Estado a ter mais opções de tráfego para outros estados. “Espero que as autoridades se empenhem para tornar ela boa, pois Roraima não possui mais condições de ter apenas uma rodovia que ligue o estado ao Amazonas. Fica complicado, principalmente quando surgem problemáticas. Por isso, fico no aguardo de termos mais esse caminho para usufruir para o transporte de cargas”, disse.

Segundo a superintendente do DNIT em Roraima, Delchelly Roberta de Souza, a BR-432 é trafegável, mesmo com algumas das problemáticas apontadas, por se tratar de uma obra em andamento. “Ela está com pequenos problemas nos desvios do lote 1, da vila Novo Paraíso, que até semana passada estava um lamaçal, devido à época de chuva. Mas isso já foi resolvido. Quando chuvas muito fortes ocorrem no local, é normal isso ocorrer, mas a empresa de manutenção resolve de forma rápida, após ser ativada”, afirmou.

Delchelly comentou que Roraima precisa da BR-432, para promover o potencial econômico do município do Cantá, além de ser considerado o melhor trajeto para uma possível instalação do Linhão de Tucuruí. “O Cantá possui um potencial de produção enorme, que será contemplado com a nova rodovia. Além disso, no dia em que o Linhão de Tucuruí for instalado dentro da Terra Indígena Waimiri Atroari, a linha de transmissão provavelmente vai passar pela BR-432, por ser um caminho mais viável, ser menor e mais barato que a BR-174”, explicou.

DESCONHECIDA – Apesar de ser uma alternativa viável, muitos parecem ainda não conhecer o potencial da BR-432. É o caso da Iranilde Carvalho, gerente administrativa de uma loja de roupas do bairro Buritis. “As transportadoras não costumam usar essa rodovia. É muito raro ela ser usada. Eu mesmo não me lembro de ouvir falar de um caminhão que usou ela para trazer produtos para a loja”, relatou.

Outro gerente de uma loja de roupas da mesma rua, Daniel Kallerd, afirmou não ter conhecimento da existência da rodovia com um caminho mais curto que a BR-174. “Pessoalmente, nunca tinha ouvido falar dessa BR. Não se houve comentar sobre ela em lugar nenhum. Pelo menos nunca ouvi um caminhoneiro ou motorista falando dela”, afirmou. (P.B)