Cotidiano

Aumento de preço poderá atingir mesmo aqueles que não tem carro

O consumidor roraimense passou a pagar mais caro pelo combustível na última semana. O preço da gasolina, produto mais consumido, passou de R$ 4,05 para R$ 4,25, podendo chegar a R$ 4,35 dependendo da forma de pagamento e em que zona da cidade o posto esteja localizado.

O reflexo deste aumento não é sentido apenas por aqueles que possuem veículos. O reajuste afeta outros setores, como o comércio, que paga mais caro pelo frete das mercadorias, podendo encarecer os preços ao consumidor final.

O economista Fábio Martinez afirma que o primeiro impacto é sentido nas bombas dos postos de gasolina. “As pessoas que tem carros e motos pagam mais caro para se locomover. Alguns passam a andar menos, visando a economia. Não deixam de utilizar o transporte, apenas diminuem a frequência com que fazem isso, na medida do possível”, explicou.

O impacto secundário acontece no setor de transporte de mercadorias. Os fretes aumentam, o que acaba encarecendo a mercadoria. Em Roraima esse reflexo é ainda maior, já que a única maneira das mercadorias chegarem às prateleiras é por via terrestre. “Nem sempre o empresário repassa esse custo para seus produtos. Na verdade eles suportam o reajuste por um tempo, pois as vendas não estão tão aquecidas para propiciar esse reajuste ao consumidor”, disse.

Já o setor de transporte público é o último a sofrer com o impacto. Como as tarifas são administrativas e em parte controladas pelo poder público, o reajuste ocorre uma vez ao ano. Para o presidente do sindicato dos taxistas, Marinho Jorge, esse aumento interfere nos ganhos dos taxistas. “Não podemos repassar esses aumentos para o consumidor. Este ano não reajustamos os preços, mas a prefeitura já autorizou. Não repassamos para o consumidor porque as coisas não estão fáceis. Cada vez mais perdemos clientes para motoristas de aplicativos. Se aumentarmos o preço ficamos praticamente sem trabalho”, lamentou.

O economista apontou mais um impacto, desta vez na conta de energia elétrica. Parte da energia produzida em Roraima vem de usinas termelétricas, que utilizam combustível fóssil para funcionar. “Quando houver reajuste na tarifa, as concessionárias vão pedir um reajuste maior devido ao preço do combustível”, pontuou.

PREÇO – Martinez afirmou que o Brasil tem um dos combustíveis mais caros do mundo devido a carga tributária. “O custo de produção nem é tão elevado, o que encarece são os impostos. O ideal seria um estímulo de políticas públicas voltadas ao uso de transporte coletivo, para não deixar as ruas tão engarrafadas e diminuir a poluição. Porém, não temos transporte público de qualidade. O poder público não fornece alternativa. País rico não é onde todo mundo tem um carro, mas sim onde as pessoas ricas andam de transporte público”, disse.

Um dos fatores que colaboraram para esse último reajuste foi a intervenção militar dos Estados Unidos na guerra civil da Síria. “Desde a mudança do Governo Federal, eles sinalizaram que as mudanças ocorreriam conforme a cotação mundial do preço do barril do petróleo. O que acontece é que o preço do barril só vem aumentando, hoje está em US$ 74, a maior cotação desde 2014. Houve uma escalada no preço devido a intervenção militar dos EUA na guerra civil da Síria. Isso gera instabilidade no oriente médio, uma das regiões que mais produz petróleo no mundo. Essas incertezas, claro que de via especulativa, determinam o preço dos combustíveis”, explicou.