Polícia

Após ser agredido por delegado, engenheiro denuncia caso no MP

O fato ocorreu na manhã de sexta-feira entre o engenheiro civil Lário Dantas Leitão e um delegado da Polícia Civil

Na manhã da última sexta-feira, 26, por volta das 11h40, o engenheiro civil Lário Dantas Leitão alegou ter sido perseguido e agredido por um delegado da Polícia Civil após uma briga de trânsito. O engenheiro registrou boletim de ocorrência no 1º Distrito Policial, localizado na Cidade da Polícia e, em seguida, foi até o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) para denunciar o caso. “Vou buscar todos os meus direitos possíveis e tudo dentro da lei. O delegado não pode ficar impune e também não deve repetir atos como este”, afirmou Dantas.

O caso ocorreu na Avenida Getúlio Vargas, no bairro São Pedro, zona leste da Capital. Lário estava chegando à sua residência, próximo ao horário de almoço, quando foi surpreendido. “Eu estava na faixa da esquerda da Avenida Getúlio Vargas, quase chegando à rotatória que liga a Avenida Major Williams. Tinha um caminhão parado próximo a rotatória. Foi quando percebi uma ‘pick-up’ atrás de mim, que foi encostando muito próximo ao meu carro. Ele chegou a menos de um palmo de distância, jogando o carro para cima de mim. Por pouco não provocou um acidente grave. Na mesma hora, minha reação foi buzinar e jogar luz alta. Foi quando começou a perseguição”, relatou.

De acordo com o engenheiro, após o ocorrido, o delegado começou a persegui-lo por alguns metros, proferindo palavras de baixo calão e xingamentos. “Ele esperou eu passar na rotatória, baixou o vidro e começou a xingar, falar palavrões e outras coisas. Ele continuou me seguindo e falando para eu parar o carro. Eu continuei dirigindo. Como vi que ele não ia parar e minha rua fica bem próxima do local, até para evitar que ele me seguisse até a porta de casa, parei o carro. Ele desceu e veio até mim”, prosseguiu.

Dantas alegou que tudo aconteceu muito rápido e que, em momento algum, iniciou a briga. “Ele veio em minha direção e continuou a me xingar, foi quando desci do carro. Nessa hora, ele me empurrou e me deu um soco na boca. Eu tentei me defender, mas poucos minutos depois um policial rodoviário federal apareceu e apartou a briga. Acho que ele estava passando pelo local e viu o que aconteceu. Até agora estou sem entender o que houve. Ele [delegado] não parecia estar em suas condições normais e sim alterado por algum motivo”, disse.

Após a briga, o engenheiro foi instruído por policiais que estavam no local a registrar o boletim de ocorrência no 1º DP. “Até então, eu nem sabia que o homem era delegado. Uma mulher que estava presente e testemunhou disse que ele é conhecido por se envolver nesse tipo de situação. Que já brigou com outras pessoas. Depois, chegaram outros policiais militares no local. Um deles tentou conter o delegado, mas o mesmo disse que não ficaria calado e nem seria preso por um ‘policialzinho’; que só seria levado por alguém com uma patente superior a dele”, lembrou.

Lário e a esposa, Janice Bessa Leitão, passaram quase três horas na delegacia registrando o boletim. Em seguida, antes de irem ao hospital, procuraram o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR). “Fomos atendidos pelo procurador Carlos Paixão. Como já estava no final da tarde, não conseguimos reunir todas as provas e fomos orientados por ele a voltar na segunda-feira, [29], com cópia do boletim, fotos e o que mais tivermos para oficializar a denúncia. Depois disso, procuraremos a Comissão de Direitos Humanos da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]. Farei tudo o que eu puder em busca dos meus direitos. Isso não pode ficar assim”, garantiu o engenheiro.

Para a esposa, o delegado precisa responder pelo ocorrido. “Fomos até muito pacíficos na hora. Já soubemos que ocorreram outros fatos envolvendo esse delegado. Alguém que trabalha em prol da nossa segurança, para realmente nos proteger, não pode tomar uma atitude como essa”, disse Janice.

OUTRO LADO – A Folha tentou entrar em contato com o delegado por telefone, mas as ligações não foram atendidas.

MPRR – A Folha tentou contato com o MPRR, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria, às 16h50 da tarde de ontem, 28. (C.C)