Polícia

Após colisão entre veículos, jovem fica preso às ferragens

Estudante foi encaminhado em estado grave para Pronto Socorro e ontem foi transferido para um hospital de São Paulo

Na madrugada de sábado, 1º, um estudante, 22 anos de idade, seguia pela avenida Pitombeira no seu carro modelo Onix, de cor branca, quando ao chegar no cruzamento da rua José Celestino da Luz, no bairro Caçari, zona Norte da cidade, colidiu contra o carro modelo Corolla, cor prata, que era conduzido por um advogado de 30 anos de idade. O impacto da batida foi tão forte que o estudante ainda atingiu um poste, que se partiu ao meio e o jovem ficou preso às ferragens do veículo.

De acordo com policiais que atenderam a ocorrência, testemunhas informaram que o condutor do Corolla apresentava sinais de embriaguez, e que o jovem que dirigia o Onix estava em alta velocidade. A polícia acionou o Corpo de Bombeiros, que conseguiu retirar o estudante que se encontrava preso dentro do automóvel.

Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também esteve no local e levou o jovem em estado grave para o Pronto Socorro Francisco Elesbão. Conforme informações policiais, ele precisou passar por cirurgia e foi removido no domingo, 2, em um avião fretado com UTI para o estado de São Paulo, onde passará por nova cirurgia.

O advogado, que sofreu algumas escoriações, também foi encaminhado ao pronto socorro, recebeu atendimento médico e, depois de liberado, foi encaminhado à Central de Flagrantes, no 5º Distrito de Polícia, onde foi ouvido e assinou termo circunstanciado. Ele pagou fiança de R$ 3 mil e teve sua Carteira de Habilitação retida.

AGRESSÃO – Uma equipe de reportagem de uma rede de TV local afirmou ter sido agredida por amigos e familiares do motorista do Onix. De acordo com a repórter Thayla Moraes, após a chegada da equipe do Corpo de Bombeiros, o cinegrafista Dárcio Pedroso estaria auxiliando na iluminação do local, quando começaram a ser agredidos.

O cinegrafista sofreu uma lesão do nariz e foi encaminhado para o pronto socorro. A repórter e o cinegrafista registraram Boletim de Ocorrência (B.O) na manhã de sábado, 1º, na Central de Flagrantes, do 5º Distrito de Polícia, identificando um dos agressores como sendo o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Joaquim Pinto Souto Maior Neto.

A Folha entrou em contato com o conselheiro que, por telefone, desmentiu as afirmações da equipe de reportagem agredida. Disse que ele, amigos e familiares do estudante que estava em estado grave, preso dentro do carro após a colisão, faziam um cordão de isolamento enquanto o socorro e a polícia não chegavam. Em um determinado momento, o cinegrafista chegou, acompanhado da repórter, e tentou filmar a vítima dentro do carro. “Nesse instante a mãe do garoto e todos os que estavam no local começaram a pedir para que ele parasse com a filmagem. A mãe, que é minha amiga, dizia que não era para filmar seu filho naquele estado”, relatou.

Ainda conforme Neto, o cinegrafista insistiu em filmar, mas ele foi tentando afastá-lo, empurrando-o para longe. “Eu dizia: Sai cara, sai, tu vais querer mostrar o rapaz agonizando? Tu queres ganhar ibope mostrando sangue? Ele me respondeu que eu estaria desrespeitando o direito de liberdade de imprensa”, lembrou.

Algumas pessoas teriam começado a agredir o cinegrafista quando perceberam que ele ainda tentava gravar as imagens. “Em meio à confusão, o cinegrafista caiu e as pessoas continuaram a agredi-lo, foi quando eu me ajoelhei na frente dele para tentar protegê-lo. A repórter que o acompanhava se ajoelhou do outro lado e acabou sendo agredida também quando foi interceder por ele”, relatou. “Quando o cinegrafista se levantou todo ensanguentado, dizendo-me: – Olha aí o que o senhor me causou! Eu disse, eu fiz isso com você? Você me viu fazer isso?”, disse ter perguntado aos dois.

O conselheiro afirmou que nunca se envolveu em confusão e que é totalmente contra qualquer tipo de violência. “Eu não respondo a nenhum processo, nunca levantei a mão para ninguém, nunca me envolvi em briga. Eu me defenderei e tenho testemunhas. Tenho consciência de que não toquei um dedo no cinegrafista que pudesse tê-lo machucado”, finalizou.

Em meio ao tumulto, um policial militar disparou um tiro para o alto, na tentativa de dispersar as pessoas. Porém, a arma dele sumiu. Em nota, o Governo do Estado informou que o policial participava da ocorrência, que teria sido agredido e que um dos agressores teria lhe tomado a arma, enrolado numa camisa e fugido. O homem teria fugido em uma saveiro, que foi abordada e vistoriada posteriormente, sendo que a arma, uma pistola PT-100, não foi encontrada.

Conforme o comandante geral da Polícia Militar, coronel Santos Filho, o caso será apurado por meio de sindicância a partir do que foi consignado pelo oficial do dia. Uma vez identificado o autor do crime, as medidas judiciais cabíveis serão adotadas no sentido de responsabilizá-lo pela apropriação de um bem do Estado, tratando-se de uma arma de fogo pertencente ao material bélico da Corporação.

Já o conselheiro Joaquim Neto relatou que o policial que efetuou o disparo estava trajando bermuda e camiseta, portanto, estava à paisana. “As pessoas pensaram até que ele fosse algum bandido. Não entendi porque ele caiu depois de atirar. Foi então que alguns presentes avançaram e bateram nele. Eu e mais três amigos meus mediamos a situação e o afastamos do tumulto, foi quando ele me informou que ele era policial”, explicou. (T.C)