Cotidiano

Alunos de Iracema estão há mais de uma semana sem ir à escola

Donos de empresas de transporte escolar alegam que não recebem pagamento do Governo do Estado desde o ano passado

Os alunos que residem na vicinal Serra da Prata, Vicinal Tronco e nas localidades próximas a BR-174 no município de Iracema, estão há mais de uma semana sem ter como ir para a Escola Estadual Dom Pedro II em razão da paralisação do transporte escolar. O motivo é a falta de pagamento das faturas pelo Governo do Estado.

De acordo com a moradora da vicinal Serra da Prata, Ozana Silva de Sousa, a preocupação dos pais é que, em nenhum momento, as atividades da escola paralisaram por conta da falta dos alunos, ou seja, atividades valendo ponto, bem como as provas que seriam aplicadas nesta primeira quinzena de junho para fechar as notas deste bimestre continuam marcadas.

“Pelo levantamento que fizemos são mais de 200 alunos perdendo aula há mais de uma semana. A justificativa apresentada pelo responsável pelo transporte escolar é que o Governo deixou de honrar com o pagamento das faturas há mais de sete meses e a situação se tornou insustentável por não conseguir mais realizar a manutenção dos veículos, abastecer e pagar os motoristas das rotas sem ter uma previsão de quando irá receber as faturas em aberto. Os maiores prejudicados nisso tudo são os alunos, que estão aflitos sem ter como entregar as atividades e participar das provas que estavam previstas para esta semana”, relatou.

Outro pai de aluno, que é servidor público e optou por não ser identificado, disse que, caso a situação não seja resolvida até o final desta semana, uma comissão será formada e os pais pretendem ir até o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) para protocolar uma denúncia sobre a paralisação e os efeitos negativos para os alunos, já que a escola continua com atividades normais.

“É um absurdo essa situação. Não culpamos a empresa, mas sim o Governo do Estado pela má gerência dos recursos públicos, provocando esse calote nos empresários que realizam o transporte escolar, ocasionando a paralisação da frota em quase todos os municípios. Meu sobrinho estuda em Rorainópolis e obtivemos a informação que até o final desta semana os motoristas das vicinais devem iniciar as paralisações em razão do atraso no pagamento”, comentou.

Empresário afirma que não teve como sustentar gastos

Um dos empresários que realiza o transporte escolar e optou por não ser identificado relatou à Folha que não teve mais condições de arcar com as despesas com o pagamento de tributos e encargos dos servidores contratados, salários e o combustível utilizado nos ônibus das rotas, forçando-o a recolher os transportes e aguardar a manifestação do Governo do Estado.

“Nosso transporte é realizado por uma frota de ônibus novos, todos de 2018. Foi um investimento alto e isso nos desmotiva a continuar com este serviço. Desde novembro de 2017, o Governo não nos paga nenhuma fatura e isso vem causando um enorme desgaste com nossos servidores. Sensível a este momento, o gerente do posto onde abasteço os veículos chegou a prorrogar o pagamento de minhas faturas por três meses, mas ficou insustentável”, informou.

OUTRO LADO – A reportagem da Folha procurou a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed), mas até o fechamento desta reportagem, às 19h, não obteve resposta quanto à demanda encaminhada. (R.G)