Cotidiano

Acompanhantes denunciam demora para realização de cesáreas de urgência

Falta de material para realização de partos cesarianos é motivo apontado por denunciantes

Preocupada com a situação das gestantes internadas no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, a dona de casa Mariana Damásio acionou a Folha para denunciar a demora para realizar cesáreas de emergência e outras irregularidades na unidade de saúde, como falta de materiais hospitalares e má qualidade da alimentação.

Segundo Mariana, que está acompanhando uma amiga, internada no pré-parto no setor das Orquídeas da Maternidade, existem pacientes no local que estão há mais de 48h esperando pela cirurgia. “Elas estão desde ontem aguardando. A minha amiga está com perda de líquido e em jejum aguardando essa cesariana desde ontem [anteontem]”, informou.

Conforme a denunciante, a unidade de saúde alega que a demora para a realização da cirurgia é a falta de gaze e compressa. “Os médicos se prontificaram a fazer a cesariana se a gente comprasse o material. Os familiares se juntaram, compraram tudo que precisa, mas a direção não autorizou a entrada dos itens na Maternidade. Problema que também não há previsão para chegada desse material”, afirmou. “Tem outra gestante já com mais de 40 semanas, esperando também o mesmo tempo para fazer a cesariana e ainda não teve o bebê por conta disso. A família também já conseguiu material, mas a direção não permitiu a entrada”, acrescentou.

ALIMENTAÇÃO – Além da falta de materiais, a acompanhante reclamou da qualidade da alimentação oferecida para as gestantes. “Às vezes, a comida servida na marmita vem crua. Ontem mesmo a gente jogou um mingau fora por conta de um cabelo que tinha dentro”, relatou. Para Mariana, a alimentação servida às gestantes não parece ser balanceada. “Servem frango, arroz, feijão, café, pão, cuscuz, esse tipo de coisa. Não tem nada de fruta, de salada, só a comida simples”, comentou. (P.C)

Dona de casa passou por problema parecido e filho nasceu com paralisia cerebral

A dona de casa Mariana Damásio, que acompanha a amiga na maternidade, sabe o que é passar problemas na unidade de saúde. Ela teme pela saúde da amiga, quando teve bebê na maternidade dois anos atrás, enfrentou situação semelhante.
Segundo a denunciante, o filho nasceu com paralisia cerebral por conta da demora no atendimento. “Eu tenho um bebê com paralisia cerebral devido à falta de oxigênio que ele sofreu, pela hora que passou de nascer. Eu fico muito agoniada com essa situação porque não é fácil. A luta que a gente tem. Não é fácil”, frisou.
Na época em que seu filho nasceu, comentou Mariana, a situação da maternidade já era ruim e não houve melhora desde então. “Passei 33 dias internada quando o meu filho nasceu, então sei bem como era. A situação continua a mesma, até pior”, afirmou. (P.C)

Compra de material já foi efetuada, diz Sesau

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu que já está trabalhando para solucionar de maneira imediata o abastecimento de materiais hospitalares como gazes e compressas na maternidade. “A compra já foi efetuada, no entanto, a empresa atrasou a entrega, motivo pelo qual já foi notificada para que cumpra o contrato imediatamente. Enquanto isso, a secretaria está providenciando o fornecimento imediato e até que o estoque esteja normalizado, os casos mais urgentes estão sendo priorizados”, informou.

Segundo a Sesau, a unidade tem recebido uma demanda crescente e “o atendimento a pacientes venezuelanas, para as quais não existem repasses financeiros, tem contribuído para o esgotamento dos insumos antes do planejado”.

Conforme a direção da unidade, não é solicitada a compra de materiais por parte dos familiares, mas caso eles façam, a orientação é que os itens sejam utilizados e o mesmo se aplica à alimentação, medicamentos ou outros itens que os familiares optem por adquirir. No entanto, a Sesau não comentou a informação de que a direção teria barrado a entrada dos materiais.

“Quando uma paciente chega à maternidade, a prioridade sempre será o parto normal, exceto em casos que requerem um cuidado diferenciado. A unidade sempre procura incentivar o parto natural, por ser o que gera menos riscos para mães e bebês. Se após estas medidas não houver dilatação, é adotado o parto cirúrgico, sempre priorizando as mães em estado mais urgente”, explicou.

Sobre a alimentação da unidade, a Sesau declarou que, “depois de constatar inadequações em relação à qualidade e a pontualidade da alimentação fornecida nas unidades de saúde do Estado, a Secretaria de Saúde multou a empresa responsável pelo fornecimento do serviço e está contratando uma nova empresa para esta finalidade, em vez de renovar o contrato atual. “O processo licitatório está em andamento e deve ser concluído nos próximos dias. Com isso, a intenção é melhorar significativamente a qualidade da alimentação servida em todas as unidades de saúde e não apenas no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth”, concluiu.

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