Cotidiano

Acompanhante denuncia falta de leitos e anestesia para cirurgias

Há mais de uma semana se dirigindo ao hospital para acompanhar a situação de amigos internados, denunciante relatou que a preocupação é social

A acompanhante de uma paciente do Hospital Geral de Roraima (HGR), que preferiu não se identificar, entrou em contato com a Folha para denunciar a falta de leitos e de anestesia para cirurgias. Há mais de uma semana se dirigindo à unidade hospitalar para acompanhar a situação de amigos internados, ela pontuou que a preocupação é social, tendo em vista que o HGR é a única unidade pública de grande complexidade no Estado.

Conforme relato da acompanhante, a amiga que mora no interior precisou ser transferida para a Capital por falta de medicamentos. Diagnosticada com um quadro grave de pneumonia, a paciente precisa de oxigênio 24horas por dia por não conseguir respirar sozinha. No sábado, 28, dia da entrada, a paciente teve que esperar aproximadamente duas horas no corredor até ser internada na enfermaria, por falta de leitos.

A denunciante lembrou que, nas propagandas, fala-se que os atendimentos estão sendo regularizados e realizados de forma igualitária. “Mas não é isso que a gente vê na entrada e dentro daquele hospital. Os pacientes que têm acompanhante são tratados de qualquer jeito, os outros, que não têm [acompanhante], são praticamente abandonados. Um corredor é um lugar desumano para uma pessoa doente ficar, seja qual for o problema dela”, ressaltou.

Além da falta de leitos, que tem provocado a aglomeração de pacientes nos quartos e corredores, ela informou que uma amiga que quebrou o pé não teve a cirurgia realizada por falta de anestesia na semana passada. “Comemoraram o Dia do Servidor, mas a realidade nos hospitais é diferente”, lamentou.

Segundo a acompanhante, o caso da amiga internada com pneumonia se agrava a cada dia em razão das circunstâncias de internação. Ela explicou que o médico que atendeu a paciente no interior sugeriu uma internação privada, a fim de que ela pudesse se recuperar com qualidade em razão do quadro, sem precisar dividir espaço com outros tipos de enfermidades. “Tem gente que bota a culpa em médico, mas eu estou lá quase todos os dias e posso dizer que não, a culpa é da gestão”, garantiu.

OUTRO LADO – Em nota, a direção do Hospital Geral de Roraima ressaltou que, houve de 2014 para 2017 um aumento de cerca de 40% nas demandas de atendimentos e internações na unidade. Em 2014, a exemplo, eram realizados cerca de 300 atendimentos por dia. Neste ano, a média de atendimento está em torno de 500 a 700, diariamente. “As equipes têm trabalhado para oferecer a melhor assistência possível à população”, informou.

Em relação ao abastecimento de anestésico, a direção da unidade de saúde esclareceu que um problema logístico gerou atraso na entrega do medicamento há uns dias e que, em razão disso, o anestesista chefe suspendeu, por questão de segurança, cirurgias eletivas, a fim de garantir o atendimento nos casos que necessitassem de cirurgias de emergência. A direção apontou que a situação já foi resolvida e que todas as cirurgias eletivas foram remarcadas.

Por realizar procedimentos cirúrgicos pela manhã, à tarde e à noite, inclusive no sábado durante o dia, a gestão explicou que existe uma demanda maior no setor de ortopedia e a ordem de atendimento é pela gravidade dos casos. “Pacientes em situações consideradas mais graves, naturalmente, têm prioridade”, afirmou.

Quanto ao anexo do Hospital Geral, a previsão de término da obra, conforme a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf) é no primeiro semestre do próximo ano. (A.G.G)