Cotidiano

ALC fomenta importação e preços baixos

Existem empresários comprando produtos direto dos Estados Unidos e China, o que possibilita vender com preços mais baixos que os de Manaus

Embora muitos consumidores ainda afirmem que não veem nenhuma vantagem nem sentiram diferença nos preços praticados por causa da Área de Livre Comércio (ALC) de Boa Vista, há vários empresários de Roraima que estão importando produtos dos Estados Unidos e China, o que possibilita que eles vendam alguns produtos com preços até mais baixos que os praticados em Manaus (AM), por exemplo.
A Folha tentou contato com dois empresários que utilizam os benefícios da ALC. Felipe Martinez, da EasyTech Informática, que importa eletrônicos e os vende a preços bem mais baixos do praticado no mercado local. Ele explicou que isso foi possível depois que se cadastrou junto à Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) para poder usufruir dos benefícios da ALC.
“Com isso, pude ter a suspensão do Imposto de Importação [II] e o Imposto de Produtos Importados [IPI] ao adquirir produtos em outros países, que se transformam em isenção a partir do momento que se finaliza a venda dentro do Município de Boa Vista”, disse. “Além disso, temos a redução de 12 para 4% no ICMS [Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços]. Já com os produtos nacionais, adquiridos de fornecedores do Brasil, temos a isenção de ICMS, Cofins [Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social], Fim Social, PIS [Programa de Integração Social] e IPI”, frisou.
Felipe Martinez afirmou que se pode chegar a um preço mais acessível ao consumidor final, em relação ao mercado local, devido à diferença de preços para quem não está na ALC para produtos importados, que chega em média a 40%. Já de produtos nacionais, vai depender da região em que se está comprando, mas pode chegar a 21%. “Esta é a razão pela qual, desde a implantação da ALC, que a Easytech vem oferecendo preços cada vez mais competitivos e produtos diferenciados, que dificilmente os consumidores encontravam em Boa Vista”, ressaltou.
Nos primeiros quatro anos de atuação na ALC, os produtos importados representavam cerca de 70% de venda na loja. Mas, hoje, com a alta constante do dólar, este número já baixou para 30%, conforme o empresário.
CADASTRO – Segundo o superintendente da Suframa em Roraima, Joel Cruz, hoje o número de empresas cadastradas no Estado chega a 3.815. Para novos empresários que queiram adquirir estes benefícios, basta cadastrar-se no site da Suframa (www.suframa.gov.br), clicar área de serviços e entrar no ícone CADASTRO.
“Para cadastrar-se é muito simples. O formulário vai pedindo os dados e, se por acaso não houver alguma informação pedida no momento, quando retornar, o cadastro vai estar naquele local onde parou”, disse.
Ao final, depois de preencher a página, será emitida uma série de documentos que é preciso levar para a Suframa a fim de que seja feita a vistoria. “Estando todos os documentos, o cadastro é liberado em, no máximo, 24 horas”, afirmou. (R.R)
Economista diz que falta informação a consumidores
Criada em 2008, com o objetivo de desenvolver Boa Vista e a região, os benefícios da Área de Livre Comércio (ALC) de Boa Vista podem ser sentidos pelos consumidores, que adquirem produtos mais baratos. Mas, segundo o economista Raimundo Keller, ainda não está funcionando 100% como deveria devido à estrutura logística e à falta de informação por parte dos empresários para os consumidores.
Segundo ele, ainda falta definição de regras do trâmite de mercadorias e pessoas da Venezuela no Mercosul, bem como a falta das condicionantes de logística da Guiana ao contexto de integração com Roraima. “São fatores que faltam para engrandecer a Área de Livre Comércio e que ainda não estão acontecendo”, frisou.
Para ele, entre os benefícios fundamentais da ALC está a isenção de alguns tributos para as empresas de Roraima, tais como o II (Imposto de Importação), IPI (Imposto de Produtos Importados), Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), Fim Social e PIS (Programa de Integração Social).
“Com esta isenção, o empresário que comprar mercadorias em São Paulo, por exemplo, poderá vender o produto com pelo menos 29,5%, abaixo do preço do regime normal de quem não está cadastrado na ALC e pagando toda tributação normal”, explicou.
Porém, ele ressalta que nem todas as empresas do Estado dispõem desta isenção devido aos empresários não terem procurado se cadastrar junto à Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manas). “Existem os critérios de cadastramento para que a empresa possa ter esses benefícios, mas o empresário deve procurar a Suframa para cadastrar-se e passar a ter os benefícios de quem já se cadastrou para poder vender mais barato e com extrema vantagem ao cliente”, frisou.
Para este fenômeno, o economista creditou o fator cultural da falta de informação ou do desconhecimento de boa parte da população sobre os benefícios oferecidos pela Área de Livre Comércio. “Esta falta de conhecimento por parte da população é o entrave que se tem para aplicarem-se os benefícios da ALC em sua plenitude”, disse. “Mas a ALC existe e oferece muitos benefícios para o empresário e para o consumidor final”.
Entre as causas apontadas pelo economista para que a população tenha, de fato, produtos mais baratos, está a falta de informações dos direitos do consumidor quanto às isenções dos impostos nas mercadorias. A isenção é para quase todos os tipos de mercadorias, menos para cosméticos, perfumaria, armas, munições, medicamentos, bebidas e veículos de passeios. (R.R)
Franquias estão pesquisando mercado de Roraima impulsionadas por isenções
A vinda de lojas e franquias de grandes redes nacionais para Boa Vista tem mudado o cenário do comércio local, abrindo concorrência, dinamizando o atendimento ao público, ofertando mão de obra e até mesmo mudando a relação do mercado com os consumidores.
Conforme o economista Raimundo Keller, o fator que tem atraído as mais variadas lojas de franquias dos grandes centros do Brasil para instalarem-se em Boa Vista são os benefícios provenientes da Área de Livre Comércio (ALC).
“Estas grandes lojas vêm para Boa Vista já utilizando os benefícios da isenção de impostos e quem ganha com isso é a população, com ofertas maiores de produtos e serviços de marcas famosas”, frisou.
Para o economista, a chegada destas marcas muda o cenário econômico local por abrirem postos de trabalho e também por serem contribuintes de impostos ao Estado e Prefeitura. “Isso contribui diretamente para o desenvolvimento do Estado e bem-estar das pessoas. Além de contribuir com o crescimento da mentalidade de alguns dos empresários locais, que terão que se adequar para uma concorrência sadia e educacional, já que alguns dos nossos empresários ainda precisam aprender como deve se portar em nível concorrencial e prestar atenção no que aquela marca que está chegando vem fazendo para fidelizar o cliente e dar ao consumidor uma condicionante diferenciada no mercado, agregando valor ao produto e prestação do serviço”, frisou.
PESQUISA – O economista afirmou que com a vinda de dois shoppings para Roraima, muitas franquias estão fazendo pesquisas de mercado no Estado e a maioria destas empresas acaba se estabelecendo. “Falo isso com a propriedade de quem foi consultado e solicitado para prestação de serviços de pesquisa de empresas de marcas que querem saber do hábito, da renda dos costumes e padrão de vida dos roraimenses para que avalie e possam se instalar no Estado. Chegamos a uma conclusão de que temos uma composição de renda que abraça algo em torno de 71% destas marcas que objetivam vir para Roraima”, frisou.
Para ele, este é um canal bastante favorável para que estas marcas, que hoje pesquisam o mercado, possam se instalar em poucos meses.