Cotidiano

4 casos são identificados na VE e autoridades temem epidemia

Sesau disse que aguarda confirmação oficial para emitir nota de alerta aos profissionais de saúde de todo o Estado. Brasil não registra nenhum caso da doença desde 1990

A Sociedade Venezuelana de Saúde Pública e a Rede de Defesa da Epidemiologia Nacional relataram que pelo menos quatro casos de paralisia flácida aguda relacionada ao vírus da poliomielite foram diagnosticados na cidade de Delta Amacuro, na Venezuela. Os casos foram identificados na comunidade indígena Warao, mais precisamente na localidade de La Playitadel Volcán, no município de Tucupita.

Os médicos que integram a Rede de Epidemiologia na Venezuela temem que a pólio se torne uma epidemia, como tem acontecido com outras doenças que já foram erradicadas e são evitáveis por vacinas, a exemplo do sarampo e a difteria, as quais têm sido identificadas com bastante frequência na comunidade Warao.

Segundo o comunicado emitido no início desta semana pela Sociedade Venezuelana de Saúde Pública, o local onde foram identificados os casos é uma área rural em que a cobertura vacinal é considerada baixa. A consulta da primeira suspeita ocorreu em meados de abril deste ano, após uma criança de cinco anos apresentar um quadro clínico de muita febre e incapacidade de ficar em pé, além de relatar forte dor nas articulações e na região lombar, dois sinais de alerta da doença.

Em seguida, as autoridades encaminharam os testes ao Instituto Nacional de Higiene Rafael Rangel (Inhrr), que identificou o poliovírus tipo 3 em lavouras. A criança infectada, segundo levantamento da equipe de epidemiologia da Venezuela, não possuía nenhum histórico de imunização quanto à prevenção de qualquer tipo de doença, estando sem nenhuma cobertura vacinal.

Em razão do trabalho de isolamento viral, após a suspeita deste primeiro caso, a equipe de epidemiologia intensificou as ações na comunidade e identificou dois outros casos de paralisia flácida aguda em uma residência próxima à casa do primeiro paciente.

Nesta nova pesquisa realizada pela equipe, foi descoberto que nenhuma dessas duas crianças recebeu as vacinas completas para prevenir a pólio. Por enquanto, as autoridades da área de saúde estão trabalhando com a suspeita que os casos registrados sejam do vírus da vacina contra a poliomielite. No entanto, em relatório datado de 5 de junho, a Rede Epidemiológica indicou que não conta com o apoio de exames laboratoriais para confirmar o vírus.

Sesau vai emitir nota de alerta após receber confirmação oficial

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que recebeu a informação não oficial de que quatro casos de poliomielite teriam sido notificados em Delta Amacuro, estado localizado na Região Nordeste da Venezuela, e que as autoridades de saúde devem emitir uma nota de alerta assim que for confirmada a informação recebida extraoficialmente. Os dados oficiais são repassados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). A nota de alerta será voltada aos profissionais de saúde de todas as unidades do Estado e alerta também a população, quanto às formas de prevenção da doença.

A DOENÇA – A poliomielite é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. A infecção se dá, principalmente, pela via fecal-oral (mais frequente) por objetos, alimentos e água contaminados ou por via oro-oral, quando a transmissão é feita pelo contato com a saliva, ao falar, tossir ou espirrar.

É considerado suspeito todo caso de deficiência motora flácida, de início súbito, em indivíduos com menos de 15 anos de idade, independente da hipótese diagnóstica de poliomielite, e também casos de deficiência motora flácida, de início súbito, em indivíduo de qualquer idade, com histórico de viagem a países com circulação de poliovírus nos últimos 30 dias que antecedem o início do déficit motor, ou contato no mesmo período com pessoas que viajaram para países com circulação de poliovírus selvagem e apresentaram suspeita de diagnóstico de poliomielite.

Brasil não registra nenhum caso desde 1990

No Brasil, não ocorreu nenhum caso desde 1990. Em 1994, o país recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o Certificado da Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem. No entanto, apesar da erradicação ter sido feita há 28 anos, o Brasil mantém a vacina no calendário nacional.

A partir de então, o país assumiu o compromisso de manter altas coberturas vacinais de forma homogênea e uma vigilância epidemiológica ativa, capaz de identificar imediatamente a reintrodução do poliovírus, adotar medidas de controle capazes de impedir a sua disseminação.
O uso correto e periódico da vacina protege contra os três sorotipos da poliomielite (I, II e III) e tem eficácia de até 95% quando recebidas as três doses.

Campanha de vacinação está prevista para agosto

Em Boa Vista, a meta de todos os anos foi acima de 95% do público-alvo. Em 2015, houve uma campanha de seguimento contra a poliomielite ou “paralisia infantil”, em que todas as crianças menores de cinco anos que chegassem às salas de vacinas recebiam a dose da vacina independente de já possuir as doses necessárias. Em 2016 e 2017, a vacina contra a poliomielite foi ofertada junto com as outras vacinas essenciais do calendário básico da criança durante a campanha de multivacinação.

A campanha para 2018 está prevista para acontecer em agosto, conforme calendário definido pelo Ministério da Saúde e será específica e de seguimento, como em 2015. As vacinas estão disponíveis nas unidades básicas de saúde o ano inteiro, independente das campanhas.

De um público-alvo de 6.755 crianças na capital, aproximadamente 865 ficaram sem receber a vacina em 2016. Em 2017, 977 ficaram sem vacinar. “É importante que os pais e responsáveis levem a sério a vacinação dos filhos, a única forma de prevenção da doença”, ressaltou a Prefeitura de Boa Vista. (R.G)