Polícia

Sete são presos como autores do homicídio de duas jovens

Corpos das vítimas foram encontrados no início do mês enterrados em covas rasas em um terreno baldio no bairro Tancredo Neves

Sete indivíduos foram presos ontem, dia 15, em cumprimento a Mandado de Prisão Preventiva, sendo apontados pela Polícia como os autores dos homicídios das jovens Janaína Cavalcante da Silva, de 20 anos, e Raniele Barros de Almeida, 19 anos. Elas estavam desaparecidas há pelo menos 15 dias quando os corpos foram encontrados em covas rasas dentro de um terreno baldio que fica na rua Belarmino Fernandes Magalhães, bairro Tancredo Neves, zona Oeste.

Segundo a Polícia, o crime foi motivado por rivalidade entre facções criminosas e aconteceu no dia 24 de julho, no entanto, o primeiro corpo foi encontrado no dia 3 de agosto, por volta das 22h, enquanto o corpo da segunda vítima foi localizado numa cova ao lado, na manhã do dia 4.

Dos sete presos, cinco foram apresentados à imprensa na tarde de ontem, tendo em vista que outros dois já estavam presos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) por crimes cometidos anteriormente. A Polícia afirmou que é possível que as ordens de execução das duas jovens tenham partido de dentro do presídio.

Os investigadores apuraram que as duas vítimas foram sequestradas, torturadas, mortas e enterradas. Assim que tomou ciência dos fatos, a Polícia Civil disse que iniciou a apuração, na intenção de desvendar o caso e chegar à autoria dos crimes.

A delegada-geral da Polícia Civil, Giuliana Castro, destacou que as duas jovens faziam parte de uma organização criminosa rival a que os executores pertencem. “Essas vítimas saíram de casa por volta das 22h com a finalidade de praticar crimes e encontraram-se com alguns dos que foram presos hoje [ontem], a fim de consumirem drogas. Em seguida, começaram a se autodeclarar integrantes da organização criminosa rival e a fazer chacota com a organização rival. Como a região é de pessoas que em sua maioria é relacionada à facção rival a delas, as jovens foram seqüestradas e levadas até o terreno onde foram executadas”, detalhou.

Giuliana também disse que antes da execução, os indivíduos entraram em contato com a liderança da organização criminosa que ordenou que ambas fossem mortas. A golpes de faca, as duas jovens que estavam com braços e pernas amarradas foram assassinadas e enterradas uma ao lado da outra.

Os mandados de prisão foram cumpridos contra: Gabriel da Silva Pereira, vulgo “Pequeno”, de 26 anos; Alex Alves da Silva, 19 anos; Célio Henrique Peixoto, 19 anos; Igor da Silva Oliveira, vulgo “Bago”, 18 anos; Matheus Felipe da Silva Oliveira, 21 anos; Henrique Muniz Gouveia, 20 anos; e Klayton Thiago Chaves, vulgo “Cleitão”, de 26 anos.

Eles vão responder pelos crimes de tortura, sequestro, duplo homicídio qualificado, organização criminosa e ocultação de cadáver. Para que fossem presos, os indivíduos foram monitorados previamente pelas equipes de inteligência. “É importante ressaltar que nossa Polícia tem atuado de uma maneira muito eficaz, muito competente. Tanto a Polícia Civil quanto a Militar estão diariamente tirando de circulação bandidos perigosos que tentam contra a vida da sociedade roraimense”, concluiu.  

O Distrito de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), presidido pela delegada Darlinda Viana, foi quem tomou a frente das investigações e contou com a parceria do Núcleo de Inteligência da Polícia Civil (NI), do 2o DP e do Departamento de Informação e Inteligência da Polícia Militar (DII/PM), com contribuição do Ministério Público Estadual (MPRR) que deu atenção ao caso. (J.B)

“Investigações continuam”, diz delegada-geral


 

Giuliana Castro (ao centro) reforçou que o crime não compensa e “leva à cadeia ou ao cemitério” (Foto:Wenderson de Jesus)

Durante a coletiva de imprensa realizada na tarde de ontem, no auditório do Departamento de Narcóticos (Denarc), a delegada-geral da Polícia Civil, Giuliana Castro, afirmou que as investigações ainda estão em curso e devem indicar outros envolvidos nos crimes. “Vamos localizar todos esses mandantes dos crimes para que eles possam receber as punições adequadas”, enfatizou.

Além disso, a delegada reforçou que os membros de facção que estão pelas ruas não têm poder de executar sem a ordem de um líder, por isso, outro trabalho de investigação está sendo feito para identificar e localizar os suspeitos. “A gente ainda não pode afirmar com precisão que as ordens dadas são de presos.

Existem suspeitas de que eles estejam dentro do sistema prisional”, salientou.

Outro ponto que deve ser investigado é o fato de uma grande quantidade de mulheres e adolescentes estar associada às facções. “Cada vez mais jovens e adolescentes têm enveredado pelo mundo do crime. Aqui no Estado, nós tivemos um aumento populacional exorbitante. Foi um aumento que alcançaríamos apenas no ano de 2040. Tudo isso associado à imigração desordenada, que traz o aumento da violência e a participação de mais pessoas nas organizações criminosas”, disse Giuliana.

Para a Polícia, o crime não compensa e todos os dias pretende demonstrar que estar na situação de membro de facção é estar sujeito a ir para a cadeia ou para o cemitério. “A gente recomenda que sempre há outra saída. O crime fornece para essas pessoas um suposto status, mas o que encontram é morte e destruição. Não vale a pena. Estamos vendo famílias sendo destruídas. Pedimos o reforço das nossas fronteiras para impedir que as armas e as drogas continuem chegando aqui em Roraima”, concluiu a delegada-geral. (J.B)