Cotidiano

Protesto de funcionários da Cerr é marcado por confusão e ação policial

Os portões da empresa de energia foram bloqueados por correntes e cadeados pelos manifestantes e representantes sindicais; equipe da PMRR foi acionada para liberar a passagem

A manifestação por atraso nos salários dos funcionários da Companhia Energética de Roraima (Cerr) na manhã de ontem, 16, resultou em confusão e envolvimento da Polícia Militar (PMRR). Os membros da Força Tática foram acionados para liberar a passagem já que os portões da empresa foram bloqueados com correntes e cadeados.

Os cadeados foram postos junto com faixas reclamando do atraso no pagamento referente ao mês de julho deste ano e exigindo respeito aos trabalhadores da companhia, também retirados pela PMRR. Na ocasião, os policiais chegaram a pedir que os membros da imprensa não registrassem o momento do corte dos cadeados. 

O presidente do Sindicato dos Urbanitários de Roraima, Gissélio Cunha, foi um dos poucos manifestantes que defendeu a medida frente à polícia, já que os demais se mantinham afastados da confusão, sentados à sombra. Depois do ocorrido, o sindicalista criticou o acionamento da equipe e falta de diálogo com a gestão da empresa.

“Preferiram chamar a polícia ao invés de dar satisfação para os seus empregados. A polícia fez o seu papel e retirou a obstrução – os cadeados e faixas. A gente lamenta porque é uma empresa do poder público, que deveria olhar pelo cidadão”, afirmou.

Sobre a ação polêmica de colocar cadeados nos portões e impedir o acesso das pessoas à Cerr, Gissélio afirmou que a medida teve o objetivo de chamar a atenção dos gestores da empresa. “A gente sabe que o direito de ir e vir é livre, ninguém quer impedir ninguém de trabalhar. Mas não acredito que um empregado que está mais de um mês sem receber vai ter prazer em adentrar na empresa para trabalhar”, afirmou.

DEMAIS REIVINDICAÇÕES – Além do atraso de mais de quinze dias do salário, Gissélio informou que existem outras demandas da categoria, como a falta do repasse de valores para o sindicato e brigas internas que não deixam que a associação tenha um representante da Cerr.

“A empresa se apropriou da receita do sindicato. São quase 350 empregados sindicalizados, onde a Cerr desconta do contracheque deles e não repassa para o sindicato. São aproximadamente R$ 100 mil que não foram repassados. O Sindicato dos Urbanitários está sem o representante da Cerr porque a companhia energética não libera a diretoria por questões particulares. Já encaminhamos cinco ofícios. Não liberam e nem respondem”, declarou.

Cunha também citou as informações desencontradas, já que os servidores continuam recebendo promessas não cumpridas pela gestão estadual. “No último dia 07 de agosto, entramos em contato com a gestão da CERR, onde nos foi garantido que no dia 10 efetuaria todos os pagamentos. A gente também sabe que o Governo emitiu uma nota informando que iria pagar a administração indireta no dia 14, mas os servidores também não receberam”, reclamou.

DEMISSÃO – Outro problema constante vivido pelos empregados da companhia, é a possibilidade de demissão desde a perda da concessão do fornecimento de energia para os municípios do interior do Estado, em janeiro do ano passado. Gissélio explicou que a categoria tem acompanhado de perto o caso, mas afirma que mais de 100 servidores já foram demitidos.

“A Cerr está demitindo pessoal sem o devido recolhimento dos valores tributários. A empresa, quando foi tirada a concessão, deveria ter chamado os funcionários com mais de 20 anos de casa e pago os direitos certinhos. A empresa recorreu alegando serem contratos nulos. Depois de duas décadas é que ela entende que o contrato é irregular e quer demitir o empregado sem os direitos trabalhistas. Isso é enriquecimento ilícito. A empresa demite à revelia”, criticou.

Além disso, o sindicalista reforçou que os empregados da Cerr cedidos para trabalhar para a Eletrobras Distribuição Roraima também estão com os salários atrasados. “Quando a Boa Vista Energia passou a operar em todo o interior, foram cedidos 57 empregados. Eles são pagos pela Cerr e depois a empresa manda a nota de débito para a Eletrobras. A Cerr não efetuou o pagamento desses empregados”, completou.

OUTRO LADO – Em nota, a Companhia Energética de Roraima informou apenas que o Governo do Estado está impedido de efetuar o pagamento dos servidores da Companhia devido ao bloqueio das contas sofrido esta semana, desta forma, impossibilitando a movimentação financeira. 

A nota diz ainda que o governo “está buscando soluções para o desbloqueio e, consequentemente, pagamento dos servidores da Cerr”. Sobre as demais reivindicações da categoria, o poder executivo preferiu não se manifestar.