Cotidiano

Potencial de Roraima é atrativo para produtores de soja que buscam lucrar sem agredir o meio ambiente

A produção de soja é um dos principais atrativos do estado e chama atenção por não agredir a natureza

Além de gerar desenvolvimento e lucro para o estado Roraima, a produção da soja e outros grãos também é bastante conhecida por não agredir a natureza em Roraima. Para os produtores do Estado gera satisfação em preservar o meio ambiente. Exemplo da afirmação é o produtor rural Geraldo Falavinha que faz parte desse grupo. Ele explica que nas fazendas de produção da família, o cuidado é redobrado. “Nós só trabalhamos em áreas que são permitidas. A não agressão à natureza é um costume que trouxemos de Santa Catarina e Mato Grosso”, relembra.

Segundo o Sistema de Informação Geográfica de Roraima (Sigerr), a reserva legal do estado é de 80% nos imóveis situados em área de florestas. Isso significa que somente 20% podem ser explorados. Nas áreas de lavrado, a reserva legal é de 35%, mas neste caso, 65% de imóveis podem ser usados em atividades produtivas. O Singerr também pontua que Roraima está entre os estados brasileiros que mais preserva a floresta amazônica. Aproximadamente 61,8% do território estão protegidos, e desse total, 46,3% são terras indígenas; 1,22% áreas militares e 14,27% por unidades de conservação.

Falavinha se tornou um dos exemplos entre os produtores. O trabalhador conta que em 11 mil hectares para plantio da Fazenda Tucumã, onde ocorrerá o Dia de Campo da Colheita da Soja 2017, usa apenas 5 mil. Assim, ele preserva mais do que precisa.

“A lei me permite usar 65% da área, mas eu não uso nem 50%. Tudo aquilo que a lei diz que é para preservar, a gente preserva. As águas dos nossos igarapés são águas limpas e a gente tem o maior cuidado com isso”, relatou o agricultor que realiza o feito de gerar grande produção em pouca terra, prática considerada comum para os produtores roraimenses.

Outro fator que faz parte dos cuidados do agricultor é a contensão da erosão. ”A gente ainda está aprendendo porque o solo daqui é um pouco diferente de Mato Grosso”, disse. Mas, segundo ele, os trabalhadores têm todo cuidado na hora de fazer as atividades, pois sabe que é da natureza que sai a comida que vai parar na mesa de cada cidadão.

O exemplo de seu Falavinha perpassa gerações, como é o caso do neto, Mateus Falavinha. Ele tem 22 anos e cursa Agronomia na Universidade Federal de Roraima (UFRR). A graduação foi escolhida justamente para tocar os negócios da família.

“Estou sempre buscando conhecer melhor a roça e com o que aprendi no curso tive conhecimento de pragas e doenças, melhorei o controle de nematoide e conheci novos cultivares de soja”, relatou o jovem. Para ele, essa é a forma de melhorar o potencial produtivo das áreas, além de ter o cuidado com a terra.

Todo trabalho é desenvolvido pela família do agricultor. Ele lembra que esse é um costume que trouxe de suas raízes. “Sempre gostei de trabalhar em sociedade. Eu e minha família juntamos forças para segurar todos no negócio”, conta.

Outras culturas – No estado, há outras culturas consolidadas que contribuem para o desenvolvimento de Roraima, como a plantação de milho e arroz, além da agropecuária. Os produtores também pretendem investir na produção de feijão e algodão, segundo contou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (FAERR), Sílvio de Carvalho.

“Cerca de 6 mil hectares de milho estão sendo plantados, o que vai gerar produção de aproximadamente 36 mil toneladas de grãos. De arroz, foram plantados 10 mil hectares, o que corresponde a 80 mil toneladas de produto”, relatou Carvalho.

“O feijão é uma cultura nova que estamos introduzindo no estado”, diz Denarium. “Quando o produtor colhe a soja, ele faz o plantio de feijão e nós temos a expectativa para esse ano demais de 5 mil hectares de plantio de feijão”, conforme informou o presidente da Colheita da Soja 2017 (Coc Soja), Antônio Denarium.

Ele revelou, ainda, que os produtores pretendem trabalhar com o plantio de algodão a partir de 2019. De forma harmoniosa, os produtores de grãos também estão investindo na agropecuária. Prova disso é a criação do primeiro frigorífico – Frigo 10 – privado de Roraima. A expectativa é exportar para a Venezuela e países do Caribe.

A tendência é fazer o mesmo que já é feito com a soja. Além de vender para compradores locais, os grãos são exportados para outros países. A integração entre lavoura e pecuária é a forma que esses trabalhadores encontraram para mudar a base da economia do estado. Estima-se que todas essas atividades do ciclo do Agronegócio roraimense, vão arrecadar quase R$ 1 bilhão de reais nos próximos anos. Assim como é o sonho de diversos agricultores, Antônio também busca atrair a atenção de novos investidores.

Pontos positivos – Assim como o pai Geraldo, José Milton também trabalha no ramo de grãos. Ele enxerga em Roraima com grande potencial de crescimento. “Temos boas rodovias para escoamento até Itacoatiara, no Amazonas, o que ajuda muito já que o plantio da soja aumentou 30% em relação ao ano passado”, ressaltou.

Outro ponto favorável, conforme Denarium, é a localização do estado. “Estamos em uma região diferente do Brasil, acima da linha do equador. Nosso calendário de plantio aqui é o mesmo calendário americano, ou seja, plantamos soja em Roraima na entressafra do Brasil”, explicou.

Segundo ele, esta é a vantagem competitiva porque possibilita a produção de duas safras no mesmo ano. “Quando termina a colheita em Mato Grosso, por exemplo, se inicia o plantio aqui em Roraima”.

COLHEITA 2017 – A V edição da Abertura oficial da Colheita da Soja será nos dias 1º e 2 de setembro com variada programação. No primeiro dia, o evento contará com palestras técnicas no Centro Amazônico de Fronteiras (CAF) da universidade federal de Roraima (UFRR), a partir das 19h, com duas palestras de pesquisadores renomados.

Uma com o tema “Mudança climática antropogênica – norteando interesses geopolíticos contra o brasil”, de Ricardo Augusto Felício. E a outra, “O panorama da oferta e demanda e tendências do preço da soja, com Miguel Biegai.

No segundo dia a celebração será na Fazenda Tucumã de Geraldo Falavinha, localizada na região do Taiano, no município de Alto Alegre, Norte de Roraima, a 77 km de Boa Vista, com a largada da Colheita, exposição, show dançante e almoço.

“O evento de abertura da colheita vai ocorrer em uma propriedade onde, há quatros anos era apenas um lavrado com baixa produção. Vamos mostrar como foi possível desenvolver uma agricultura com plantio de soja, milho, além da pecuária”, concluiu Denarium.