Cotidiano

Fluxo imigratório causa impactos na saúde, educação e segurança pública

Esse foi o diagnóstico apresentado durante a audiência pública realizada nesta sexta-feira, 18

Abalo na saúde, na educação e na segurança pública, com impactos negativos para a população do Estado de Roraima, são os principais efeitos causados pelo grande fluxo imigratório que chega à região, principalmente vindo da Venezuela, país que faz fronteira com Brasil pelo município de Pacaraima, a 215 km de Boa Vista.

Esse foi o diagnóstico apresentado durante a audiência pública realizada nesta sexta-feira, 18, no plenário Deputada Noêmia Bastos Amazonas, pela Comissão Externa da Crise de Imigrantes de Venezuelanos no Estado de Roraima, da Câmara dos Deputados, que tem como presidente o deputado federal Carlos Andrade.

O resultado da audiência, que foi aberta pelo presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Jalser Renier (SD), e contou com a participação de diversos órgãos das esferas municipal, estadual e federal, subsidiará o documento que a comissão encaminhará ao Governo Federal, informando a atual situação do Estado e pedindo a liberação urgente de recursos.

O segmento mais afetado é o de saúde, com registro de grande número de notificação de doenças que já haviam sido erradicadas no Brasil como o sarampo e a difteria. Assim como a malária, que antes se manifestava em pessoas que ficavam expostas ao mosquito em áreas próximas aos rios e igarapés. Agora está presente em todos os bairros de Boa Vista e demais municípios.

“A imigração não é o principal fator causador da crise na saúde, mas agravou bastante todos os problemas que já existiam e criaram outros novos” disse a presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Blenda Avelino Garcia, ao mostrar dados do aumento crescentes de imigrantes venezuelanos nas unidades de saúde da Capital como a Maternidade Nossa Senhora de Nazaré, que no ano passado atendeu 1.681 pacientes, enquanto que no quadrimestre deste ano já registrou 1.386. Fato semelhante acontece no Hospital da Criança e tende aumentar com o período chuvoso.

O prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato (PRB), disse que o município é um dos mais afetados por conta da proximidade com a cidade de Santa Elena, na Venezuela, que mesmo antes da imigração o setor de saúde já atendia os venezuelanos, e que atualmente a situação apenas se agravou. “Medicamentos que comprávamos para atender a população durante 60 dias, agora só dura 10 dias. No ano passado aumentou em 50% nossa demanda com consultas médicas e em 30% as odontológicas. Antes atendíamos 20 a 30 pessoas por dia, hoje subiu para 100”, disse, ao chamar a atenção para o aumento de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis), de prostituição e de desavenças culturais entre os índios da etnia Warao e os indígenas do Brasil.

A área de educação, segundo ele, foi também muito afetada e hoje 39% dos alunos atendidos são venezuelanos. “Tínhamos muitos problemas com a segurança pública, mas felizmente reduziu com a presença mais efetiva do Exército e da Força Nacional na fronteira. O que pedimos das nossas autoridades que tenham um olhar diferenciado com o município por hoje ainda sofremos muito com a saúde, pela estrutura que ainda é a mesma para a população que tínhamos a quatro anos, e na educação por conta da infraestrutura para atender as crianças porque temos superlotação e as escolas são precárias”, afirmou.

A deputada Angela Águida Portella (PP), autora do requerimento da audiência pública, que preside a Comissão de Direitos da Família, da Mulher, da Criança do Adolescente do Idoso e de Ação Social, ressaltou que a audiência está mostrando por meio de dados os impactos econômicos, sociais e ambientais que Roraima está vivenciando por conta da crise imigratória.

“A ideia é que ao final desta audiência façamos um documento para encaminhar ao Governo Federal e a quem de fato pode mudar essa realidade do Estado, para que venha dar o suporte necessário para Roraima passar por essa situação sem atropelos, uma vez que está quase insuportável a situação, haja vista que a crise trouxe um número de pessoas que o Estado não pode comportar, sendo grande o impacto na área da saúde, educação e segurança pública”, disse.