Cotidiano

Empresário denuncia que foi agredido pela polícia por fazer filmagem no HGR

No vídeo que empresário estava fazendo, ele reclama da falta de médicos e de equipamentos no Hospital Geral de Roraima

O empresário J. C. S. R. denunciou à Folha que foi agredido por policiais militares após fazer um vídeo reclamando da falta de médicos durante o atendimento no Hospital Geral de Roraima (HGR), no início da semana. Após o ocorrido, o autônomo afirma que entrará com uma ação judicial contra os responsáveis.

Ele disse que registrou um Boletim de Ocorrência (BO) no 1º Distrito Policial. “Não mereci passar por esse constrangimento e entrarei com uma ação. Espero que as autoridades tomem as devidas providências”, disse. O fato aconteceu na noite segunda-feira, 22, por volta das 20h, quando o empresário chegou ao HGR acompanhando a esposa, que está há cerca de uma semana com diarreia, febre, dor de cabeça e sentindo dores abdominais. “O local estava superlotado, mas conseguimos prioridade porque o problema dela era grave. Depois de algum tempo, o médico que nos atendeu passou alguns exames”, relatou.

Após receber o resultado, às 23h, segundo ele, não havia um médico para analisar o resultado dos exames. “Foi quando comecei a me filmar falando sobre a falta de dignidade na hora do atendimento e da falta de profissionais. Nesse momento, três policiais me abordaram e, mesmo com a minha colaboração, como mostra o vídeo, eles começaram a me agredir com brutalidade e me prenderam alegando que eu não poderia filmar ali”.

J. C. afirmou que em nenhum momento gravou vídeo mostrando servidores ou prejudicando a imagem das pessoas que estavam no local. “Eu apenas queria resguardar o meu direito de reclamar como um cidadão de bem, que paga impostos e merece um atendimento adequado nas unidades de saúde”, frisou.

O empresário disse que foi arrastado na frente de dezenas de pessoas e que foi “jogado” no veículo da Polícia Militar (PM). “Além da vergonha que passei, os policiais levaram cerca de 30 minutos para sair do hospital e me conduzir até a delegacia, propositalmente. Eu sofro de claustrofobia e quase morri sufocado por conta da situação, fiquei pedindo socorro e que me levassem logo”, relatou.

Na delegacia, conforme o autônomo, os policiais alegaram que ele estava atrapalhando o serviço no hospital. “Fui obrigado a tirar minhas roupas e a ficar dentro de uma cela algemado. Quando fui atendido pela delegada plantonista, ela disse que eu não estava errado em procurar por meus direitos, que não havia Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra mim e que o rapaz do hospital não quis prestar queixa. Então fui liberado”.

PM – A Polícia Militar afirmou, em nota, que o acusado foi detido por estar causando “perturbação no ambiente hospitalar”, e que outros crimes e contravenções correlacionados serão apurados. “Todos os procedimentos realizados na abordagem e condução foram feitos de forma a garantir a segurança da população, do abordado e da equipe policial militar”, frisou.

Afirmou que o cidadão que se sentir vítima de excesso durante a abordagem policial pode procurar a Corregedoria da PM, localizada na Avenida Glaycon de Paiva, 588, bairro Mecejana, que fica dentro das instalações do Palácio Latiffe Salomão, para que a conduta seja devidamente apurada.

SESAU – A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) ressaltou que a orientação aos profissionais da saúde é que só acionem a polícia se houver uma situação grave de calúnia, injúria, difamação ou que coloque em risco a ordem e a integridade física dos servidores. “Além disso, as unidades de saúde procuram resguardar o direito de imagem de pacientes e de funcionários, que é amparado pelo artigo 5º da Constituição Federal”. (B.B)

Denunciante reclama da falta de profissionais e equipamentos

Após o problema em relação ao atendimento e a denúncia de agressão sofrida no Hospital Geral de Roraima (HGR), o empresário J. C. demonstrou insatisfação com a falta de equipamentos e de profissionais naquela unidade de saúde. “Enquanto esperávamos o resultado dos exames, minha esposa precisou de um porta-soro hospitalar para receber o medicamento, mas como não tinha disponível, tive que usar esparadrapos para colocar o soro na parede”, relatou.

Em relação à ausência de médicos, J. disse que os profissionais devem ter mais competência e que as autoridades precisam fiscalizar. “Quando um médico sai do seu serviço, o outro deve estar na porta esperando para dar continuidade ao trabalho, o que não acontece. Trinta minutos é muito tempo para quem está doente e sentindo dores. É uma vergonha”, acrescentou.

SESAU – A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) ressaltou que a direção da unidade está à disposição para esclarecer as dúvidas da população quanto ao atendimento. “Se ainda assim o cidadão sentir-se insatisfeito com o atendimento ou com a falta de equipamentos, a orientação é que seja formalizada uma denúncia na Ouvidoria do SUS para que as providências sejam adotadas de imediato”, destacou. (B.B)