Política

Ex-senador Mozarildo anuncia saída do PTB após entrada do senador Telmário

Sem mandato, Mozarildo Cavalcanti comunicou sua renúncia da presidência da executiva regional do PTB e sua desfiliação da sigla

Após o anúncio da entrada do senador Telmário Mota no PTB, o ex-senador Mozarildo Cavalcanti anunciou, na terça-feira, que deixou o partido. Em entrevista à Folha, o ex-presidente do diretório regional informou que deixou o PTB “devido ao rumo partidário diverso adotado nacionalmente pelo partido”.

Cavalcanti disse que compreende que a legenda precisa investir em boa composição para manter sua estruturação partidária no Senado, visto que outros senadores deixaram o partido. “O presidente me chamou e disse que existem três senadores no PTB, hoje em dia, de malas prontas para sair do partido. E com a entrada de Telmário Mota, eles teriam direito à liderança e a participar de comissões, o que não vem acontecendo hoje, visto que o partido está com número de senadores reduzido”, justificou.

Ele explicou que o líder do PTB pediu que ele permanecesse no partido, mas o ex-senador disse que, apesar de não ser desafeto político de Telmário Mota, tem estilo diferente. “Não tenho nenhuma briga com o senador Telmário Mota, mas nosso estilo de ser e fazer política é muito diferente. O senador tem condutas que não aprovo. Então, não tenho como ficar no partido onde fui presidente desde 2005”, disse.

Em carta endereçada ao líder do partido Roberto Jefferson, Mozarildo Cavalcanti agradeceu o prestígio que sempre recebeu e disse que sabe que o partido tem que priorizar a composição partidária. “Por isso, estou, por meio desta, renunciando ao honroso cargo de presidente do PTB em Roraima, bem como me desfiliando do partido. Enviarei nos próximos dias a prestação de contas do PTB em Roraima, deixando o partido sem nenhuma pendência”, diz o documento.

DEFINIÇÕES – O ex-presidente do PTB em Roraima disse que ainda não definiu a qual partido pretende se filiar, mas sabe os que não pretende. “Vou pensar, analisar e ver como fazer. Sei que não irei para o PP, pois não sou do grupo político da governadora [Suely Campos], não vou para o PMDB do senador Romero Jucá e muito menos para o PSDB de Anchieta Junior. Os outros partidos não vejo nenhum problema. Vou analisar com calma”.

ESVAZIAMENTO – A saída de Mozarildo Cavalcanti acontece no mesmo dia em que os senadores Elmano Férrer (PI) e Zezé Perrela (MG) também deixam o PTB e se filiaram ao PMDB. Eles devem integrar a “super bancada” que o PMDB formou no Senado, garantindo, conforme o critério da proporcionalidade partidária, a escolher primeiro os principais postos da Casa, como a presidência e o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O PTB perdeu muitas cadeiras nos últimos anos. Só em 2014, viu quatro de sua bancada de seis parlamentares deixar a Casa. Mozarildo Cavalcanti e Gim (DF) fracassaram em suas tentativas de reeleição. Epitácio Cafeteira (PB) e João Vicente Claudino (PI) encerraram seus mandatos — Claudino foi substituído pelo correligionário Elmano Férrer.

A prova desta perda de espaço político foi representada nas eleições de 2016, quando o PTB elegeu 21 prefeitos, um número bem abaixo dos 41 prefeitos que o partido elegeu em 2012.  Agora, com a saída de mais dois senadores, deve deixar de ser a sétima bancada do Senado e passará para o fim da fila.