Cotidiano

Zona Oeste foi a mais castigada pela chuva

Bairros Pintolândia, Bela Vista e Senador Hélio Campos foram os que mais apresentaram pontos de alagamento

A chuva que caiu na manhã de ontem voltou a causar transtornos aos moradores da Capital. Foram pouco mais de quatro horas de chuva, mas o suficiente para expor os problemas de infraestrutura em alguns bairros boa-vistenses. As situações mais críticas foram registradas na zona Oeste. Na Rua José Renato Hadad (antiga S12), no bairro Pintolândia, moradores ficaram ilhados. O nível da água estava tão elevado que estava quase à altura do joelho.

“Em praticamente todas as casas da rua, há um batente na porta justamente para evitar que a água entre. Infelizmente, toda vez que chove alaga tudo e a gente já não sabe mais para quem recorrer”, protestou a aposentada Rosa Barbosa, de 56 anos.

Residindo no bairro há dois anos, o motorista Alexandre da Cruz, 29 anos, afirmou à Folha que o problema na rua é antigo e os moradores que estão há mais tempo enviaram comunicados à Prefeitura sobre a situação. “Já foram feitos quatro abaixo-assinados, reclamações no 156, reuniões com secretários, mas a situação continua a mesma. Eles dizem que vão resolver o problema, mas nada acontece. E olha que nem estamos ainda no período mais crítico. Foram só algumas horas de chuva”, disse.

Sem outras alternativas, os moradores se arriscam em meio à água represada. Por conta da quantidade de lixo, o risco de contágio de doenças como a leptospirose, causada pela urina de rato, se potencializa. “Uma situação dessas é ruim demais. Desde quando cheguei a este bairro, é a terceira vez que eu e minha família passamos por esse sufoco. A Prefeitura tem conhecimento do problema, mas não toma providências”, declarou o estudante Franciel Antônio, 16 anos.

O jovem ressaltou que a administração do município garantiu aos moradores que a rua seria incluída no projeto de mobilidade urbana. No entanto, até o momento, os moradores ainda aguardam o início dos serviços.

“A única resposta que eles dão é que vão incluir a rua no projeto de mobilidade, só que até hoje a gente não viu nenhuma obra sendo iniciada. Para sair daqui só mesmo de carro, e isso quando não atola”.   

HÉLIO CAMPOS – Na Rua Francisco Chagas dos Reis (antiga S30), no bairro Senador Hélio Campos, a grande quantidade de água barrenta que fica empossada na frente das casas dificulta a saída dos moradores, principalmente para quem tem moto, bicicleta ou precisa andar para pegar transporte coletivo.

“A chuva começou bem fraca, lá pelas 4 horas da madrugada, mas foi suficiente para deixar tudo alagado. Para a gente não pisar na lama, o jeito é andar próximo ao muro ou jogar alguns tijolos no meio do caminho, porque nem calçada tem”, disse a dona de casa Claudete Ramos, 36 anos.

PREFEITURA – Sobre as ruas Francisco Chagas dos Reis, antiga S30, no Senador Hélio Campos, e José Renato Hadad, antiga S12, no Pintolândia, a Prefeitura de Boa Vista informou que ambas receberam obras de drenagem e em breve deverão ser incluídas nos projetos de pavimentação.

Ruas se tornam armadilhas no Sílvio Leite

Na Rua Casemiro José da Silva, no bairro Sílvio Leite, zona Oeste, o problema é ainda pior. Além da água empossada, a malha asfáltica passou a ser um perigo para ciclistas e motociclistas que trafegam pela área.

“Essa rua é um perigo para todo mundo. Além de estar coberta pela lama, a gente tem que rezar para não cair em um buraco. Já vi pelo menos duas pessoas se machucarem por conta disso”, relatou um morador.

  Na Avenida São Joaquim, uma parte da via parece não possuir nenhum sistema de escoamento de água. Muitos moradores reclamam que toda vez que os carros passam, a água invade as residências. “Na época de inverno é sempre assim. Toda vez que chove a água represa na avenida. Por sorte, a chuva nem foi forte. Porque, se fosse, com certeza estaríamos com balde e esfregão na mão para tirar a lama de dentro de casa”, ressaltou a balconista de loja Thatiana Brito, 30 anos.

PREFEITURA – Em relação aos transtornos relacionados ao bairro Sílvio Leite, a Prefeitura de Boa Vista explicou que as reclamações estão ocorrendo devido às obras da rede de esgotamento sanitário, de responsabilidade do Governo do Estado.

No Jóquei Clube e Bela Vista, problema é falta de pavimentação

Diferente da situação dos bairros Pintolândia, Senador Hélio Campos e Sílvio Leite, os problemas no bairro Jóquei Clube, também zona Oeste, são ainda mais delicados. Há cerca de 10 anos, a falta de pavimentação asfáltica tem sido um dos fatores que mais prejudicam os moradores daquela localidade.

Nas ruas Abdala Habib Fraxe, CJ12, CJ2 e Prof. Valdecir Botosi, sair de casa em tempos de chuva se torna uma aventura desagradável para os moradores, que também não dispõem de calçadas para trafegar. “Essa situação está assim há 10 anos, e a Prefeitura sempre se fazendo de omissa. Diz que vai arrumar e não arruma. Entra inverno e sai inverno e os moradores nem conseguem sair de casa. Isso é uma falta de respeito com o cidadão”, relatou um morador que não quis se identificar.

BELA VISTA – No bairro Bela Vista, localizado próximo à saída para o Sul do Estado, o problema também é o mesmo. Sem asfalto e sem sistema de drenagem, parte da Rua Rio Negro virou uma extensa lagoa, dificultando o trânsito de pessoas. “A Prefeitura deveria agir o quanto antes. Esse é um problema que eles já conhecem há muito tempo. Então, não tem porque eles enrolarem tanto”, ressaltou o mecânico Carlos Pena, 40 anos.

PREFEITURA – Por meio de nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que a Rua Rio Negro, no Bela Vista, já está em licitação para receber drenagem e pavimentação. A previsão é que os trabalhos comecem no segundo semestre deste ano.

Sobre os problemas no Jóquei Clube, a prefeitura esclareceu que aguarda a implantação da rede de esgoto para posteriormente incluir o local em projetos de asfaltamento. (M.L)