Jessé Souza

Sem espaco para o ser humano 4719

Sem espaço para o ser humanoUma amiga virtual de redes sociais publicou em seu perfil, nesta segunda-feira, uma declaração pública dizendo que saiu da condição de inerte frente à questão da onda migratória de venezuelanos, para uma pessoa que despertou para a necessidade de também fazer algo para amenizar a triste realidade dos estrangeiros que precisam de algum tipo de ajuda.

Foi uma declaração longa, chamado por aqueles adeptos de rede social de “textão”, pois quem habita este mundo paralelo costuma não tolerar leitura mais aprofundada; preferem as postagens rápidas, curtas, como se este espaço não pertencesse àqueles que querem se expressar de forma mais detalhada.

O fato é que esse “textão” chamou a atenção para dois fatos. Um deles é que a crítica e o ódio são, realmente, mais barulhentos, enquanto a solidariedade e o amor são silenciosos. Sim, a maioria da população roraimense não odeia os venezuelanos, como os barulhentos repercutem na internet, e está disposta a ajudar dentro de suas possibilidades ou acomodação.

O outro fato é que muitos estão enxergando essa questão pelo lado materialista, ou seja, esquecendo que acima dos problemas socioeconômicos está a questão humanitária. Há pessoas que estão enxergando que os estrangeiros vieram aqui para pegar nosso dinheiro e levá-lo embora, tomar nossos empregos e até os benefícios sociais dos mais pobres.

É como se os imigrantes fossem uma ameaça ao nosso bolso de contribuinte. Nesta visão, não há espaço para solidariedade, humanismo, caridade ou algo neste sentido. As pessoas, diante desse mundo em que vale o materialismo, anulam qualquer espaço para pensar no outro como ser humano que precisa de ajuda.

Até mesmo alguns que se dizem religiosos estão esquecendo o maior mandamento cristão, que é o amor, para espalhar o ódio ou desconfiança aos estrangeiros, como se todos que chegassem do país vizinho estivessem com doenças infectocontagiosas, fossem prostitutas, bandidos ou espertalhões a serviço da maldade.

Então, diante disso, só resta usar o último trecho da postagem da amiga virtual: “Convido aos que ainda mantêm suas opiniões negativas em relação aos venezuelanos que vivem à margem da nossa sociedade, deem uma ida à rodoviária e conversem com essas pessoas, olhem nos olhos daquelas mães, pais, crianças, rapazes e moças, homens e mulheres, os ouçam… E se isso não transformar sua concepção e o seu preconceito em relação aos fatos, meu irmão, então você não conhece o sentido da palavra amor!”

*[email protected]: www.roraimadefato.com.br