Parabólica

Parabolica 30 04 2018 6105

Bom dia,

Estamos nos aproximando do período eleitoral, apesar da maioria dos pré-candidatos já estarem em plena campanha, ainda tem gente falando na possibilidade de renovação dos quadros políticos no Brasil, e em Roraima. Sem essa possibilidade, é comum ouvir eleitores afirmando que no cenário que se está configurando, não estariam dispostos a comparecer as urnas para votar, e mesmo que venha a comparecer as sessões eleitorais, votariam em branco ou anulariam o voto. É claro, não comparecer às sessões eleitorais ou votar em branco ou nulo, decididamente, não contribui para o aperfeiçoamento da democracia, que tem lá seus defeitos, mas até agora não inventaram nada melhor para estabelecer a convivência entre as pessoas e entre essas pessoas e o Estado.

E será que existe possibilidade de renovação do quadro político local? Pelo que se observa, já a esta altura do processo eleitoral, vários nomes sem experiência política, aparecem como opção dessa renovação que muitos eleitores dizem querer. É gente do meio universitário, pequenos empresários, profissionais liberais e até alguns líderes comunitários. Sob esse aspecto ninguém pode reclamar da falta de opção, pelo número de partidos que devem registrar candidaturas, isolados ou em coligações, o número de candidatos deve facilmente superar a casa dos 500 pretendentes a um dos 35 cargos em disputa (um cargo de governador, um de vice-governador, dois de senador, oito de deputados federais e 24 de deputados estaduais).

Do ponto de vista estatístico, haverá possivelmente a relação de um candidato para cada grupo de 1.000 habitantes ou quase um candidato para 670 eleitores, sem dúvida uma das maiores do país. Esse número expressivo de candidatos facilita a renovação? Experientes políticos ouvidos pela Parabólica dizem que a grande massa de eleitores sequer saberá da existência desses candidatos, quase todos com poucos recursos próprios para bancar a eleição, e longe, muito longe, dos caciques que tomam conta do dinheiro do fundo partidário, e que farão a distribuição da grana para seus parentes e apaniguados, que se eleitos serão dóceis cumpridores das decisões deles.

Há também a duração da campanha, inclusive do horário gratuito de rádio e televisão, resumida a 45 dias, exatamente porque os atuais parlamentares fizeram a reforma eleitoral para dificultar a renovação. E ainda tem a desigual distribuição do tempo, no horário gratuito, que destina mais espaço para os grandes partidos, e quase nenhum para os pequenos. E não aparece com frequência candidatos como Enéas Carneiro, cujo talento foi capaz de superar essa imoral desigualdade.

Finalmente, como fator a diminuir a possibilidade de renovação, a existência dos chamados “operadores das eleições” -prefeitos, vereadores, cabos eleitorais, líderes comunitários e mercadores de votos-, está praticamente fora do alcance de candidatos novos, e sem dinheiro. Essa gente quer muito dinheiro para cabalar votos, e com raras exceções estão no “mercado” faz décadas. Quem conhece um pouco de eleições no estado -é bom lembrar aquele delegado da Polícia Federal que disse que em Roraima não se disputa eleição, mas compram-se votos-, esses cabos eleitorais são quase os mesmos há décadas, e fazem do período eleitoral uma oportunidade de ganhar dinheiro e emprego público.

De qualquer forma, a Parabólica não quer desanimar que os bons decidam participar do processo eleitoral, ao contrário, se ninguém de bem decide participar, os pilantras e canalhas continuarão a dominar a cena política local.

 

GRAVE

O secretário estadual de Relações Institucionais, Marcelo Lopes, fez uma denúncia grave, e que merece apuração por parte do Ministério Público do Estado (MPE), e do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Entrevistado, ontem, domingo (29/04), no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha, Lopes disse que sete milhões de reais daquele empréstimo feito no governo Anchieta Júnior (PSDB) para sanear a Central Energética de Roraima (CERR) foram transferidos para a Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Se verdadeira a acusação, estaremos diante de desvio de finalidade desses recursos que hoje, com juros e correção monetária alcançam algo em torno de R$ 800 milhões.

 

Enquanto nós continuamos enredados com a resistência das organizações não governamentais ambientalistas e indigenistas que não deixam ser construído o Linhão de Tucuruí, no Marajó, arquipélago no Estado do Pará, a chegada da energia já é realidade. Nova frente de expansão do agronegócio paraense, os produtores do Marajó já estão utilizando a energia farta e barata vinda desde Tucuruí, que torna a produção mais barata, segura e menos poluente. Um desses produtores é o ex-vice-governador Paulo César Quartiero, que expulso de Roraima quando da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, é hoje um dos maiores produtores de arroz do Pará.

 

CRIMINOSO

E a novela da Anuência Prévia, dada pelo Conselho de Defesa Nacional (CDN), que permitiria ao Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) expedir Títulos Definitivos para os agricultores roraimenses continua. E a responsabilidade pelo criminoso atraso não é do CDN, mas da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, que tinha 30 dias para emitir um parecer sobre as áreas institucionais nas glebas já transferidas ao Estado, e segura o processo faz 180 dias. Somos uma republiqueta de banana a serviço de políticos enrolados na Lava Jato. Depois o presidente Michel Temer (PMDB) reclama da Polícia Federal.