Parabólica

Parabolica 27 02 2018 5712

Bom dia,

Os economistas costumam explicar a natureza do desenvolvimento econômico e social de um país, uma região ou mesmo de um estado a partir de uma perspectiva histórica, e muitas vezes tendo como pano de fundo a história comparada. É o que vamos tentar fazer hoje de forma muito sintética, comparando duas realidades mais ou menos parecidas até um certo marco temporal, que vieram a diferenciar-se daí para frente. O marco temporal que vamos utilizar é o final dos anos 70 do século passado, e a comparação a ser feita são as realidades, passada e presente, dos atuais estados de Roraima e Rondônia.

Com a posse do general João Figueiredo na Presidência da República, e a nomeação do ministro Mário David Andreazza para o Ministério do Interior – ao qual estavam vinculados administrativamente os então Territórios de Rondônia e Roraima –, foram nomeados como seus governadores, respectivamente, o coronel do Exército, Jorge Teixeira; e o brigadeiro da Aeronáutica, Ottomar de Sousa Pinto. À época, a administração dos três Territórios Federais existentes era entregue a oficiais das três armas: Amapá (Marinha), Roraima (Aeronáutica) e Rondônia (Exército).

Jorge Teixeira foi uma escolha pessoal do ministro Mário Andreazza, mas a indicação de Ottomar Pinto para governar Roraima não foi feita pelo então ministro da Aeronáutica Délio Jardim de Mattos, que preferia a nomeação do coronel e ex-governador Hélio da Costa Campos. Ottomar correu por fora e, com o apoio do então comandante militar da Amazônia, general Euclides Figueiredo Filho – irmão mais velho do então presidente da República – a pedido do então comandante do 1º Comando Regional da Aeronáutica, brigadeiro Felipe Camarão, conseguiu virar governador de Roraima.

Jorge Teixeira e Ottomar Pinto eram essencialmente diferentes. O primeiro um militar acostumado a administrar – fora prefeito bem-sucedido de Manaus – e não tinha pretensões políticas e eleitorais, tendo encarada a tarefa de administrar Rondônia como uma missão militar. Com o apoio do ministro Mário Andreazza e de sua equipe de tecnocratas, Teixeira chamou a si a tarefa de gerar a infraestrutura básica do então Território, abrindo e asfaltando estradas troncos e vicinais, gerando pesquisas agropecuárias e organizando o fluxo migratório tanto de nordestinos quanto de gente vindo de todo o país, especialmente da Região Sul. Com o apoio de órgãos internacionais, Teixeira transformou Rondônia num polo agropecuário, tendo elevado o Território a estado federado da União, antes da Constituição de 1988.

Ottomar Pinto, ao contrário, já desembarcou em Roraima decidido, e com a ideia fixa de fazer carreira política. Para tanto, iniciou a fase embrionária dos governos populistas que têm marcado a administração pública roraimense. Seu governo ficou marcado pelo estímulo à migração desordenada, que procurava atrair gente para Roraima através da distribuição de terrenos, rurais e urbanos, sem a menor infraestrutura – na cidade, sem água e luz, e no interior, sem estrada, escola, postos médicos e pontes –, que eram compensados com a distribuição de tábuas, cimento, telhas de fibrocimento, rancho, peixe, buchadas de bovinos e brinquedos de plásticos no Natal e no dia das crianças.

O estilo populista e politiqueiro de governar de Ottomar Pinto logo foi percebido pelo ministro Mário Andreazza e por sua equipe de técnicos do Ministério do Interior, o que levou à perda de prioridade de Roraima, frente ao governo realizador de Jorge Teixeira em Rondônia. O desgaste político de Ottomar em Brasília levou à sua demissão em dezembro de 1983. Acontece que a enorme diferença qualitativa dos governos a que estiveram submetidos Roraima e Rondônia por quatro anos, fez a diferença entre os dois hoje estados da Federação brasileira. Enquanto Rondônia é hoje um vigoroso polo agroindustrial – em 1979 o rebanho bovino de lá não chegava à metade do roraimense, e hoje é quinze vezes maior –, Roraima continua dependendo da economia do contracheque chapa branca.

REFUGIADOSA Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do Partido dos Trabalhadores (PT), divulgou nota criticando o governo Michel Temer (PMDB) por ter chancelado o termo “refugiados” para designar os venezuelanos que vieram para Roraima fugindo da miséria naquele país. Os sindicalistas do PT dizem que o termo é inadequado e tem entre suas finalidades tentar desgastar o governo democraticamente eleito de Nicolás Maduro, perante a opinião pública internacional. Cada qual com seu cada qual.

AUDIÊNCIAA OAB Roraima promove nesta terça-feira, 27, uma audiência pública, no auditório do Centro Universitário Estácio da Amazônia, para discutir com instituições voltadas para área da criança e do adolescente, uma saída para amenizar as condições de vulnerabilidade e de risco que crianças e adolescentes venezuelanos estão enfrentando em Roraima, sobretudo em Pacaraima, em condições de absoluto abandono.

INVESTIGAÇÃOO Ministério Público do Estado de Roraima, por meio da Promotoria do Patrimônio Público, já investiga denúncia que versa sobre o sistema “SGIGE”, vendido pela Woden Comunicação para a Secretaria Municipal de Educação de Boa Vista. O sistema foi vendido à administração municipal em 2014 por mais de R$ 4 milhões, mas nunca teria sido entregue de fato à pasta. Caso estivesse em funcionamento, as escolas municipais estariam integradas à Secretaria de Educação, não sendo necessário o uso de papel para envio de memorandos, ofícios e relatórios.