Parabólica

Parabolica 23 04 2018 6059

Bom dia,Na última sexta-feira, 20.04, véspera do feriado da Inconfidência, quando se relembra a morte de Tiradentes, o herói nacional da liberdade, o presidente da República convocou uma rede nacional de rádio e televisão, para falar sobre o evento. Na verdade, fez política, queixou-se das críticas que lhe são feitas pela oposição, lembrou que seu governo reduziu a inflação e a taxa de juros, e estancou a recessão econômica, além de ter promovido as reformas trabalhista e fiscal. Por fim, Michel Temer (PMDB) pediu que os brasileiros deixassem as diferenças de lado, e que se unissem pelo Brasil.

Sem dúvida um belo apelo, digno de um estadista, daquele que faz muito tempo todos os brasileiros e as brasileiras estão à procura. Mas será que este apelo tem a capacidade de tocar no fundo das consciências e dos corações dos brasileiros? É pouco provável. Quem pede união, tem que ser o primeiro a dar o exemplo, especialmente quando se trata do primeiro mandatário da Nação, afinal, ele é, e tem que ser, o presidente de todos os brasileiros e as brasileiras.

Isto exige que o presidente tenha conduta republicana, isto é, que ele obedeça ao princípio constitucional da indisponibilidade da coisa pública. Isto é, um presidente da República não pode utilizar os meios públicos para beneficiar seus amigos e correligionários em detrimento aos direitos legítimos e republicanos. Quem não procede assim, não tem condições morais de pedir união de todos. O apelo por mais bem feito que seja, soa vazio, e pode até parecer como um deboche partido de quem considera a opinião pública um mero detalhe.

Se tomarmos o caso de Roraima como exemplo, será possível concluir que o presidente Temer e sua contestada equipe de ministros, agem de forma republicana? Muito longe disso, se alguém se der ao trabalho de levantar o volume de recursos federais liberados, quase sempre para obras de muita visibilidade – construção e recuperação de praças, recapeamento de ruas e avenidas, mobilidade urbana, iluminação pública e outras –, para municípios sob a influência dos políticos chegados ao Palácio do Planalto vai se espantar como milhões de reais de dinheiro público estão sendo gastos na desesperada tentativa de reeleger políticos que não podem perder o privilégio de foro.

Enquanto fazem jorrar milhões de reais de dinheiro público para turbinar a pré-campanha de seus chegados, Temer e seus questionados ministros negam ao governo do estado quase tudo o que é solicitado. Vejam-se os recursos pedidos para enfrentar o drama dos refugiados venezuelanos, que sobrecarregam os serviços de educação, saúde e segurança públicos estaduais. É claro, os acólitos vão dizer que Temer destinou R$ 190 milhões para serem manejados pelo Exército Brasileiro (EB), instituição encarregada de gerenciar a crise migratória. Por mais respeitável que seja nosso EB, não justifica que nenhum centavo seja enviado ao governo estadual.

Parece que ao negar mandar recurso para o governo do estado, o Palácio do Planalto aposta no caos para desgastar a atual administração estadual beneficiando eleitoralmente seus correligionários no próximo pleito. E como não lembrar da questão fundiária que faz mais de dois anos tramita na burocracia federal, numa ainda mais clara intenção de paralisar a administração do estado. Ao agir assim, da forma mais rasteira possível e antirrepublicana, Temer e mais seus ministros sabem que estão prejudicando todo o estado de Roraima, mas parecem ser daqueles que acham que os fins justificam os meios.Quem age assim, tem condições de pedir a união de todos os brasileiros e as brasileiras? Tenha paciência!

TUCURUÍA reação foi rápida. Tão logo souberam da iminente demissão do presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), general Franklimberg Ribeiro de Freitas, as lideranças dos índios Waimiri-Atroari divulgaram nota à imprensa comunicando que estava suspensa a reunião marcada para o final do mês para tratar dos detalhes relativos à elaboração dos estudos de impactos ambientais/componente indígena, para o reinício da construção do Linhão de Tucuruí. O general era o principal canal de interlocução com os Waimiri-Atroari depois de conquistar a confiança deles. Ao saber das pressões por sua demissão, Franklimberg Ribeiro de Freitas adiantou-se à decisão de Michel Temer e pediu demissão. Antigamente existia uma expressão que resumia uma situação como essa: “Será o Benedito?”.

CAUTELAMesmo sendo do mesmo partido da governadora Suely Campos (PP), o deputado Hiran Gonçalves disse na entrevista concedida, ontem (domingo), ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha, que é preciso ter cautela com essa ideia de fechamento, mesmo que temporário, da fronteira com a Venezuela como quer o governo estadual. Gonçalves lembrou que a radicalização pode resultar na suspensão do fornecimento da energia de Guri, e isso só aumentaria o caos no estado: “A energia fornecida por eles pode não ser boa, mas é a única que temos. Tenho receio que essa medida possa beneficiar essa gente que ganha milhões com as termoelétricas”, disse o parlamentar federal.

CORRUPÇÃOO senador Telmário Mota (PTB), que é pré-candidato ao governo do estado, disse ontem (domingo), no programa Agenda da Semana da Rádio Folha, que o estado de Roraima é um estado viável, e que o governo estadual é administrável, desde que o administrador assuma um combate sem trégua à corrupção.