Parabólica

Parabolica 19 05 2017 4052

Bom dia,Ontem, daqui do espaço, falamos da possível inviabilidade do atual Presidente da República, Michel Temer (PMDB), continuar no Palácio do Planalto comandando as importantes reformas de que o Brasil precisa. Ainda da Parabólica, sempre dissemos que, embora tais reformas tenham a direção quase sempre certa, a falta de legitimidade do atual governo o descredencia a exigir que a população brasileira aceite o sacrifício do desemprego e da perda de renda em nome de soluções para a saída da crise gerada pelos políticos e que levou o Brasil à bancarrota.

Além da falta de legitimidade, o atual presidente desde que assumiu o Palácio do Planalto nunca se afastou dos canalhas que, exatamente eles, roubaram bilhões de recursos públicos, através do recebimento de propinas desviadas de obras públicas, de empréstimos contratados junto a bancos oficiais, ou mesmo pela aprovação de Medidas Provisórias do interesse de grandes grupos empresariais, como a empreiteira Odebrecht.

Ao contrário, Temer cercou-se dessa gente, toda enrolada em malfeitos, que de simples funcionários públicos viraram políticos e de posse de mandatos, quase sempre renovados, acumularam patrimônio pessoal e familiar incompatível com o que recebem ou receberam.

Apesar desse cenário, falta de legitimidade e credibilidade devido à presença no governo de tanto canalha, o governo Temer sempre teve ampla maioria no Congresso Nacional, o que, afinal, está compatível com a forma com que se institucionalizou o atual governo, fruto de um golpe dado por senadores e deputados federais que aprovaram o impeachment de Dilma Rousseff (PT). E também não é surpreendente que Temer, cercado de canalhas, venha tendo o apoio de um Congresso Nacional recheado de deputados federais e senadores que respondem a processos criminais de toda natureza.NÃO RENUNCIAOntem, no meio da tarde, Michel Temer era um presidente abatido e com claros sinais de insônia anunciou que não renunciaria ao Palácio do Planalto. Disse que retardou o pronunciamento público depois de tentar obter do Supremo Tribunal Federal (STF) a famosa gravação, que ele chamou de clandestina, feita pelo empresário Joesley Batista, na qual ele, Temer, diz que os pagamentos pelo silêncio de Eduardo Cunha devem continuar. O pronunciamento do presidente foi feito após o ministro Luiz Edson Fachin ter autorizado a abertura de um processo criminal no STF contra ele.PERDENDOA maioria dos políticos tem um raro faro, muito parecido com os ratos que costumam abandonar o navio quando este começa a adernar. Pois bem, ontem, durante todo o dia, o noticiário nacional sobre política foi ocupado por informações dando conta de que muitos partidos e parlamentares, que no dia anterior eram comensais no Palácio da Alvorada, estavam abandonando o governo de Michel Temer. Eles tomam essa atitude e querem fazer crer que estão indignados com o presidente que eles ajudaram a eleger, e que até agora eram seus auxiliares. Em outras palavras, só agora, após as gravações feitas pelo empresário goiano, eles descobriram que a colocação de Temer no poder fazia parte de um esquema para “estancar a sangria” provocada pela Lava Jato, como disse, em gravação, o senador Romero Jucá, auxiliar prestigiadíssimo pelo atual Presidente da República.PRESODentro do redemoinho que varreu Brasília, no final do dia de quarta-feira, 17, a decretação da prisão de um Procurador da República, Ângelo Goulart, provocou enorme constrangimento na Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele atuava, em nome do PGR, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Goulart não é nome estranho para os roraimenses. Ele foi procurador-chefe do Ministério Público Federal de Roraima, onde ficou próximo de alguns políticos do Estado. MAS FAZDesde quando estourou o escândalo das gravações nas quais Temer apela ao empresário goiano Joesley Batista que continue pagando pelo silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha, os estrategistas do Palácio do Planalto escolheram um caminho para a defesa do presidente. Tanto o ministro Elizeu Padilha quanto o próprio Temer e o notório senador Romero Jucá tentaram vincular a situação do governo com os números positivos que vinham saindo da economia. Na base de que “não prestamos, mas estamos saindo da crise econômica”, eles estão tentando minimizar os efeitos do explosivo conteúdo das gravações.MORREUMorreu de câncer, no sábado, aos 70 anos, José Porfírio de Carvalho, o mais influente indigenista com atuação em Roraima. Cearense, José Porfírio Fontenele de Carvalho teve uma trajetória polêmica junto aos índios Wamiri-Atroari, sendo acusado por organizações não governamentais, inclusive a Igreja Católica, de ter participado do genocídio daqueles índios quando da abertura da BR-174, nos tempos dos governos militares. Depois, com a ascensão da política isolacionista pelos novos indigenistas já na redemocratização, Porfírio passou a dar as cartas em tudo que se relacionou aos Wamiri-Atroari, inclusive na administração financeira dos recursos transferidos pela Eletronorte, negociados para a construção da Hidroelétrica de Balbina e a movimentação de minérios da mina de Pitinga.