Parabólica

Parabolica 07 02 2017 3623

Bom dia! O governo Michel Temer (PMDB) já vai fazer, em março próximo, um ano que assumiu o Palácio do Planalto, contado o tempo de afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Logo que a atual administração federal foi empossada, nós dissemos daqui, da Parabólica, que o novo arranjo de poder, centrado em políticos do Sudeste e Sul, não teria prioridades para a Amazônia e para os estados mais pobres da Federação brasileira. E não deu outra: até hoje Temer e seus ministros não deram qualquer bola para essa parcela de Brasil, que só serve para ser colocada na mesa de negociação em matéria de indigenismo e ambientalismo.

Em parte, há de se reconhecer que Brasília aprendeu a lidar com os políticos locais. Quem comanda o poder na Capital Federal sabe que a bancada de deputados federais e senadores, e aqui vamos falar especificamente de Roraima, não tem pauta comum, e na base “do farinha pouca, meu pirão primeiro”, basta distribuir alguns cargos federais e liberar alguma grana que ficam todos muito satisfeitos. Dois exemplos servem para exemplificar essa conduta: a construção do Linhão de Guri e a extinção da Companhia Energética de Roraima (CERR). Ninguém mais fala nelas.CONEXÃO 1A Polícia Civil deve investigar, com rigor, a morte de Raimundo Aragão de Sousa, ocorrida na madrugada de domingo, naquela invasão chamada Pedra Pintada. Morto a pauladas, seu corpo foi encontrado na frente da casa onde morava. E as primeiras informações dão conta de que ele já tinha passagem pela polícia, inclusive de pertencimento a alguma facção criminosa. Pode ser, mas fontes da Parabólica indicam a possibilidade de outra motivação para o crime. CONEXÃO 2Segundo essas fontes, Raimundo Aragão de Sousa estaria ajudando servidores do governo que fazem rigoroso levantamento de ocupações indevidas – afinal, todas são irregulares do ponto de vista legal -, no sentido de identificar os invasores que efetivamente podem ser beneficiados com a decisão do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) de legalizar as ocupações que estejam servindo de moradia para pessoas efetivamente necessitadas. Por causa dessa atitude colaboracionista, Raimundo teria entrado em colisão com os líderes daquela invasão, que teimam em não aceitar a intervenção governamental.ZEEOs agricultores roraimenses, empresários rurais e agricultores familiares têm até o final do mês de março próximo para preparar a terra para o plantio. Já estamos, portanto, em plena safra 2017/2018 e quem não estiver providenciando esse preparo vai perder um ano inteiro. E, mais uma vez, as atividades da agropecuária estadual estão sendo realizadas sem a orientação do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), um estudo que vai completar duas décadas que se vem realizando, sem que chegue a uma conclusão. E ninguém, de boa-fé, pode estimar quanto tempo ainda vai levar para que tais estudos sejam submetidos à Assembleia Legislativa do Estado (ALE), para que o governo estadual possa encaminhá-lo para o Governo Federal. REAÇÃOPela proximidade com os políticos tucanos de São Paulo, a indicação do advogado Alexandre Morais pelo presidente Michel Temer, para substituir o falecido ministro Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal, embora cogitada, surpreendeu meio mundo no Brasil. Morais acabara de ter seus poderes ampliados no Ministério da Justiça, que agora incorpora formalmente as funções também de Segurança Pública. Pelas redes sociais, a senadora Ângela Portela (PT) diz que essa indicação é para blindar os amigos do Palácio do Planalto enrolados na Lava Jato.MAIS UMOntem, o procurador-geral do Ministério Público Federal (MPF), Rodrigo Janot, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de abertura de investigação contra os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Romero Jucá (PMDB), além dos ex-senadores José Sarney (PMDB0 e Sérgio Machado (PMDB), acusados de criar embaraços para o prosseguimento da Operação Lava Jato. Como lembram os leitores, ano passado, Janot pediu ao falecido Teori Zavascki a prisão dos quatro, mas o ministro negou, até porque na época Renan Calheiros era o todo poderoso presidente do Senado Federal. Agora, quem vai dar a última palavra sobre a aceitação do novo pedido do procurador-geral será o ministro Edson Fachin.FUMAÇACorreligionários da prefeita Teresa Surita (PMDB) dizem que as informações dando conta de um possível estremecimento nas relações políticas dela com o senador Romero Jucá (PMDB) não passam de intriga de adversários. Eles negam, inclusive, que Jucá teria dado sinal verde para que os vereadores de sua base de apoio renovassem o mandato da atual Mesa Diretora da Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV) até 2020. De qualquer forma, é bom levar em conta o velho adágio popular que ensina ver possibilidade de fogo onde há fumaça. Tem gente ligada a Jucá falando muito mal de gente muito próxima à prefeita.SEGUROA blindagem que o presidente Michel Temer fez com seu amigo Moreira Franco, ao lhe conceder o status de ministro para ter privilégio de foro na operação Lava Jato, e agora a indicação de Alexandre Morais para o Supremo Tribunal Federal, são indicativos de que o Palácio do Planalto enxerga o cenário nacional, especialmente o econômico, com muito otimismo. Ninguém duvida que se as medidas econômicas tomadas pela equipe econômica de Temer não derem resultado até o meio do ano, o governo restará insustentável.