Parabólica

PARABOLICA 3796

Ouvir, ver e ler o que se divulga hoje sobre o Brasil é um exercício permanente de se buscar viver com um mínimo de indignação. É preciso ignorar que somos presididos por um político citado na maior iniciativa de apuração de malfeitos com dinheiro público da história republicana – a operação Lava Jato -, sendo igualmente réu num processo que lhe pode cassar o mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É igualmente preciso esquecer que um dos recordistas de citação na Java Jato, na venda de iniciativas legislativas para beneficiar a Odebrecht, e em apurações de corrupção nas empresas elétricas do governo federal, o senador Romero Jucá (PMDB) é o protagonista do governo na apresentação da nova legislação eleitoral, especialmente no que se refere ao financiamento público de campanhas eleitorais no país.

É necessário, igualmente, tapar os olhos e os ouvidos para não ficar sabendo que o réu presidente, acusado de ser beneficiário do abuso de poder econômico e político nas eleições de 2014, chame ao Palácio do Planalto, o ministro Gilmar Mendes – presidente do TSE -, que irá presidir seu julgamento naquela corte superior eleitoral por abuso de poder econômico, para discutir regras de contenção de abuso de poder e de financiamento público de campanhas. Também temos que enfiar a cabeça no chão – tipo o que faz a avestruz -, para saber que na mesma reunião estiveram presentes o presidente da Câmara dos Deputados e o do Senado Federal, que, citados na Lava Jato, poderão ser absolvidos pelo voto de Gilmar Mendes, como ministro que é do Supremo Tribunal Federal (STF).

Não é possível também ficar sabendo que Romero Jucá, com as qualificações acima referidas, possa estar chamando para reuniões ministros do TSE – alguns integrantes do STF -, para discutir normas eleitorais com a autoridade de quem representa o pensamento governista sobre o tema, o que não recomenda muito otimismo no quesito moralidade. É bom lembrar que Jucá poderá ser absolvido pelo voto desses ministros que ele chama para reuniões.

Os simpatizantes das práticas dessa gente virão logo dizendo que essas tratativas são institucionais, e que seus participantes representam as instituições da República. Sim, é verdade, infelizmente essa república e a nação que ela governa ainda não criaram mecanismos políticos e jurídicos capazes de defenestrar da vida republicana esse tipo de gente. Em Estados e nações minimamente dignas eles jamais continuariam a representar as instituições republicanas. Afinal, como disse Rousseau, a República é para realizar o bem comum. Eles, pelo que já fizeram, trocam o interesse coletivo pelo particular. Então, o jeito é viver fazendo de conta. Até quando?

LICENÇA PRÊMIOAlegando o excessivo número de profissionais afastados de suas atividades por motivos de licença médica, o aumento da demanda por professores e demais profissionais da área educacional nas escolas e a necessidade imperiosa da Administração e conveniência pedagógica; a Prefeitura Municipal de Boa Vista, através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura/Superintendência de Administração e Gestão de Pessoas, decidiu suspender a concessão do usufruto da licença prêmio e licença para tratar de interesse particular pelo prazo de dez meses. O direito só será concedido a servidores para contagem de prazo para a aposentadoria.

VELHOS CHAVÕESE a esquerda, até mesmo a caviar, aliada incondicional das Organizações Não Governamentais internacionais – que recebem até dinheiro de governos estrangeiros-, e que são as executoras e âncoras do indigenismo e ambientalismo tupiniquins, teimam em não atualizar seu conhecimento sobre a globalização, e por extensão seu discurso. Nem mesmo a morte da maior referência para essa gente – o ditador Fidel Castro, ocorrida recentemente – foi capaz de dar um mínimo de lucidez ideológica para eles. Não são capazes sequer de perceber que a hegemonia nas frações do capital, é hoje, do capital financeiro. E nesse sentido, dentro da lógica da reprodução capitalista internacional, a ordem hoje é não explorar os recursos naturais dos países da periferia como o Brasil.

É DO GOVERNOSobre nota publicada na Parabólica na sexta-feira passada, dia 17, sobre a Casa de Acolhimento Infantil ‘Viva Criança’, recebemos da Secretaria Municipal de Comunicação de Boa Vista a seguinte informação: “A Prefeitura de Boa Vista gostaria de esclarecer que o local não pertence ao município e sim ao Governo do Estado”. Correção feita.

INCOMPLETADurante a reunião da governadora Suely Campos e da bancada federal de Roraima com o presidente da República, Michel Temer, para tratar da construção do Linhão de Tucuruí na semana passada, três ausências foram percebidas: a da senadora Ângela Portela, que é partidária da ex-presidente Dilma Rousseff; do deputado federal Édio Lopes, filiado ao Partido da República, que apoia Temer; e da deputada federal Shéridan, que não esconde de ninguém que não apoia o PMDB no poder.