Jessé Souza

Os extremos da imobilidade 4320

Os extremos da imobilidadeNo dia 29 de maio, o artigo “Depois da tempestade…”, neste mesmo espaço, tratou sobre a situação do Município de Uiramutã, a Nordeste do Estado, atingido por uma enchente histórica. Está muito óbvio que, embora esta região esteja localizada em uma área de serras, de difícil acesso, a ausência do poder público é responsável por deixar a situação chegar a esta situação crítica.

Não demorou para que o prefeito daquela localidade apontasse a falta de prioridade, por parte do Governo do Estado, para reconstruir um bueiro (ou fazer uma ponte) que foi rompido ainda no inverno do ano passado. O que amenizou o sofrimento foi a ação rápida do Exército, que realizou uma obra paliativa à época.

Como Uiramutã tem uma população com maioria indígena, o Governo Federal também tem se mostrado ausente. Nem a Fundação Nacional do Índio (Funai) mostra-se eficiente para dialogar em favor daquelas comunidades, a não ser avisar aos empreendedores que é proibido explorar o turismo na região.

O próprio município tem se mostrado inerte. Só para ilustrar, o prefeito anterior chegou a ser preso acusado de improbidade administrativa, o que revela mais uma ponta desse problema. No geral, os políticos não têm interesse em estar presente naquela região (a não ser fazer turismo), pois habituaram-se a lembrar dos índios somente quando chega o período eleitoral.

Não há desculpa para não agir, pois é sabido por todos que as chuvas castigam severamente aquela região anualmente, independente de o inverno ser rigoroso ou não. E as chuvas têm período para começar e para terminar, inclusive nos últimos dois anos não tivemos inverno, o que daria tempo suficiente para os governantes agirem antecipadamente.

Porém, não há vontade política para agir, a exemplo da BR-210, que neste fim de semana também teve um bueiro que se rompeu devido à enxurrada, deixando isolada a população de Entre Rios, no Município de Caroebe, a Sudeste do Estado, no outro extremo do Estado. Essa rodovia, assim como as demais, deveria ter recebido a atenção devida (não há impedimentos por ser área indígena), pois é responsável por escolar a produção agrícola dos municípios do Sul do Estado.

A propósito, essa rodovia vem sendo alvo de desmando e fortes indícios de malversação de recursos públicos ao longo dos anos. Embora seja federal, o Governo do Estado vem se mostrando incompetente para gerir as verbas que chegaram da União para manutenção e revitalização.

Enfim, de Uiramutã e Caroebe, a população vem sofrendo anualmente com a incompetência e a imobilidade de nossas autoridades. E quem paga a conta sempre é o povo.

*[email protected]: www.roraimadefato.com.br