Opinião

Opiniao 31 08 2017 4688

Migração venezuelana para Roraima e suas implicações – Flamarion Portela *

Um dos temas mais discutidos nos últimos tempos, seja em roda de amigos, em espaços acadêmicos, em debates políticos e, sobretudo, nas redes sociais, é a grande migração de venezuelanos para o Brasil, em especial para o nosso Estado de Roraima.

Todos nós somos cientes e conscientes da grave situação política e econômica por qual passa nosso país vizinho, que já desponta para um verdadeiro regime ditatorial por parte do governo de Nicolás Maduro, que está levando milhares, senão milhões, de venezuelanos a abandonarem seu país em busca de sobrevivência em terras estrangeiras.

Roraima, por ser a única porta de entrada via terrestre dos venezuelanos para o Brasil, tem sofrido os reflexos desse êxodo, com a chegada de milhares e milhares de pessoas que atravessaram a fronteira na busca de uma vida melhor em nosso país. Muitos têm seguido para Manaus ou estados como São Paulo, mas grande parte estaciona mesmo por aqui, por não ter condições sequer de seguir em frente.

E os reflexos podem ser vistos nas ruas de Boa Vista todos os dias. Centenas de venezuelanos espalhados pelos semáforos da cidade, vendendo algum produto, fazendo apresentações ou prestando algum serviço, tentando arrecadar algum dinheiro que pelo menos lhes garanta um prato de comida.

E toda essa migração está causando efeitos importantes na rotina da nossa gente e também do poder público, que passou a ter um contingente maior de pessoas para atender nas unidades de saúde, nas escolas e também na segurança pública, que já registra um aumento na criminalidade envolvendo venezuelanos.

Desde o início do processo migratório, o Governo do Estado tem realizado ações para minimizar o sofrimento desse povo, inclusive com a instituição do Gabinete Integrado de Gestão Migratória, com a finalidade de planejar e executar ações de controle e atenção aos migrantes venezuelanos.

Porém, o problema é mais complexo do que pode parecer. Primeiro, o Estado de Roraima não tem a prerrogativa de ser o responsável por resolver essa situação, já que estamos no meio de uma verdadeira crise humanitária e o Governo Federal, por ser signatário de vários acordos internacionais ligados aos Direitos Humanos, tem a obrigação de ajudar os migrantes que chegam advindos de países em conflito ou com grave crise econômica, social ou política, o que é, notoriamente, o caso da Venezuela.

Ainda está faltando um posicionamento mais eficaz do presidente Michel Temer (PMDB) na busca de uma solução para esse problema. Roraima e seu povo estão sofrendo com a falta de apoio do Governo Federal e o quadro pode piorar se não houver uma mudança drástica na crise venezuelana, com a possibilidade de uma migração ainda maior.

Não podemos perder o sentido humanitário da situação, mas temos o direito de cobrar das autoridades federais a busca de uma resolução para esse problema.

*Deputado estadual e ex-governador de Roraima

Em tempos de TICs, como ser professor? – Vanessa Lima Lamazon*

Sabemos que a escola, porque não dizer nós, professores, vivemos um anacronismo na relação de conteúdos a serem ministrados e o cotidiano de nossos alunos. A tecnologia traz uma veloz mudança no modo de pensar, de ensinar, nada do que era é mais. Essas tecnologias tornaram mais palpável o conteúdo da comunicação, por meio de muitos meios a partir da digitalização e da comunicação em redes para a captação, transmissão e distribuição de informações, que podem assumir formas de imagens, texto, vídeo, estática ou som.

Educação e comunicação têm uma relação bastante forte no que tange a aprendizagem através das TICs, então não caberia nem mesmo justificar, indefinidamente, porque nós da educação precisamos estudar a mídia e porque precisamos formar pesquisadores e professores aptos a fazê-los.

Com isso, aprofundar e ampliar os conhecimentos se torna cada vez mais importante em relação à aprendizagem das novas tecnologias, comunicação e educação, que são requisitos de uma sociedade crescente, com isso, a construção do conhecimento em redes, sustentada fortemente pela utilização dos dispositivos técnicos e tecnológicos para a aprendizagem do ensino.

Nisso, enriquecer o trabalho do professor com o apoio de tecnologias e aplicativos que estão disponíveis dentro e fora da escola e que permitem ampliar as possibilidades de pesquisa, de colaboração, de personalização, de mobilidade e de produção de conhecimento, deve estar incorporado cada vez nas instituições de Ensino que formam esse professor, diminuindo assim a distância entre as transformações tecnológicas educacionais, e os preparando para a nova situação que se estabeleceu em meio à tecnologia.

Entender o contexto de mudanças que vem acontecendo no processo de ensinar e de aprender e o papel facilitador e ampliador das tecnologias deve fazer parte primordial na formação dos futuros professores. A tecnologia traz a integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e aprender pode acontecer numa interligação simbiótica, profunda, constante entre o que chamamos mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla, hibridiza constantemente.

Sendo assim, a educação formal é cada vez mais misturada, híbrida, porque não acontece só no espaço físico da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os digitais. O professor precisa seguir comunicando-se frente a frente com os alunos, mas também digitalmente, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com cada um.

*Pedagoga, instrutora de TI, estudante do Curso de Especialização Lato Sensu em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva na UFRR

 

Qual a sua necessidade? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A águia voa sozinha, os corvos voam em bando, o tolo tem necessidade de companhia, e o sábio necessidade de solidão.” (Fredrich Rückert)Nem sempre, ou quase nunca, alimentamos nossas necessidades. E isso faz parte da evolução. Pensando bem parece que os animais considerados irracionais são mais racionais nessa área. O que consideramos irracional parece-me um patamar da evolução do animal sobre a terra. Você cria cachorro? Já observou o comportamento dele em relação ao seu, em certos momentos? Talvez você esteja exagerando na atenção que dá ao seu cachorro, como se ele fosse um coitadinho que necessita de você. Preste mais atenção ao comportamento dele em relação a você e você descobrirá coisas interessantes em relação a ele.

Manoel Jacintho Coelho foi um brasileiro importantíssimo. Tão importante, e sabemos muito pouco sobre ele. Foi o fundador da Cultura Racional, com a publicação do livro “Universo em Desencanto”, no Rio de Janeiro, em 1935. Ainda há pouco estive olhando fotos dele com grandes personagens da política brasileira. Getúlio Vargas, por exemplo, antes de tomar alguma decisão importante na política, sempre consultava o Manoel, que trabalhava, então, no Itamarati, no Rio de Janeiro. O porquê do comportamento do Getúlio eu posso lhe contar, se você estiver interessado.

Durante a década dos anos setentas frequentei o Retiro Racional em Vila de Cava, em Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Meu filho, Alexandre Magno foi um frequentador e admirador da Cultura Racional. Foi com ela que aprendemos a realmente viver; não permitindo que nenhum abalo nos abale. Que todos os contratempos da vida fazem parte da vida. Aprendemos que quem nunca caiu nunca aprendeu a se levantar. Que quando vivemos no rumo da racionalidade sabemos medir e respeitar as diferenças no caminho da igualdade. O Alexandre é um dos maiores exemplos que conheço, de superação. O guerreiro que soube batalhar contra o que nos parecia invencível. Ele venceu a Esclerose Lateral Amiotrófica.

Aprendemos muito com os ensinamentos do Manoel Jacintho Coelho, sem que ele se nos apresentasse como professor ou mestre. Porque é exatamente assim que mostramos nosso valor. Nossas necessidades estão no nosso desenvolvimento racional. O que faz de cada um de nós o responsável por si. Porque só quando sabemos o que somos sabemos nos valorizar buscando o que ainda não somos. O caminho é longo, mas não maior do que a decisão. E quando decidimos ser o que queremos ser, seremos. O importante é que saibamos quais os nossos limites para superá-los, no caminho da racionalidade. Pense nisso.

*[email protected]  99121-1460

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