Opinião

Opiniao 24 06 2017 4271

Evidências no ensino de Engenharia – Ronaldo Mota*Com o intuito de melhorar o rendimento acadêmico em Física dos ingressantes nos cursos de Engenharias, a Estácio introduziu há pouco mais de dois anos a disciplina “Bases Físicas para Engenharia”. Entre os objetivos estratégicos, estava o de adequar o ensino, customizando-o ao perfil dominante dos ingressantes, em geral com formação anterior deficiente em Física.

A disciplina foi projetada para ser um dos paradigmas do projeto inovador “Ensino 2020”, tendo nascida híbrida (metade presencial e metade à distância) e baseada na plataforma de aprendizagem inovadora SAVA (“Sala Virtual de Aprendizagem”). Neste ambiente interativo, o educando acessa vídeoaulas ministradas por, reconhecidamente, os melhores professores de Física do país (de fora e de dentro da Estácio), textos, objetos de aprendizagem, resolução interativa de exercícios, orientação para realização de atividades práticas etc. Aspectos conceituais e históricos da Física conectada à Engenharia são explorados nesta disciplina, incluindo as bases do método científico e o estímulo a aprendizado a partir de situações contextualizadas.

Fruto do aumento de acessibilidade ao ensino superior na última década e da maior demanda por profissionais com conhecimentos técnicos, tecnológicos e científicos mais profundos, a opção por cursos de Engenharias é, definitivamente, uma marca dos tempos atuais. O incremento da participação do setor privado no ensino superior implicou em maior oferta de cursos no período noturno, viabilizando que profissionais que trabalham durante o dia pudessem cursar Engenharia. Diferentemente de cursos nas áreas de Gestão, Licenciaturas ou de Tecnólogos de nível superior, as carreiras em Engenharias exigem uma base diferenciada de conhecimentos preliminares de Matemática e Ciências. Em geral esses ingressantes não as têm no nível desejado, demandando, portanto, a adoção de medidas extraordinárias, sem o que as reprovações e consequentes desistências se tornam rotinas. Com o intuito de diminuir a grande reprovação em disciplinas iniciais de Física ao longo do primeiro ano, as quais, juntamente com Matemática, eram as grandes responsáveis pelo expressivo abandono, a partir de 2015, os ingressantes em cursos de Engenharias, antes de cursarem as disciplinas tradicionais de Física, passaram a cursar “Bases Físicas para Engenharia”.

Os resultados preliminares são surpreendentemente positivos, atestando de forma inequívoca que o caminho adotado de introduzir uma disciplina preparatória, que antecede as tradicionais, está sendo muito bem-sucedido. Submetidos os alunos ao mesmo rigor e exigência, o índice de reprovação que era de 54,3 % em Física I em 2015/2 (alunos que não fizeram a disciplina preparatória) caiu para 19,7% em 2016/1 (alunos que tiveram a oportunidade de frequentar a disciplina introdutória). A consistência permanece em Física II, onde a reprovação que era de 32,3% foi reduzida para 11,7%. Ou seja, em termos práticos, mais de um terço da turma que tipicamente era reprovada, com enormes chances de abandono, foram fruto desta estratégia educacional, aprovados. Ressalte-se que com grandes possibilidades de cumprirem com sucesso seus planos de se tornarem Engenheiros, dado que as reprovações nos anos seguintes retornam aos níveis de normalidade.

Em suma, trata-se de exemplo simples de abordagem educacional que viabiliza àqueles que, em geral, seriam assumidos como incapazes de cursar Engenharias, por falta de bagagem preliminar em Ciências e Matemática, uma vez expostos à correta abordagem educacional, possam obter sucesso. Esses alunos que lograram êxito na superação de suas deficiências anteriores, ao atingirem o nível desejado, não são simplesmente iguais àqueles que, eventualmente, já apresentavam os rendimentos esperados. Eles são melhores, dado que atingiram o mesmo patamar, mas incorporou algo a mais: a capacidade da superação, aumento da autoestima e o consequente aprimoramento da capacidade de aprender a aprender.

São essas evidências, ancoradas em experiências monitoradas, que dão solidez às teorias, sobre as quais, em geral, temos somente opinião prévia antes que o exercício prático no campo real nos dê a devida segurança. É sim possível customizar trilhas educacionais, dirigidas a propósitos e educandos específicos, a partir de corretos pressupostos do processo ensino-aprendizagem.*Reitor da Universidade Estácio de Sá

Compondo a beleza – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Minha alma não consegue encontrar uma escada para o céu que não seja através da beleza do mundo.” (Miguel Ângelo)O mundo sempre se inspirou na beleza da mulher. Ela é a escada beleza de que a alma humana dispõe para alcançar o céu. E, a meu ver, tudo está inspirado na elegância. Nada é mais inspirador do que uma mulher elegante. Mas, o que é ser elegante? As deusas gregas nos deram a urupema necessária para a escolha do que é ser elegante, ou ser bonita na superficialidade da aparência.

Já falei pra você de uma garota que estudou comigo, na Base Aérea de Natal, lá pelo final da década de quarenta. Não me lembro mais do nome dela e por isso vou chamá-la de Iris. Porque, na sua simplicidade, e beleza natural, é o que ela era. Minha admiração por aquela garota não ia além de uma admiração pura e sincera, fiel aos seus encantos simples e naturais. Mas não se tratava de atração fútil nem amor platônico.

Era pura admiração e respeito pela sua elegância. Era uma garota muito pobre e vestia simples, mas com muita elegância. Ensinou-me, ainda naqueles tempos, que a elegância não depende do vestido elegante, nem da arrogância na beleza superficial.  

Uma das coisas que mais me encantaram naquela garota era o respeito e carinho que os professores tinham por ela. Seu sorriso e seu riso eram de uma beleza simples e encantadora. Várias vezes a vi usando um vestido remendado pela mãe, para cobrir falhas em rasgões. Mas ninguém dava atenção a isso, que era descartado com o seu comportamento elegante. Só muitas décadas depois, li, de alguém, que não é seu vestido elegante que faz de você uma mulher elegante, embora ele seja importante para sua elegância. Mas Iris talvez não soubesse disso, nem daria importância a isso. Seu vestido remendado estava sempre muito limpo e bem passado pelo ferro de passar. E era isso que nos chamava a atenção porque vinha associado à sua maneira de ser, como uma garota elegante no seu comportamento.

Talvez Iris já soubesse que o salão de beleza mais importante no mundo é o Salão de Beleza de Deus. É nele que você vai criar, construir, e formar sua elegância. Porque a simplicidade mantém você no patamar mais alto, quando está associada à beleza natural e espontânea. E isso só se constrói com amor. E não há elegância sem amor. Mantenha sua elegância na sua postura, e em todos os detalhes da vida. E comece respeitando as diferenças. O respeito faz parte do grupo que cria e forma a elegância. Comece respeitando-se a você mesma. E respeito não combina com petulância, mas com amor. Ame-se, respeite-se e será elegante. Pense nisso.*[email protected]

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