Opinião

Opiniao 21 09 2017 4821

Por um trânsito mais humanizado – Flamarion Portela *

Estamos na Semana Nacional do Trânsito e, mais uma vez, volto a abordar esse assunto, dada a sua importância na nossa vida, no nosso dia a dia.

Os dados divulgados pelo Detran-RR (Departamento Estadual de Trânsito de Roraima), embora apontem uma queda de quase 10% no número de acidentes nos seis primeiros meses deste ano, com relação ao ano passado, ainda são alarmantes. Foram 1.967 acidentes registrados no Estado, com 80 pessoas mortas. No mesmo período de 2016 foram 2.169 acidentes com 90 mortos.

De acordo com o Detran-RR, houve redução de 14,9% no comparativo das taxas de mortalidade de acidentes de trânsito por 10.000 veículos de Roraima de janeiro a agosto de 2016 com 2017.

Nas rodovias federais do Estado também houve uma redução significativa no número de acidentes, no comparativo do primeiro semestre deste no e do ano passado, caindo de 145 para 117 acidentes. Porém, o número de vítimas fatais teve diminuição de apenas um, caindo de 14 para 13 mortos.

O mais preocupante de tudo isso é a falta de conscientização dos condutores. É preciso entender que o trânsito é de todos e que precisamos respeitar as leis do nosso Código Brasileiro de Trânsito (CTB). Infelizmente, o que mais presenciamos são acidentes causados por imprudência, imperícia, falta do uso de equipamentos de segurança – sobretudo entre os motociclistas -, que só elevam os riscos de termos vítimas fatais ou mesmo sequeladas.

E as estatísticas nos mostram que os jovens estão entre os principais envolvidos em acidentes com mortes. E, a embriaguez ao volante, normalmente, está associada às causas dos acidentes. E outro fator que também tem contribuído para o aumento do número de acidentes, é o uso do telefone celular ao volante, sendo que, nesse caso, em sua maioria, apenas com danos materiais.

Roraima conta hoje com 204.892 veículos registrados no Detran-RR, o que torna o Estado, proporcionalmente, com uma das maiores frotas do País. Some-se a isso, o fato de Boa Vista ter avenidas largas e extensas, o que é um chamativo para o excesso de velocidade por condutores imprudentes, que colocam em risco suas vidas e de outras pessoas.

Os órgãos de trânsito, tanto estaduais quanto municipais, têm buscado levar orientações e conscientização aos condutores, através de campanhas, blitzen educativas e repressivas, mas, ainda falta um maior engajamento da população.

Conhecer e respeitar as leis e regras do trânsito são fundamentais para que possamos diminuir cada vez mais o número de acidentes em nosso Estado.

Que não só nesta semana, mas no nosso dia a dia, tenhamos a consciência de que precisamos de um trânsito mais humanizado e que, se cada um fizer a sua parte, vamos diminuir gradativamente o número de acidentes e mortes.

Respeitemos o trânsito. Respeitemos a vida!

*Deputado estadual e ex-governador de Roraima

Do luto para luta – Vera Sábio*

O dia 21 de setembro é comemorado como o “Dia da Luta da Pessoa com deficiência”. E esta luta surge a partir do “luto”. Certa vez, uma simples mulher aquela pessoa iria se tornar mãe como tantas outras.

Todavia, ser mãe é como preparar a viagem dos seus sonhos, organizar os dias, o local, as malas, o dinheiro, os documentos e partir em um avião com o destino desejado; mas, ao acordar, após algumas horas de voo, perceber que não chegou ao local planejado, pois a rota mudou e o local é outro.

Fazendo daquela expectativa animadora que acreditava certa, uma realidade totalmente diferente e cheia de barreiras aparentemente intransponíveis, duras de crer e aceitar, o bebê perfeito e saudável que esperava nasce com deficiência.

Mãe é o ser mais amoroso, mais prestativo, mais doador, sempre disposta a fazer da vida do filho melhor do que sua própria. No entanto, cessam suas capacidades diante de uma mutação genética, um erro médico, um acidente, uma doença e outros fatores que possibilitam com que nasça uma criança com deficiência.

Entretanto, este luto precisa ser vivido e ultrapassado, para posteriormente comprovar com a luta o quanto as pessoas com deficiência podem se superar, fazer do seu jeito coisas impossíveis de imaginar por aqueles que se denominam sem deficiência.

É verificado estatisticamente que são bem poucas as pessoas que nascem com alguma deficiência, estando no decorrer da vida, pelo trânsito desgovernado, por outros inúmeros motivos que de uma hora para outra qualquer indivíduo, em quaisquer classes sociais e de todas as maneiras, pode se tornar uma pessoa com deficiência.

Por isso é preciso sair do luto para luta, das barreiras para a acessibilidade, do egoísmo para a empatia e da ilusão para a realidade, já que o que deixa uma pessoa limitada não é sua deficiência, e sim a deficiência e o preconceito da sociedade e dos órgãos responsáveis por politicas públicas no cumprimento de direitos à todos os cidadãos.

Ninguém é inútil e incapaz, somos todos suficientes para estarmos vivos e com a vida darmos nosso testemunho, nossa colaboração e nossa luta constante para que não exista deficiência de vontade, visto que é esta a única que não tem jeito.

Com vontade, adequações, capacitações e oportunidades, faremos de cada viagem, “nascimento ou reabilitação”, uma nova descoberta de um ser único e capaz.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected]

É questão de postura – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Uma das melhores regras da conversa é nunca dizer alguma coisa que qualquer dos presentes possa desejar que não tivesse sido dita.” (Jonathan Swift)

Saber conversar também é uma questão de postura. O bom conversador não é o que fala mais, mas o que escuta mais. Mas também não basta escutar, tem que ouvir. Minha mãe, dona Vitalina, costumava nos dizer, quando éramos crianças e falávamos mais do que a boca: “Quem muito fala, muito erra”. E quando nos excedíamos nas arengas, o seu Joaquim, meu pai, nos alertava: “Costumes de casa vão à praça”. E foi assim que aprendemos a respeitar os pensamentos dos outros, e ouvi-los sem discutir, independentemente de concordar ou não, no que ouvíamos.

Nas caminhadas pelas veredas da vida, fomos exercitando o que aprendemos. E aprendemos a nunca, em hipótese nenhuma, cortar a conversa de alguém, mesmo quando não concordamos com ela. É uma questão de postura. De respeito ao fato de sermos todos iguais nas diferenças. Estive observando a postura de alguns jovens, ontem à tarde. Percebi, e senti que alguma coisa anda muito errada na educação familiar atual. Que a postura habitual nas pessoas bem educadas não está presente, nem nas conversas nem na presença. É como se tudo fosse coisa do passado.

A vulgaridade sempre esteve presente nas sociedades, independentemente do seu nível. Mas ela, a vulgaridade, nunca esteve tão presente quanto agora, mesmo nos níveis considerados superiores. Portanto, tome cuidado com o seu comportamento no seu dia a dia, onde você estiver. Sua presença deve ser sentida mesmo você estando ausente. Mas isso só será possível se você souber marcar presença apenas com a presença. Não há quem não se apaixone por alguém que soube se comportar elegantemente sem exibicionismo. A elegância está na simplicidade respeitosa. Na sua maneira de falar, de agir, de se comportar diante das pessoas, sejam elas quais forem.

Você garota linda, não se esqueça de que não é seu vestido caro e elegante que vai fazer de você uma pessoa elegante, embora ele faça parte de sua elegância. É sua postura que vai dizer quem você realmente é. Sua simplicidade, seu sorriso franco e cativante, sua postura ereta, seu comportamento comedido. Quando você exagera na preocupação com sua beleza, tentando mostrar-se, é porque você não está satisfeita com você mesma.

E quando alguém não está satisfeito consigo não pode se sentir feliz. E não há elegância sem felicidade. Seja feliz, ria, sorria, cante, dance e viva a vida com intensidade, mas com moderação e postura. E esta regra é válida para ambos os sexos. Pense nisso.

*[email protected]