Opinião

Opiniao 20 08 2018 6773

Gestão em colapso – Jairo Martins*

A lei de causa e efeito, além de rigorosa, é no mínimo lógica. E se hoje estamos observando o colapso não só do sistema penitenciário, mas de diversos setores da sociedade, significa que os efeitos sentidos hoje são consequência da precipitação de alguma ou de várias causas, por exemplo, de uma gestão omissa, falha ou mesmo mascarada, há tempos. Não dá mais para “tapar o sol com a peneira”.

Tentaram consertar todos os fracassos de forma paliativa, ad hoc, sem uma visão sistêmica.  Não se pode começar a discutir as saídas, sem um olhar para as causas, quando a catástrofe está instalada. Observamos os terríveis massacres nos presídios de Manaus e Roraima, que nos mostram a situação precária das instalações, o sistema de segurança pública voltado para prender e não para combater o crime organizado, entre tantas outras justificativas ditas no jogo de empurra entre governo federal, Estados e empresas terceirizadas. Gastamos mal, prendemos mal, julgamos mal e soltamos mal.

A gestão profissionalizada é quase inexistente e, do meu ponto de vista, esse é um dos grandes problemas. Para solucionar o caos é preciso organizar a casa. Foi o que o Espirito Santo fez em 2003 e reverteu totalmente a situação do Estado. Foram investidos cerca de R$ 500 milhões na estrutura dos presídios, porém de forma correta, criando principalmente espaços para a inserção de programas de ressocialização com cursos profissionalizantes, ensino e acompanhamento médico. Embora ainda esteja aquém do ideal, o Estado tem hoje a menor concentração de presos do País.

Outro fator bastante interessante foi a preocupação com a educação. Os presos têm o mesmo ensino aplicado na rede pública. Assim, quando saem do sistema penitenciário, têm a opção de se matricular na escola e continuar os estudos. A ação é uma alternativa a qual especialistas analisam e comprovam a diminuição do índice de violência e mortalidade dentro do cárcere.

Há outros exemplos de prisões-modelo como a parceria público-privada das Apacs (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) espalhadas pelo interior de Minas Gerais. Os presos com bom comportamento são escolhidos a dedo e passam por um processo de reabilitação avançado. Enfim, não é preciso reinventar a roda, pois casos de sucesso e exemplos de boas práticas não faltam para que se busque uma solução. O que falta é profissionalismo: mais gestão do que improvisação e politicagem.

Agora é o momento de passar o Brasil a limpo, eliminando as causas do nosso fracasso e não deixar que o assunto caia no esquecimento até que outro colapso aconteça. “Sublata causa tolittureffectus”, ou seja, “suprimida a causa, cessa o efeito”.

*Presidente executivo da Fundação Nacional da Qualidade

Os sonsos do Socialismo – Tom Zé Albuquerque*

O Estado de Roraima está passando pela maior crise social da história. Avolumam-se os problemas, nas ruas, nas portas das empresas, nos abrigos, nas praças e, principalmente, na fronteira do Brasil com a Venezuela.

Sim, a causa disso está na imigração desordenada de milhares de venezuelanos. Estima-se que 80.000 deles já pisaram em solo roraimense, a maioria instalada, e outra parte descendo para os demais Estados. A situação é calamitosa. E contraditória. Qualquer brasileiro sempre passou por crivo visceral pra poder entrar no país bolivariano. Além disso, quem se atrevia a entrar na terra do Chavez era humilhado, extorquido, usurpado. Mas, ao contrário, o bandido de lá pode ingressar lépido e livremente aqui.

O doente daqui não pode cruzar a fronteira de lá; e os venezuelanos, com essa atitude, estão corretíssimos em preservar a saúde da nação, porque isso é dever do poder público. Mas a epidemia de lá, em caráter antagônico, pode ser expandida no Brasil, e validada formalmente pelos personagens do mundo jurídico, sob alegação que o Estado, como Unidade da Federação, não pode intervir por ser competência da União gerir sobre matérias fronteiriças. Nosso país é sempre assim, o distanciamento do mundo real para com os ambientes dos gabinetes e palácios é estratosférico. Os mundos paralelos dentro deste mesmo país raramente convergem.

Tanto assim é que Deputados Federais e Senadores roraimenses (em especial aqueles afagados e afagadores do poder central) emudecem como se nada tivesse acontecendo, como se a eles não coubessea responsabilidade de, pelo menos, atenuar o sofrimento dos seres humanos (brasileiros e muitos venezuelanos de bem) envolvidos nessa terrível contenda. Em época de pleito eleitoral, os melindres são grandes e candidato à reeleição quanto menos se expor sobre problemas sensíveis melhor… para eles. Ocorre que o problema é de toda sociedade a qual elegeu esses mesmos parlamentares, então…

Não há cena mais chocante que ver crianças chorando, esfomeadas, maltrapilhas, penduradas ou rebocadas por seus pais, alguns com aspecto cadavérico. Mas juntamente com essa ala carente, vieram traficantes de drogas, assassinos, ladrões que, por complacência de um país sem ordem nem progresso, se mostra incapaz de filtrar quais os grupos de extrema gravidade e passível de ajuda imediata. Manter fronteira às escâncaras é irresponsabilidade. Resolver um problema para criar outro é leviano.

O mais impressionante é que os “socialistas” brasileiros se acovardam na lama da hipocrisia que se atolam. Defendem a ditadura chavista/madurista, mas trocam Caracas para gozo de suas férias pela Disney capitalista. Escudam um tal socialismo do foro de São Paulo, mas se acobertam no luxo de suas casas e na tecnologia de seus carrões. Bradam em defesa dos venezuelanos, nas universidades e nas audiências públicas com interesses enigmáticos, mas sequer os alimentam ou nunca os acolhem em seus suntuosos lares. E é porque são os irmãos bolivarianos. Ridículo!

A incoerência no agir em relação à fala só incomoda e machuca pessoas sérias. Os esquerdistas brasileiros são primeiramente desonestos consigo, e, continuamente, sua hipocrisia se expande voraz e indistintamente. Enquanto isso os venezuelanos e, milhares de brasileiros, pedem ajuda.

*Administrador

Deselegantes – Antonio de Souza Matos*

Há pessoas extremamente deselegantes, que adoram aplicar descomposturas em público. Criam antagonismos pelo doentio prazer de humilhar os outros.

Não dá para saber o que se passa na cabeça dessa gente. Mas com certeza dá para inferir que são movidas por uma empáfia que as faz desejar ardentemente diminuir os inimigos gratuitos.

Parece que só se sentem bem consigo mesmas se calcarem aos pés uma preciosa vida que lhes atravessar o caminho descuidadamente. Triunfam sobre os ingênuos como se vencessem os mais audaciosos guerreiros da Idade Média.

Agem com uma altivez quixotesca, chamando a atenção para si mesma diante de uma plateia atônita, que veem como comparsa no combate ao oponente que elegeram para massacrar e levar a nocaute. Revestem-se de uma sabedoria animalesca, como se estivessem numa cruzada insana contra pobres coitados que se esforçam para atravessar os vales sombrios da existência.Execram o indivíduo incauto num ímpeto diabólico e sórdido. É como se ouvissem uma voz do infer
no a sussurrar-lhes: “Bravo! Fez muito bem! Ele merecia isso e muito mais!”.

Uma aura malévola as envolve, afastando todo resquício de humildade. Retratar-se?… Pedir perdão?… Jamais. Elas nunca falham. Estão sempre certas na sua insofismável retórica sádica. Brandura… condescendência… não foram incorporadas ao seu vocabulário nem a seu estilo de relacionamento interpessoal. Para elas, não passam de vocábulos que pairam numa dimensão inferior.Os verbos que adoram conjugar estão sempre no modo imperativo: “Faça! Sirva-me! Ajoelhe-se! Reverencie-me!”. Exacerbam-lhe o humor a subserviência, a adulação e a lisonja.

A grande apoteose de suas vidas é o momento em que contemplam, com singular arrogância, outro ser humano em completo estado de rendição, totalmente prostrado e indefeso. Quando veem que o opróbrio se consumou e lançou por terra mais um “imbecil que não merecia nenhum tipo de compaixão”.

*Professor e revisor de textos.

E-mail:[email protected]

Aprendendo a voar – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A águia voa sozinha, os corvos voam em bando, o tolo tem necessidade de companhia, e o sábio, necessidade de solidão.” (Friedrich Rückert)

“O reino de Deus está dentro de nós.” Quando acreditamos nisso não temos por que procurar orientações dos outros para caminharmos. O importante é que saibamos o caminho que devemos tomar para chegarmos onde queremos chegar. Mas temos que cuidar da nossa mente para podermos saber que caminho tomar. Enquanto isso, ficamos parados na encruzilhada esperando o sapo. O que indica que ainda não somos capazes de saber dirigir nossas vidas. O que torna o sapo superior a nós. Que é o que acontece com os que dependem das orientações dos outros para dirigirem suas vidas. Quando seguimos as orientações da Cultura Racional sabemos que o ser humano só aprende com as repetições.

Evolua no seu grau da racionalidade para ser o dono de você mesmo. Porque você nunca será um ser independente enquanto permitir que os outros lhe digam o que você deve ser, e fazer para ser. Seja a águia da sua vida. Mas, saiba que a águia está no seu grau de evolução; assim como você. Mas cada um na sua.

Nunca desista dos seus sonhos. O importante é que você sonhe grande. E sonhar não significa remar nas pirogas da vida. Seja um sonhador e não um visionário. Embora você não deva limitar o tamanho do seu sonho, permita que ele seja coerente na sua evolução racional. E para isso é necessário que conheçamos nossa origem racional.

E não procure isso na submissão. Você tem o poder de encontrar o que realmente quer, dentro de você mesmo, ou mesma. E preste atenção ao Henry Ford: “Se você acha que pode você está certo. Se acha que não pode, está igualmente certo.” Tudo vai depender de suas decisões nos seus planos. Confie em você.

Acredite em você. Seja você no que você é. Porque é assim que evoluímos: buscando em nós mesmo o potencial que temos e não sabíamos que tínhamos. Mas agora sabemos. E se temos, vamos usufruir. Vamos colher, hoje, o que plantamos ontem. Nosso futuro amanhã está na semente de hoje. Simples pra dedéu.

É uma tolice ficar brigando pela igualdade. Quando você briga pela igualdade é porque se sente inferior. Mostre seu valor respeitando-se no que você é, e não no que você quer que os outros pensem e digam que você é.

Não sei se alguém prestou atenção à simplicidade e grandeza daquela faixa estendida na entrada do Museu Nacional de Brasília. Na faixa estava escrito: “Somos todos iguais nas diferenças.” Nada é mais sensato do que respeitar esse ensinamento. Quando respeitamos as diferenças nas outras pessoas nos respeitamos. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460